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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Um rio nacional

Manoel Hygino (jornal ´Hoje em Dia´)

Quem te viu e quem te vê! O terceiro rio mais poluído do Brasil é, nada mais, nada menos, que o das Velhas, de longo percurso também na história do Brasil; em que se capta substancial volume da água consumida em Belo Horizonte, como Juscelino, presidente, formalizou numa reunião no Catete, presentes representantes do Executivo e do Legislativo da capital mineira.
No lugar denominado Bela Fama, extrai-se água, que passa sob a Serra do Curral, sendo aduzida ao grande reservatório do Morro Redondo, previsto para receber 30 milhões de litros, mas que ficou mesmo em 24 milhões. Por causa disso, dessa solução, Belo Horizonte não morreu de sede em momento crítico.
Agora o IBGE revela o índice de poluição do Rio das Velhas só superado pelo Tietê, em São Paulo, e o Iguaçu, em Curitiba. O trecho mais contaminado é o localizado entre os rios Jequitibá e Itabirito.
Ele nasce em Ouro Preto e corre até o São Francisco, desaguando na localidade de Barra do Guaicuí, um formoso local, com um templo católico raríssimo, em cujas paredes cresceu uma também belíssima árvore. Seu itinerário por Minas é o mais extenso de toda a bacia do Chico, que foi santo e beneficia grande região das Minas.
Pelos dados do Instituto, Minas Gerais está no topo dos estados que mais usam fertilizantes por hectare plantado, vetor de contaminação de lagos e cursos d’água. Não é tudo: é a umidade brasileira incluída entre as dez com maior número de queimadas no país.
Não nos ufanamos.
O Rio das Velhas está no coração de Minas... e dos mineiros. Deixou saudade a muitos, embora também marcasse a vida de famílias pelas tragédias causadas na época de enchentes, com bens destruídos e vidas perdidas.
Serviu de competição à gurizada de outros tempos, e ouvi do desembargador Hélio Costa, que - criança - saudou o rei Alberto, em visita a Minas, alguns casos. Daqueles que se apegam definitivamente à memória.
O Rio das Velhas, poluído mas ainda sumamente útil às populações ribeirinhas, já foi navegável. Há fotos excelentes de velhas embarcações, importadas dos Estados Unidos, ancoradas em Sabará, ponto de referência da grande artéria fluvial.
Descendo, o rio se incluía na crônica das regiões percorridas. Luiz de Paula Ferreira observa que, em sua cidade natal, Várzea da Palma, havia dois referenciais: a estrada de ferro, que era a Central do Brasil, e o rio. Corriam paralelos, distanciados cerca de um quilômetro um do outro. No espaço entre eles, crescia o povoado, de que trago lembranças amáveis.
O empresário-escritor comenta que a ferrovia era o veículo do progresso, a civilização. O rio era o grande parceiro das atividades rurais, e produzia peixes para a população.
Ali, personagem vivo das histórias de Luiz de Paula, havia criança que parecia nascida para viver no rio. Sozinha, aprendia a nadar, mergulhar, remar e pescar. Muitas se tornavam pescadores, ao invés de se encaminhar a outros ofícios.
Há os que, desde cedo, conheciam as manhas do rio. Onde se localizavam os remansos e as correntezas. Pelo ondular da águas, identificava os cardumes e, ali, atirava a tarrafa ou espalhava as redes.
Praxedes enfiava a mão na água e percebia a temperatura. Auscultava a força e a direção do vento. Mirava a superfície das águas. Conversa em voz alta espantava os peixes. E das pescarias, sobrava sempre o que contar. Ainda sobra. Mas a água está poluída e os peixes desaparecendo.

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