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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 20 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Sei que este acreditado Mural de vocês não gosta de mensagens grandes. Mas envio esta reportagem do jornal Gazeta Mercantil, de S. Paulo, deste 9 de julho, que fala de uma indústria que nasceu em M. Claros, embora hoje esteja se espalhando pelo mundo. É legítimo que a cidade e os funcionários e demais colaboradores saibam de tudo que se relaciona a ela. Daí, a minha iniciativa. É útil, creio.

São Paulo, 9 de Julho de 2008 -Coteminas define estrutura da Springs e inicia expansão - Dois anos após o anúncio da fusão de operações da Coteminas com as da parceira norte-americana Springs Industries, a companhia brasileira finalizou, no primeiro semestre de 2008, a reestruturação produtiva das atividades que foram agregadas na Springs Global. Vencida a primeira etapa, a Coteminas parte agora para melhorar os níveis de rentabilidade da operação e concretizar os investimentos na Europa e na Ásia, estudados já há algum tempo.
O resultado da reestruturação refletiu no balanço da Coteminas, que em 2006 registrou queda de 53,2% no lucro líquido, para R$ 47,7 milhões e, em 2007, prejuízo de R$ 257,59 milhões. No primeiro trimestre deste ano, entretanto, os números já voltaram para o azul, chegando a R$ 5,49 milhões de lucro líquido. A Springs Global teve prejuízo de R$ 429 milhões no ano passado e no primeiro trimestre deste ano registrou lucro de R$ 1,27 milhão, segundo informações à Bovespa.
Entre as ações que refletiram no desempenho da empresa - dona de cerca de 60% da Springs Global - está a transferência de 10 fábricas norte-americanas para operações latino-americanas da companhia, principalmente no Brasil. Condição indispensável para garantir melhores resultados diante da menor competitividade da Springs Industries para enfrentar o mercado globalizado.
As marcas e clientes incorporados com a aquisição, no entanto, garantiram para a Coteminas forte presença no mercado norte-americano, no qual a concorrência se acirrou com o fim das cotas que limitavam as compras de cada país e a baixa no valor do dólar.
Fortalecida, a companhia estuda agora como avançar no processo de globalização. Em entrevista à Gazeta Mercantil, o presidente da Coteminas, Josué Gomes da Silva, disse que deve anunciar em breve a esperada entrada na Europa. Também afirmou estar em fase avançada de análise a instalação de uma unidade na Ásia, provavelmente no Egito, para a produção de lençóis. Segundo fontes do mercado, China e Vietnã já passaram pela análise da companhia. No Brasil, a empresa inicia este mês a produção de travesseiros na região Sul, com tecnologia da Springs e já avalia uma segunda unidade para o Nordeste. A seguir os principais trechos da entrevista
Gazeta Mercantil - A Coteminas adquiriu a Springs em 2006 e iniciou a reorganização produtiva. Este trabalho foi concluído?
Tínhamos uma tarefa enorme a executar, com toda realocação das unidades industriais dos Estados Unidos para a América Latina e todo esse processo foi concluído agora. Mas o trabalho precisa ser contínuo. A Coteminas, que sempre foi lucrativa, enfrentou uma mudança de cenário e teve prejuízo.
Gazeta Mercantil - Quais os motivos?
Estávamos com uma empresa nos Estados Unidos, cujos ativos são muito valiosos, principalmente as marcas e a participação no mercado. Mas, naturalmente, era uma estrutura de produção com custos incompatíveis com a economia globalizada. De certa maneira era prevista desde aquela fusão a necessária transferência dessas unidades para o Brasil, Argentina e México. Esta previsão tinha sido feita quando anunciamos a fusão e levou um pouco mais de tempo do que o estimado, de um ano e meio, mas foi completada com sucesso. A lucratividade dos negócios da Companhia de Tecidos Norte de Minas nas atividades brasileiras continua nos patamares anteriores.
Gazeta Mercantil - Dentro da nova companhia, qual o peso dos negócios no Brasil e nos EUA?
Os negócios no Brasil se tornaram menores em comparação com o total da empresa. E isso ocorreu porque compramos essa participação no mercado americano, que é excepcional e representou só no ano passado 70% das nossas vendas. Houve uma alteração muito grande dos mercados em que a companhia atua. A Coteminas tem duas empresas controladas por ela. Uma é a Santanense, de índigo, brins e tecidos profissionais. Outra é a Springs Global, a principal parte da Coteminas, que, na verdade, em matéria de ativos e vendas, é a maior empresa do mundo em artigos de cama, mesa e banho, com operações no Canadá, Estados Unidos, México, Brasil, Argentina, Índia e China. Dentro da Springs Global podemos dizer que existem alguns negócios diferentes em áreas geográficas. Um deles é a operação brasileira, onde a empresa é líder de mercado, com vendas crescentes e uma linha de produtos que vai do primeiro preço ao produto mais sofisticado, seja para quarto, seja para banheiro. E esta situação permanece inalterada. A operação americana, que adquirimos na fusão, era deficitária, mas não foi a situação não mudou da noite para o dia. Tivemos de reestruturar toda a empresa, cortando custos administrativos e reduzindo sua estrutura produtiva nos Estados Unidos. Não que as fábricas fossem ruins, eram modernas. Mas a estrutura de custos impedia a produção de maneira competitiva naquele mercado para aqueles produtos, e assim acabamos tendo de realocar a fábrica.
Gazeta Mercantil - Quais as dificuldades?
Mão-de-obra, alguns insumos, energia. Sabemos que a indústria americana hoje é de alta tecnologia. Praticamente não se fabrica mais nos Estados Unidos produtos que têm conteúdo de mão-de-obra mais elevado. Quase todos os artigos confeccionados vendidos lá são importados. E a empresa que adquirimos ainda possui uma base industrial muito grande por lá. O processo de fechamento das unidades, e deslocamento das máquinas, tem custos elevadíssimos que foram lançados como despesa. Não fico feliz em dizer isso mas reduzimos o número de postos (de trabalho) no mercado americano em mais de 8 mil pessoas. Houve custos de rescisão, todo custo de deslocamento destes equipamentos (desmontagem, remontagem), além das próprias perdas de produção que ocorreram nesse período e acabaram afetando os custos unitários de produção - em 2006 foram R$ 58 milhões de provisionamento para despesas de reestruturação e em 2007 mais R$ 42,3 milhões.
Gazeta Mercantil - Quantas fábricas foram deslocadas?
Foram 10 unidades divididas entre o Brasil, Argentina e México, mas mantendo a mesma capacidade de produção inicial. Reduzimos enormemente dois custos importantíssimos: custos fixos de produção, com eliminação de 10 unidades industriais nos Estados Unidos e menor custo unitário, com a racionalização da produção, que deslocou a produção de uma fábrica para várias outras.
Gazeta Mercantil - Como foi feita essa distribuição?
Considerou a infra-estrutura disponível. Sempre crescemos a taxas aceleradas e mantivemos infra-estrutura nas unidades industriais preparadas para crescimento rápido. A indústria têxtil é caracterizada por unidades industriais grandes em função da economia de escala. Por exemplo, em uma única tecelagem nossa, que talvez seja a maior do mundo, em um único salão estão 870 teares. Sempre tivemos infra-estrutura predial de instalações, mantendo um layout adequado porque como são várias etapas no processo produtivo o layout que flui corretamente é muito importante. Os transportes internos são inúmeros e é uma atividade que não acrescenta qualquer valor à produção. Por isso, quando se cria um layout inadequado aumenta-se muito os custos. O que fizemos de deslocamento é uma loucura, 10 fábricas em um ano e meio. Nunca ninguém fez isso no mundo. O volume de trabalho gigantesco só foi possível no tempo em que foi feito devido à infra-estrutura que temos no Brasil e na Argentina. Só em teares foram mais de 1,3 mil. E trouxemos fiações num volume equivalente, acabamento equivalente, confecções equivalentes.
Gazeta Mercantil - E qual o custo para a Coteminas?
O demonstrativo de resultado que apresenta as perdas é eminentemente referente ao custo de transição. Todos os custos foram lançados como despesas. Só de custos de rescisão (trabalhista) foram mais de US$ 150 milhões. No transporte, são dois teares por contêiner, só de teares são mais de 650 contêineres, mais algo parecido em fiação. Provavelmente chegamos a 2 mil contêineres. Cada um custa US$ 3 mil. Era parte do preço da aquisição dos ativos mais valiosos da empresa, que são a marca e a liderança do mercado norte-americano e que, apesar das dificuldades econômicas que passa, ainda é o maior mercado do mundo. Uma economia muito dinâmica e flexível que as vezes tem momentos de maior desaceleração, mas nunca entrou em processos crônicos de estagnação. Sempre se recupera com velocidade, diferente de países asiáticos como o Japão ou de países europeus, tendo em vista a flexibilidade do mercado de trabalho e da própria estrutura econômica.
Gazeta Mercantil - E quanto a companhia vai economizar com as sinergias?
Só as despesas gerais, que representavam US$ 220 milhões por ano, quando adquirimos a empresa, caíram para US$ 90 milhões. Isso tudo com a integração de várias unidades e criação de plataformas compartilhadas de serviços, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, com menor despesas administrativas e de vendas. Outra parte deve-se ao corte de custos e ganhos significativos com sinergias.
Gazeta Mercantil - O que ficou nos EUA?
A Springs é líder no mercado dos Estados Unidos e Canadá, onde temos marcas de mais de 160 anos, como a Wamsutta. A empresa é a maior fornecedora de cama e mesa para o varejo. Ficaram lá fábricas de produtos cujos custos de transportes são intensivos. Somos líderes em travesseiros, que é um produto cujo volume é muito alto e não se trabalha nem com estoques de produtos acabados porque é muito espaço demandado. Além disso, o produto tem um processo de armazenagem, manuseio que não agrega valor, por isso ficaram. A linha de travesseiro é líder, possui três unidades industriais, nas três regiões diferentes: Oeste, Centro e Leste. Ficaram também nos Estados Unidos unidades ligadas a tapetes de banheiro, em que o valor da mão-de-obra unitária é relativamente baixo e o país é muito competitivo na matéria-prima, o náilon. Ficaram 7 unidades industriais, também de edredons. Ficaram não só nos Estados Unidos, como também Canadá e México
Gazeta Mercantil - Agora vocês estão entrando com uma linha de travesseiro no Brasil também?
Entramos em teste na semana passada e vamos começar a fornecer ainda em julho. A fábrica está localizada em Santa Catarina, com capacidade para produzir 5 milhões de unidades. Mas neste caso não se trata de realocação de equipamentos, o maquinário é novo. Tem uma tecnologia diferenciada, que veio da Springs. Vamos ver o desempenho do mercado. Inicialmente deverá atender as regiões Sudeste e Sul. Depois, planejamos uma outra unidade no Nordeste. Nos EUA, a Spring faz cerca de 70 milhões de unidades.
Gazeta Mercantil - Qual o mercado no Brasil?
Achamos que é em torno de 30 milhões de unidades. Existe uma sinergia natural com os produtos das marcas Santista e Artex, com as quais comercializaremos os travesseiros. É uma ampliação do leque de produtos. Nos Estados Unidos, a estimativa é de que o mercado seja de quase um travesseiro por habitante ao ano. No Brasil estamos falando de um sexto disso, portanto o mercado brasileiro tem amplo potencial de crescimento.
Gazeta Mercantil - E quanto foi investido nesta nova fábrica?
Os investimentos totais da companhia no ano passado foram de R$ 150 milhões e este ano também deve ficar novamente em R$ 150 milhões.
Gazeta Mercantil - No total da empresa, qual a capacidade de produção no Brasil?
Temos capacidade no Brasil e na Argentina de 60 mil toneladas de toalhas por ano, 180 milhões de toalhas/ano em unidades. O mercado brasileiro total, Brasil e Argentina, é de 35 mil toneladas.
Gazeta Mercantil - A empresa avaliava investir na América Central. Há ainda a intenção em construir uma fábrica na região?
Estávamos analisando para índigo e camisetas. De fato é uma região que tem tido significativo crescimento da indústria têxtil e de confecções devido aos acordos de livre comércio. Atualmente, estamos olhando mais investimentos na Ásia, no Oriente Médio, mais especificamente o Egito, que é um país com condições excepcionais hoje. Organizado, amigo, hospitaleiro , muito bem localizado, do ponto de vista geográfico, tanto para o atendimento da Europa, dos Estados Unidos, e dos países de língua árabe, que até em função do petróleo têm taxas de crescimento excepcionais. Além disso, o Egito tem matéria-prima de excelente qualidade, que permite produtos de maior valor agregado. O Brasil também tem um trabalho importante com o selo Pure Brazil Cotton, que garante práticas sustentáveis em toda cadeia, com critérios rígidos e conceitos de sustentabilidade social e trabalhista.
Gazeta Mercantil - Isso tem retorno?
Na Europa faz uma diferença significativa e nos Estados Unidos o tema sustentabilidade começa a ter mais atenção a ponto de cadeias excepcionais como o Wal-Mart abraçarem a causa. E o Brasil nesse aspecto tem uma vantagem enorme sobre os asiáticos. Primeiro a matriz energética brasileira é de energia renovável em percentuais elevadíssimos.
C5(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 1)(Luciana Collet e Rita Karam)

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