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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O PESSOAL DO BANCO DO BRASIL

Gostaria imensamente, neste Brasil meio sem memória, que as pessoas nunca se esquecessem da importância cultural do Banco do Brasil, especialmente no século XIX, para as comunidades interioranas. Costumo dizer que pertenço a uma confederação de tribos chamada Brasil, a uma tribo chamada Minas Gerais e a uma de suas aldeias, chamada Montes Claros. Quando nasci, em 1945, minha aldeia tinha pouco mais de trinta mil habitantes. Não havia uma rua calçada. Era um poeirão danado. Diziam que poeira era vitamina de baiano. E o calorão? Causticante, mas bem menos intenso do que o das almas dos nativos. Minha aldeia era e ainda é muito pobre. Na região a riqueza era bem mais concentrada. Os melhores salários da época eram os das professoras e os dos servidores do Banco do Brasil, esses últimos, provindos dos mais variados rincões deste nosso vasto território brasileiro. Suponho que, embriagados pela beleza de nossas moças, pelos harmoniosos sons das cordas de nossos violões e por nosso arroz com pequi e carne de sol, mal chegavam já iam deitando raízes em nosso solo e nem pensavam em promoções para as comunidades mais prósperas da época. Afinal, minha aldeia era e ainda é a pátria do aconchego. Naquele tempo, casar-se com funcionário do Banco do Brasil (quase não havia mulheres dentre eles) era certeza de bom marido, sobrevivência digna e futuro promissor. Os que chegavam solteiros, considerados bons partidos, logo se enamoravam por nossas lindas donzelas vestais. Muitos se casaram com filhas dos fazendeiros mais ricos da região e até impediram, bem informados em matéria econômica, que muitos sogros e sogras trocassem os pés pelas mãos e perdessem ou diminuíssem suas fortunas.
Em meu livro de memórias relembro um fato ocorrido com um deles. Era meu vizinho. Chamava-se “seu” Caçulo. Tinha por sobrenome Leão. Leão Caçulo (não me recordo se com c cedilha ou com dois esses). O grande pinguço da cidade era “Bem Pau Véio”, de estatura elevada e traços finos, irmão de Santim Amorim. Quando parava, por uns tempos, de beber, a abastada família, dona do prédio onde funcionava a agência do banco, o produzia com um belo terno de linho branco, gravata vermelha, camisa de seda e sapatos caros. Inesperadamente, dava uma recaída e virava um molambo. Vendia as roupas e os sapatos para golear. Bêbado, tinha o hábito de aproximar-se das pessoas e ir, logo, dizendo:
— Morreu, leão, eh, tigrão! Cheguei ontem, cê num ouviu o Constellation roncando no céu?
No primeiro dia de trabalho do zeloso servidor, quando ele se dirigia à agência, imaginem só, cruzou logo com “Bem Pau Véio”, que o encarou e exclamou:
— Morreu, Leão!
O homem quis deixar a cidade, na hora, não fossem os convincentes esclarecimentos dos risonhos colegas.
Dos dignos servidores do Banco do Brasil de minha época, alguns já partiram, mas muitos dos que conheci, para minha alegria, ainda estão entre nós, semeando saber e esbanjando cidadania. E nas pessoas desses últimos, quero prestar esta singela homenagem a todos eles, na certeza de que sempre serão bem-vindos a minha aldeia, à minha Vila de Formigas, esses valorosos brasileiros que, sobre cuidarem muito bem de nossa grana, ainda prestaram e vêm prestando relevantes serviços à nossa cultura. Devemos muito a eles. Que Deus os abençoe!

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