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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 18 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Montes Claros é Assim

Ruth Tupinambá Graça

Em 1986 eu lancei o meu livro “Montes Claros Eram Assim”. É um livro de reminiscências, lembranças e Histórias de nossa antiga Montes Claros. Era uma cidade pacata, tranqüila, poucos habitantes que viviam felizes como uma só família mineira. O Francisco Azevedo (amigo do meu filho) residente no Rio de Janeiro, lendo o meu livro fez esta observação:
“Dona Ruth li o seu livro, gostei muito, mas ele trouxe-me um grande problema”. Fiquei assustada e perguntei-lhe: O que aconteceu?
- Eu queria muito conhecer Montes Claros.
- É muito simples, têm avião todos os dias. Ele retrucou com uma risada.
- Eu queria conhecer a Montes Claros antiga, tão decantada em seu livro e que toda a população era feliz, sem grandes ambições. Havia muita alegria nos acontecimentos mais simples, valorizavam o que a cidade possuía, longe do atual consumismo exagerado, da vaidade, do egoísmo e da ganância.
- Meu caro Francisco, o seu desejo é impossível se realizar. Aquela Montes Claros não existe mais. Ele então me sugeriu que eu escrevesse um outro livro: “Montes Claros é assim”.
Acho difícil. Eu cresci juntamente com Montes Claros e pude acompanhar todos os seus acontecimentos e todas as alegrias. Mas agora eu não tenho mais aquele “pique”. A cidade cresceu muito e ninguém mais a segura. “A Princesa do Sertão” é agora “Rainha do Norte de Minas”. Montes Claros desenvolveu assustadoramente, sobre todos os aspectos: Social, político e religioso, educacional, físico e arquitetura é outra.
As presunçosas avenidas rasgaram as pequeninas ruas. Surgiram os Bairros por todos os lados. Edifícios subiram como num “passe de mágica”, com apartamentos luxuosos e confortáveis. Os antigos largos, sem nenhuma decoração arquitetônica transformaram-se em bonitas Praças, com jardins bem planejados, A poeira das ruas (que tantas vezes atolei os pés brincando no Largo da Matriz) desapareceu. O asfalto chegou sem cerimônia acintosamente cobriu o calçamento á “pé de moleque”, em todos os pontos da Praça Dr. Chaves (antigo Largo da Matriz) que foi a “Célula Mater”. Onde nossa cidade começou, quase nada mais existe. Aquelas casas Coloniais pequenas, de telhados enegrecidos e mofados pelo tempo e chuvas, agarra umas as outras (que pareciam estar cochichando) deram lugar ás butiques, lanchonetes, agências, lojas de grande porte.
O Coreto antigo, onde a Banda Euterpe Montesclarense tocava todos os domingos anpits (ponto de encontro das famílias) não existe mais. Restam poucos sobrados para nos lembrar o esforço, o trabalho e dedicação daqueles homens valorosos e das famílias tradicionais que ali viveram, sonharam, sofreram e lutaram pelo desenvolvimento de Montes Claros e que nos deixaram uma nobre descendência da qual tanto nos orgulhamos: a família do grande Cônego Gonçalves Chaves. Dos Prates, Costa, Guimarães, Teixeira, dos Anjos, Veloso, Câmara, Mendonça, Tupinambá, Versiani, Alves Mauricio, Ferreira de Paula, Ribeiro Pimenta, Machado, etc.
Ao invés dos carros de bois, com suas grotescas rodas de madeira, que sulcavam as ruas desertas e espalhavam no ar os seus cantares lamuriosos , hoje os automóveis modernos luxuosos, num colorido brilhante e apaixonante entopem as ruas, espremendo os pedestres nos passeios estreitos. Milhares de motos, paixão dos adolescentes, entopem as ruas (provocando acidentes) julgando-se “donos do pedaço”. As antigas ruas Dr. Veloso, Camilo Prates, Dr. Santos, São Francisco não são mais aquelas tranqüilas, onde as famílias residiam, se entendiam, se comunicavam e viviam felizes. Estas ruas viraram Super mercados, entupidas de lojas, centenas de Lanchonetes e Sorveterias Agencias Bancárias, Drogarias etc... Hoje todas as famílias se mudaram para os Bairros e as mais ricas, para os luxuosos Condomínios Fechados nas mais belas mansões.
Na Rua Dr. Santos existe apenas uma casa habitada por uma família. A casa do Dr. Luiz de Paula. Só ele persiste em meio a este torvelinho comercial. Mas eu tenho certeza que, com a sua alma poeta, sua sensibilidade á flor da pele, ele fecha os olhos e sonha com a “Vovó Centenária”, de nobre passado, lutas e glórias e tantas belezas e sente saudade da antiga RaD r. Santos.
Na área da educação Montes Claros fazendo grande sucesso, principalmente com a Unimontes, que já é considerada uma das melhores Universidades do nosso Estado.
Eu fico pensando porque nossa cidade, com tanta riqueza e belezas naturais, tanto esforço e dedicação dos seus filhos, vive um momento tão angustiante? Tem todas as características para ser a melhor cidade do Estado e vive atualmente um drama de violência, crescendo diariamente o numero de assassinatos, parece cidade sem dono, porque tanta vingança na luta pelo império das drogas?
Classificada como a cidade mais violenta de Minas Gerais, principalmente por causa dos assassinatos, que acontecem diariamente deixando toda população preocupada e desesperada. Só em 2007, 79 pessoas foram brutalmente assassinadas em diferentes circunstancias e situações. Muitos assaltos durante os quais 10% perderam a vida, crimes passionais e até casos de abuso sexual (estupros) causando revolta a população. E o que é mais triste é constatar que a maior parte das vitimas não chegaram aos 25 anos.
È a juventude barbaramente assassinada. Como explicar a razão de tanta violência? E porque na nossa cidade? Existe um desequilíbrio qualquer... Culpa de quem? Dos governantes, pela displicência? Da policia que não age como devia? Dos montes Clarenses? Dos professores, das faculdades, das escolas que mal preparam a juventude? Sabemos que o trafico de drogas é responsável por 70% dos crimes. A demônios na cadeia. Meu Deus! Tem que haver um jeito. Não podemos cruzar os braços e deixar o “circo pegar fogo”. A esperança é que ainda existem alguns deputados da nossa região que trabalham para resolver alguns problemas, que são muitos. Vamos apostar e pensar que dias melhores virão e que todos juntos conseguiremos dar um basta nestes traficantes que usam e abusam das armas.
É isto ai, minha querida Montes Claros. Você é uma grande cidade, mas poderia ser maior e mais respeitada. Você está na “berlinda” e precisando de ajuda. Dê um grito de “SOS” e ponha todos para trabalhar.
Eu fico (de perto) torcendo... Por você!

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