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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Para entender o PT

Waldyr Senna Batista

Quando o assunto for sucessão municipal, em se tratando do PT ( partido dos trabalhadores), para entender o PT é preciso que, antes, os petistas se entendam. Porque, até agora, tudo o que se divulgou sobre o assunto em relação a esse partido teve a consistência de um bloco de gelo exposto ao sol do veranico montesclarino.
Em Montes Claros o PT é partido diminuto, mas de importância relativa, já que nele está o presidente da República e é expressivo o tempo de rádio e tevê que lhe cabe no programa eleitoral gratuito. Isso conta. Mas, trata-se de grupo dividido e subdividido, sem liderança forte e competente que soubesse aproveitar a onda lulopetista para crescer.
Arremedo dessa liderança está surgindo agora, mas de forma tão imprópria que, em vez de unir, tem provocado mais divisões. Trata-se da influência exercida pelos deputados Virgílio Guimarães ( de Curvelo) e Paulo Guedes ( de Manga), que chegaram anunciando veto ao vice-prefeito Sued Botelho. Essa arrogância dividiu o diretório ao meio, ao ponto de a eleição do seu atual presidente, José Helber Sarmento, haver sido decidida no tapetão, depois de empate na votação.
Mas não ficou só nisso. Na primeira oportunidade em que se reuniu, para estabelecer o posicionamento do partido na próxima eleição, a assembléia derrotou o novo presidente ( e, por extensão, os dois deputados), optando pela permanência do atual vice-prefeito na chapa de Athos Avelino. Ou seja, ficou demonstrado que o presidente não tem o domínio do partido, que caminha em direção oposta à dele.
Depois disso, esperava-se que a executiva do diretório partisse para a retaliação, tentando reverter o resultado quando da convenção que indicará os candidatos. Mas o presidente José Helber surpreendeu, certamente inspirado pelos dois deputados, pronunciando-se a favor da permanência de Sued Botelho na chapa, gesto que poderia ser interpretado como de pacificação, não fossem as críticas ao PPS, que é oposição ferrenha no âmbito federal e aqui atua atrelado ao presidente Lula. Em seguida ele estabeleceu rigorosas condições para a renovação da coligação com o PPS, com prazo de cinco dias para que o prefeito se manifestasse. Sendo negativa a resposta, o presidente consideraria liberado o PT para coligações com legendas da base do governo federal e até mesmo para o lançamento de candidatura própria.
José Helber falava grosso, dando a entender que tinha costas largas. Mas logo se viu que não era bem assim. Integrantes da executiva foram ao gabinete do prefeito Athos Avelino para afirmar que o presidente falava em nome próprio, pois o posicionamento do diretório é pela repetição, sem questionamentos, da aliança com o PPS. Disseram que o presidente agiu “de maneira autoritária, centralizadora e claramente na defesa de interesses de uma minoria dentro do partido”.
Isso deixa claro que, no PT, a divisão não alcança apenas o diretório. Nem os integrantes da executiva do partido falam a mesma língua. O que certamente põe diante do prefeito o problema de decidir com que fração da legenda deverá tratar no momento em que tiver de definir com que partido firmará coligação para indicação do vice.
Aliás, nesse particular, o prefeito Athos Avelino desfruta de posição cômoda, pois tem outras opções para fazer essa escolha. O PTB lhe oferece mais de um nome e dinheiro bastante para tocar a campanha; e o PDT, embora seja legenda de pouca expressão, também pleiteia a vice, indicando o nome de vereador que, como candidato a deputado federal, não se elegeu mas obteve cerca de 12 mil votos na cidade.
Resumo da ópera: o prefeito tem amplas condições de repelir o ultimato e as condições impostas pelo presidente do PT, principalmente as que dariam ao partido, além da vice-prefeitura, as secretarias da saúde, da educação e de ação social que, eleitoralmente, são as jóias da coroa. O preço parece bastante salgado, vindo de um partido de reduzido potencial ( menos de 5% dos votos na eleição passada), dividido e subdividido como o PT.

(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).

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