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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 32)

Não me arrependera, pois, por estar me dedicando prioritariamente a uma solução feliz para a administração do Município. E não obstante ter ingressado na campanha ao apagar das luzes, tive a ventura de ser bem acolhido. Montes Claros não me foi ingrata. E fui o CANDIDATO MAIS VOTADO NO MUNICÍPIO e em muitos outros do Norte de Minas.
Compreende-se, pois, em resumo, que para mim, ao ser convidado, era difícil resolver se aceitava ou não ser candidato. Ao contrário da maioria dos outros candidatos, quase a totalidade disputando a reeleição, comigo ocorria e ocorre o seguinte:

1 – Não sou político profissional.
2 – Sou homem de empresa, no exercício efetivo de meus negócios, com uma vida particular que me agrada e me é interessante e ao mesmo tempo útil, ativa e plena de trabalho.

O exercício do mandato na Câmara Federal abriu uma lacuna em meus negócios, cujas conseqüências procurei atenuar colocando em meu lugar um representante pessoal, advogado competente e fraternal amigo, o dr. José Prudêncio de Macedo, outorgando à minha esposa procuração para assinar em meu nome e pela Algodoeira e criei modelos de boletins para controle à distância. E durante o primeiro ano, visitei semanalmente Montes Claros, em viagem de 20 horas, de ida e volta, realizada quase sempre à noite, a fim de ganhar as horas do dia para o trabalho. Foi um período de atividades intensivas. O motorista dormia durante o dia para viajar a noite e eu às vezes passava dia e noite sem dormir.
Mediante o treinamento da equipe e melhor programação e aparelhamento técnico da empresa, resultado da experiência deste primeiro ano, espero continuar dando o mesmo atendimento que estou dando em Brasília e em Belo Horizonte, sem necessidade do sacrifício incomum que fiz no primeiro ano e dos riscos de vida a que me expus em constantes viagens noturnas.
Quem se der ao trabalho de raciocinar sobre o que aqui vai indicado, há de verificar que realmente não me foi fácil optar, e há de igualmente poder avaliar devidamente quão pesado me tem sido o sacrifício decorrente da opção tomada para servir especialmente a minha região.
Antônio Lafetá Rebello foi o nosso escolhido para candidato único. Eleito e empossado, desencadeou ele um “rush” administrativo jamais visto antes na região, valorizado, mais ainda, pelo procedimento correto e superior da nova administração, no trato da cousa pública e nas atividades de ordem política. Pôde então ver toda a cidade e pôde toda a região e o Estado saberem que Montes Claros acertara na escolha de seu administrador.
Inspirada fôra, pois, minha proclamação de outubro de 1965 e válidos todos os sacrifícios feitos para torná-la realidade efetiva.

No período entre as eleições e a posse, fiz levantamento dos problemas da região e especialmente de Montes Claros, e levei ao conhecimento do Governador do Estado os itens cujo atendimento caberia ao Estado. As demais considerações, levei-as comigo para a Câmara Federal, onde venho trabalhando no afã de que sejam atendidas.

De início, uma de minhas preocupações constantes foi corrigir a imagem distorcida que se fazia de Montes Claros e da região, não só em Belo Horizonte mas especialmente em Brasília, por falta de informações adequadas. Foi quando, ao mesmo tempo, eu quis divulgar a região norte-mineira e apresentar Montes Claros não somente como a terra do boi e do algodão, mas também como a terra da cultura, da educação e do ensino, da livre iniciativa, das lideranças esclarecidas, do altruísmo, da hospitalidade, das possibilidades econômicas ilimitadas, das tradições, do folclore, das pesquisas, do esporte, da mocidade atualizada com os problemas nacionais. A Montes Claros pólo administrativo, centro rodoviário e aeroviário de expressão nacional, empório regional, capital do Polígono.

No setor estadual, fiz-me presente junto ao Governador e aos Secretários de Estado e assessorias, fixando desde o início, com clareza, um conceito definido sobre meu estilo de trabalhar e sobre meus propósitos, distanciados do procedimento comum. Desde os meus primeiros contatos com a administração estadual ficou reconhecida a minha preocupação com os assuntos de ordem administrativa e de interesse coletivo, desinteressando-me da politicagem e do fisiologismo. Hoje o meu modo de atuar é geralmente conhecido na esfera administrativa estadual.

Após a instalação do novo Governo Estadual, havia, no tocante às relações e ao entendimento entre Montes Claros e o Palácio da Liberdade, sérias reservas, de parte a parte. Em Montes Claros se acreditava que em face da origem política do Governador Israel Pinheiro, pessedista, amigo de Juscelino, o Palácio da Liberdade seria hostil. E fervilhavam as conjecturas e boatos, focalizando especialmente a Associação Rural – sabido que os fazendeiros, em sua maioria, apoiaram o candidato derrotado – e o Frigonorte, que, segundo se dizia, o Governo iria subordinar à administração da Frimisa. E para mim se voltavam todos na expectativa de entendimentos e providências.

No Palácio da Liberdade também se formara um ambiente de expectativa, face às boas relações da assessoria do Governo anterior com as classes produtoras de Montes Claros, especialmente com os ruralistas, revolucionários de 31 de março, que fizeram campanha aberta em favor do candidato Roberto Resende, ao qual deram a vitória no município.
Em Montes Claros se comentava que ia ser derrubada a diretoria do Frigonorte, nomeada pelo sr. Magalhães Pinto, e que o Governador Israel Pinheiro iria prestigiar os municípios em que fôra vencedor.

Coube ao meu trabalho de esclarecimento junto ao Governo e às entrevistas que promovi, de representantes das classes ruralistas e outras, com o Sr. Governador do Estado, desanuviar o ambiente. A renovação da Diretoria do Frigonorte, que estava se transformando em um “affaire” delicado, deixou de sê-lo, e bem assim a nova atitude do BDMG para com o mesmo Frigonorte, que vinha sendo objeto de comentários desencontrados, também se esclareceu. O Frigonorte continuou com a Diretoria escolhida no Governo anterior, do agrado dos ruralistas, e o Banco do Desenvolvimento reforçou o apoio que vinha sendo dado ao empreendimento. Quando o Governador veio a Montes Claros, 5 meses depois de empossado, já estava o seu Governo afinado com as lideranças de Montes Claros.

Por mais duas vezes recebi o Governador em nossa cidade e por inspiração minha tivemos a presença do presidente do BDMG para um debate com as classes produtoras sobre os problemas regionais.

A minha convicção de que essa visita era necessária decorreu do seguinte. Estivera presente ao 1º Encontro de Investidores do Polígono, realizado em Pirapora, e presenciei o esforço desenvolvido pelo Presidente do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e por sua assessoria, e testemunhei a acolhida entusiástica que ele ali recebeu, em contraste com a indiferença com que foi acolhido em Montes Claros, em 22 de setembro, quando as atenções estavam todas dirigidas para os 5 governadores presentes e para o General Superintendente da Sudene. Na ocasião, quando o programa ainda não havia terminado, encontrei o presidente do BDMG a caminho do aeroporto, antecipando seu regresso. Acompanhei-o até o Aeroporto e convidando-o a voltar quando suas obrigações permitissem-lhe demorar-se mais. Em minha viagem seguinte a Belo Horizonte, levei o convite formal da Prefeitura Municipal. Ele veio, conheceu as potencialidades econômicas de Montes Claros, os seus líderes e a sua hospitalidade e tornou-se um admirador nosso e voltará para a aula de abertura do ano letivo, na Escola Normal e já programou duas jornadas econômicas para a região, no princípio deste ano, uma em Januária e outra em nossa cidade. Além da próxima realização em Montes Claros do 2º ENCONTRO DE INVESTIDORES DO POLÍGONO, a cuja programação se entregou com entusiasmo e para cujo sucesso já se está entendendo com o empresariado de São Paulo, da Guanabara e de nosso Estado, para um grande comparecimento.

Antes Montes Claros nunca estivera a par dos assuntos do Estado no próprio nível em que são debatidos.
Chegamos a esses resultados sem que de nossa parte houvesse experiência anterior de prática política. E com apenas um ano de exercício do mandato.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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