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Mensagem: 10/06/08 - 11h47´Do outro lado da nossa municipal cordilheira agoniza parte da história de M. Claros. De maneira perversa, arrogante, injusta. Em nome da natureza não contemplada, vimos, golpeou-se a história. Mais grave: em nome dela, mutilam-se pessoas que de todos só merecem aplausos. (...) Não se faz o futuro desta forma, esmagando o passado de muitas lutas. Não, não podemos concordar´ Lendo o canoro protesto contra o que fizeram contra este múltiplo patrimônio de M. Claros que é a Fazenda das Quebradas, aconteceu-me um fato no mínimo surpreendente. E curioso. Meu filho, aluno de uma das escolas da cidade, faz trabalho sobre ´O Seminarista´, livro do grande escritor mineiro Bernardo Guimarães, nascido e desaparecido na cidade de Ouro Preto, nos anos de 1825 e 1884. Foi juiz em Catalão, Goiás, e além de notável romancista e poeta teve ainda a glória de o poeta Alphonsus de Guimarães, seu parente, apaixonar-se perdidamente por sua filha Constança, morta na juventude, de tuberculose, fato que marcou e remarcou toda a poesia de Alphonsus, patrono da Academia Mineira de Letras.Meu filho, leitor atento, e que conhece a Fazenda das Quebradas, veio correndo mostrar-me que a descrição da primeira página é assemelhada reprodução do local da sede da fazenda. Quem conhece este lugar, ou quem já o viu de fotos, poderá constatar. Fica a pergunta: terá o grande romancista visitado M. Claros e a Fazenda das Quebradas? Pode ser que sim. A descrição do local é muito aproximada, antes da construção da sede que hoje resiste, em 1876. Quase um retrato desta soberba natureza. Mando até um quadro da extraordinária pintora M. Claros, dona Lourdes Pimenta, da Fazenda das Quebradas, para que revejam o local e notem-lhe as semelhanças com o chão descrito por Bernardo Guimarães, no longínquo ano de 1872. Com ele, a palavra, para descrever o que julgo ser este nosso lugar especial, e que no momento passa por um doloroso transe, de grande sofrimento para a família que durante séculos bem cuidou daqueles campos:´O SeminaristaBernardo GuimarãesA uma légua pouco mais ou menos, da antiga vila de Tamanduá na província de Minas Gerais e a pouca distância da estrada que vai para a vizinha vila da Formiga, via-se, há de haver quarenta anos, uma pequena e pobre casa, mas alva, risonha e asseada. Uma porta e duas janelinhas formavam roda a sua frente; a um lado, por baixo de uma figueira silvestre, que a sombreava toda com sua vasta e copada ramagem, via-se uma outra janelinha guarnecida de balaustres de madeira. Estava esta casinha situada embaixo de uma colina de pendor suave, aos pés da qual se desdobrava delicioso vargedo coberto de rasteiro e viçoso capim, e sombreado aqui e acolá por algumas paineiras e sucupiras. O vargedo era terminado por uma estreita orla, por baixo de cujas moitas despidas um córrego escondia seu curso sereno e preguiçoso. Um estreito caminho partindo da porta da casa cortava o vargedo e ia atravessar o capão e o córrego por uma pontezinha de madeira fechada do outro lado por uma tranqueira de varas. Junto a ponte de um lado e outro do caminho viam-se duas belas e corpulentas paineiras, cujos galhos entrelaçando-se no ar formavam uma linda arcada de verdura, que dava entrada para alem da ponte a um extenso rincão coberto de suculenta e vistosa pastagem. Lá no fundo da valada, onde ia morrer o rincão entre duas linhas de espigões, desenhavam-se ao longe em fundo luminoso e pitoresco as casas, os currais e os tufados pomares de uma linda fazenda.´
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