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Mensagem: Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 22)PIRAPORA – AQUARELA DO PASSADO(Retrato falado de uma época)Pirapora da belezadas praias do São Francisco, das moças de olhar arisco,do peixe bom sobre a mesa.Deste vale és a princesapor direito e tradição.O amor é teu brasão,teu convívio é lealdade.Pirapora da amizade,flor cheirosa do sertão.Sou filho deste torrãoe relembro seu passado.Chico Freire, delegado,o Crispim da estaçãoe o homem do pão é pãoa tocar sua buzinae a cantar em cada esquinaos versos do pão melhorque ainda trago de cora cantar no coração. Os Ramos e os Nascimento,a chegada do vaporo café “Paz e Amor”já “hippie” naquele tempo.Num vôo de pensamentoa alma se engalanae se a mente não me enganafecho os olhos e revejoa trabalhar no Varejoo Zeca e o Paulo Santana.E o Grande Barateiroseu Salomão Abdallaa vender em alta escalafaturado e a dinheiro.José Maia, hoteleiro,seu Raimundo, coletor,Mestre Violão, professor.E na rua das Pitombeirasvoando de asas ligeirasas mariposas do amor.Em tempo de jabolãoo Bernardino soldadocorria por todo ladonos meninos tendo a mão.E nas noites de São Joãonunca vi tanta fogueira,esta Pirapora inteirade luzes se enfeitavae o foguetório espoucavaanimando a brincadeira.Domingo depois da missamoças andando na praçarapazes fazendo graçae passeando na liça.O jovem Felix Batistade olhos claros e francosdo alto de seus tamancosandava a cidade inteiracom a loteria mineiraa vender bilhetes ... brancos.Hotel Internacional,Hotel Maia, Hotel Lima,e lá na Rua de Cimahavia a Pensão Ideal.Nesse tempo o carnavaljá era a festa do povo.Só de lembrar me comovode como o povo vibravae todo mundo se abraçavanas vésperas do Ano Novo.O futebol era quentee o ingresso era de graça.Em qualquer campo na praçadomingo era assim de gente.O juiz era pra frente:- calça-pé era legaltambém o salto mortale as entradas de sola.Pênalti era mão na bolasó em jogo oficial.O comércio era animado.Me lembro do Bar do Dantede movimento constantepelos jovens freqüentado.O Trapiche, no atacado,Pedro Jorge no balcãoe o senhor Salomãovendia no Park-Royalseu estoque sem iguala preços de ocasião.Tinha o bar do Zé Batista,a padaria Carvalho,casas de peixe e de talhovendiam a prazo e à vista.Zé Isidro, maquinista,Modestino, Cassiano.Nas ruas, mingau baiano.E havendo circo na praçaa gente entrava de graçapassando por baixo do pano.Seu Geraldo e a bandinhaque tocava nas paradas,nas retretas e alvoradase a todo mundo entretinha.Uma outra lembrança minhaé do senhor João Medeiros.Era o rei dos leiloeirosno mês de maio e novenas- reminiscências amenasdaqueles tempos fagueiros.O seu Arthur Nascimento,correspondente do banco,ofertava crédito francoa juros de um por cento.Grande era o movimentona empresa Viação.Nessa mesma ocasiãodona Clara e Ernestinapossuíam uma cantinana Praça da Estação.José Álvares, escrivão,seu Raimundo, coletor,dois cidadãos de valorem todo o Grande Sertão.Em tempo de eleiçãoera enorme o movimentoem torno do grande evento.O povo se animavae até defunto votavanos Ramos e nos Nascimento. Doutor Rodolfo Mallardgrande médico e cidadãoe o Nestor, seu irmão,também figura exemplar.É justo aqui destacarNelson Cota, estudante,Sancho Ribas, comerciantena praça conceituado.E doutor Duque, advogado,na política atuante.Targino Lima compravacouros de boi e mamona.Juca era o rei da sanfonana Fazenda Canabrava.Seu Pedro Nunes gostavade pescar de anzol no rio.Nas tardes calmas de estiosempre era visto na ponte.Nos trens de Belo Horizontemulher de todo feitio.Quincas Ramos, boticário,com farmácia na esquina,com sua pesada batina,Frei Jorge, santo vigário.Em dia de aniversárioPirapora era uma festa.Tinha batuques, seresta,Banda de Música, rojão.E danças de pés no chãona fazenda da Floresta.Pedaços de Pirapora,aquarela do passado,amor profundo, guardado,a reviver nesta hora.Adeus, que já vou-me emboraoh! Mais terna das cidades- oásis nas tempestadesque ficaram para trás.Contigo eu deixo a paz,comigo ... levo saudades.(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)
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