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Mensagem: UM EDIFICIO DE 25 ANDARESJosé Prates Alguns comentários no moc.com., nos dizem da insatisfação ou discordâncias de algumas pessoas, na construção de um edifício de vinte e cinco andares na cidade. Ora, em nosso país, como em quase todo o mundo, estamos sob o regime capitalista e dentro desse sistema a concepção de cidade foge do sentimentalismo e o que a ela se refere, quase sempre tratado como “questão urbana”, não passa de comércio com seu sistema de troca, transformando cada individuo em comprador/vendedor. Nesse sistema, a base é a mercadoria objeto de venda e de compra, girando o capital. O edifício é uma mercadoria exposta à venda ou à troca, como nós próprios, querendo ou não, nesse regime assumimos a condição de mercadoria, ao por à venda nossa capacidade e disposição de trabalho. Isto é próprio do sistema. Nessa perspectiva, a cidade - sobretudo a cidade contemporânea, capitalista - é compreensível e explicável pela lógica da mercadoria. Cada um de seus espaços representa uma possibilidade singular de vir a ser mercadoria, nos sucessivos instantes que a história configura, sempre cambiantes e sempre imbuídos do mesmo caráter mercantil. Cada espaço é uma propriedade negociável como mercadoria. . Ai, então, é que a cidade é vista e tratada como sucessão e contigüidade de espaços a abrigar e conter conjunto de pessoas com relações entre si, formando comunidades, que dividem a espacialidade urbana. O espaço é indispensável ao abrigo e acomodamento da família membro. É mercadoria de primeira necessidade. A população cresce, novas comunidades surgem e aumenta a procura. Se a procura é maior que a oferta, há de se proceder à busca de mais espaço para satisfazer o mercado. Se não há espaço horizontal disponível para atender à demanda, o espaço vertical totalmente disponível é invadido, com a construção de edifícios altos. Isto acontece em todos os lugares do mundo onde chega o progresso. É o preço que paga os moradores dos grandes centros. O crescimento da cidade, em decorrência do progresso, explica-se como crescimento da forma mercadológica, assumindo novas roupagens, dando a impressão de avanço no tempo. Isto atrai pessoas e a conseqüência é o aumento populacional, exigindo mais espaço. A cidade assim entendida é, por conseguinte, um contínuo espacial que se assenta na forma mercadoria, ou é passível de nela se assentar. A rigor, a cidade pressupõe a sobrevivência de outros modos de produção, não-capitalistas, e de relações não-mercantilizadas entre os homens. Mas, como padrão de referência e de aferição, as categorias do capitalismo sobrepõem-se a qualquer outra e tornam ´vendável´ qualquer extensão do espaço urbano. Mesmo os espaços chamados de santos ou sagrados tornam-se vendáveis. Lembre-se que em 1951, nessa mesma Montes Claros, o velho cemitério foi loteado, não escapando à filosofia capitalista. O que ocorre hoje, com a invasão do espaço vertical. é uma conseqüência natural do desenvolvimento comercial da cidade que exige mais espaço para abrigar novos residentes ou abrir espaço para novos escritórios que tratam de empresas que chegam. Não se pode e nem se deve frear o desenvolvimento econômico, mesmo que as suas exigências nos sejam incômodas. Não é de hoje que Montes Claros cresce, que se desenvolve comercialmente e culturalmente. Vamos respeitar sua vocação de grandeza e considerá-la grande; vamos tratá-la como metrópole que necessita de arranha-céus para abrigar toda essa gente que chega trazida pela progresso. Vamos pensar grande, porque nossa querida Moc nunca pensou pequeno.(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal, percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a família. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente adido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)
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