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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Festas dos Catopês

Raquel Souto Chaves

Tum... tumtum... tum.... tumtum...
O retumbar dos tambores ecoa no ar anunciando a chegada das festas de agosto de Montes Claros. Mais conhecida como Festa dos Catopês, seus legítimos donos.
O coração bate a galope.
Quarta-feira os catopês, marujos e caboclinhos pessoas simples, de caráter invejável, deixam seus lares nos longínquos bairros Vila Camilo Prates, Morrinhos, Santa Cecília, Vila Ipiranga e Renascença e descem em busca do sagrado mastro de Nossa Senhora do Rosário. A procissão segue com velas acessas. Lá da frente cantam em tom de pergunta: “Que santo é este que vamos levar?” “É Nossa Senhora para festejar” respondem os devotos em unicoro no fundo da fila.
Alguns descalços pagando promessas.
A graça foi alcançada. É hora de agradecer.
Os dançantes, vez em quando durante o trajeto param para afinar os instrumentos em fogueiras acessas nas portas de casas simples.
A caboclinha de olhos azuis e pouco mais de quatro anos no centro do seu grupo dança dormindo, desde cedo está cumprindo o oficio prazeroso que lhe foi delegado.
A lua no alto do céu e o calor intenso dão sinais de que a festa será mais vez iluminada.
Nas noites de quinta e sexta feira a festa continua com levantamento dos mastros de São Benedito e do Divino Espírito Santo.
A bandeira de Nossa Senhora pertence aos ternos dos mestres-catopês João Faria e Zanza, a de São Benedito ao terno de catopês do mestre Zé Expedito, a do Divino Espírito Santo aos ternos de marujada do mestre Nenzim (falecido no ano passado, hoje coordenado pelo seu filho Tim) e mestre Miguel e da cablocada do mestre Joaquim Poló (falecido há pouco mais de um mês e que faria aniversário natalício no dia 18 de agosto). Os dançantes buscam as bandeiras nas casas dos mordomos, seguem em procissão até a igrejinha do Rosário para levantar os mastros debaixo de cantoria e fervorosa devoção.
Dentre os pedidos força, saúde, muita saúde para que não morra a tradição de tão maravilhosa festa.
Girândolas e foguetes explodem no céu sobre o olhar atento de Dona Fina de Paula que este ano pôde participar da festa no portão da sua casa, onde várias vezes os recebeu para fartos almoços. Não se contia de tanta felicidade.
Os cortejos na seqüência de Nossa Senhora do Rosário de cor azul, de São Benedito da cor Rosa e do Divino Espírito Santo da cor vermelho percorrem as ruas do centro da cidade, repletos de príncipes e princesas. Reis, rainhas, imperador e imperatriz (estes os festeiros), deixando os espectadores boaquiabertos. A banda do batalhão fecha o cortejo tocando amo te muito do meu avo João Chaves. Na chegada à igrejinha do rosário o sino toca anunciando a presença dos donos da festa.
“Deus te salve casa santa”...
Já na igreja o contra-mestre Sinhô catopê chega em sua cadeira de rodas. Com roupa alva, engomada, fitas multicores e penas de pavão na cabeça e lagrimas nos olhos.
Joaquim Poló vem todo afoito com sua costumeira pressa comandar a retirada da caboclada e pedir a Socorro sua filha para não usar o chapéu confeccionado em sua homenagem, pois foge totalmente a tradição.
Nenzim marujo durante o cortejo aparece empunhando a espada para “guerrear” com o neto de 10 anos que ainda chora a sua saudade.
Eu vi, vivi e senti. Como vivi. Como senti.
Domingo lua cheia as festas chegam ao fim.
A retirada...
Adeus até para o ano...

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