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Mensagem: Sopa de letrasWaldyr Senna BatistaPara colocar sua campanha nas ruas com tranqüilidade, o deputado Rui Muniz terá de, antes, tapar os furos que ela apresenta, pelos quais poderão escoar votos preciosos.O grande rombo está no PSDB, onde a desaprovação ao seu nome é quase total, ao ponto de o partido ter se recusado a lançar o candidato a vice e em cujo núcleo haveria até ameaças de contestação judicial. Na prática, a coligação anunciada serviu apenas para legalizar o lançamento de chapa para a eleição proporcional. No DEM, o partido do candidato, também há restrições não tão acintosas ao nome dele, em setores importantes. O quadro sugere, pelo menos, o pequeno envolvimento das duas legendas na campanha.A tudo isso – que não é pouco – soma-se a fragilidade dos demais componentes da coligação: o PDT, que deu o vice, Sebastião Pimenta, depois de longo cortejo por outros endereços, e o PR, criado pelo próprio candidato para funcionar como estepe, na eventualidade de ele ficar sem legenda para a disputa. Presidido por sua mulher, Raquel Muniz, o partido soma quase nada, porque o suposto acréscimo é computado automaticamente.Tudo contado e medido, a avaliação é de que o candidato inicia a corrida fragilizado. Entretanto, essa montagem de consistência duvidosa proporcionou-lhe pelo menos duas vantagens. Uma, importante, que é a maior fatia de tempo nos programas de rádio e televisão: e a outra, apenas aparente, que é a de passar a contar com a maior bancada na Câmara municipal, com seis vereadores. A vantagem é apenas aparente porque nada impede que quase todos os seus representantes, apesar de estarem na oposição, continuem votando a favor da administração a que a maioria esteve atrelada sempre e a cujo ninho retornará se o prefeito for reeleito.Essa falta de compromisso ideológico e partidário foi a marca da composição dos três grupos que lançaram candidato a prefeito. Tudo funcionou em termos pessoais, desde que houvesse garantia de vaga na chapa proporcional. Assim é que as chapas montadas descaracterizam os partidos, havendo pouquíssima semelhança com o que teoricamente se possa ter como ideologia. Situação que, de resto, prevalece em todo o país.Os grupos que se juntaram não deixam dúvidas quanto a isso: Athos, do PPS, ficou com PT, PSB e PSC ( a surpresa da temporada, pois chegou a lançar candidato próprio a prefeito e, antes, esteve conversando com os demais e, ao que consta, já assumiu uma secretaria na prefeitura); Tadeu, do PMDB, reuniu PP, PV e PCdoB ( que só tem um candidato a vereador, cuja participação atende ao interesse do candidato, que só se elege com os votos de legenda do partido coligado); Rui, com DEM, PSDB, PR e PDT, terá de se movimentar para reverter a situação interna com que se defronta); restando Tiago, com o PSOL e o PSTU, apenas para marcar presença.A campanha eleitoral está ainda nas suas preliminares, pendente de afinações em busca de sintonia entre desiguais. Nesse aspecto, sobressai-se o candidato do DEM, que se empenhou tanto em conseguir a legenda e acabou recebendo do ex-prefeito Jairo Ataíde um problema de difícil solução.Será uma campanha diferente das anteriores, a começar pela ausência de comícios, cujo custo tornou-se proibitivo, além de expor as pessoas à ação de bandidos, enquanto os candidatos, nos palanques, juram de pés juntos que resolverão o problema da violência na cidade. Vão prevalecer o corpo-a-corpo e o comício eletrônico, por rádio e tevê. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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