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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Pintou o cabelo de louro, disfarçou o aparelho dos dentes com uma pastilha elástica e usava lentes de contacto. Poucos dias antes do assalto, comprou um Volkswagen Polo em segunda mão, que ainda está no nome do vendedor e era para ser usado numa fuga à polícia.
Nilson Souza planeou o melhor que pôde o assalto ao BES de Campolide e sabia que havia muito dinheiro no cofre - 96 mil euros. Assim que entraram na agência, Nilson e o cúmplice Wellington Nazaré, dirigiram-se aos dois funcionários, Ana Antunes e Vasco Taborda e exigiram a abertura do cofre. Cada um dos empregados sabia metade do código e tiveram mesmo de o fornecer. Quando a polícia apareceu na agência, avisada por uma cliente que levantava dinheiro no Multibanco, os dois assaltantes deixaram fugir os quatro clientes mas agarraram os dois funcionários e escaparam para o interior do banco.
O assalto acabou oito horas depois. As negociações não levaram a nada. Os sequestradores recusaram a comida que pediram, Wellington disse a um primo que preferia suicidar-se a entregar-se à polícia e queriam fugir com o dinheiro e os dois reféns num Smart de dois lugares. Nilson foi morto com um tiro no pescoço. Wellington escapou com um tiro na cara e encontra-se internado no Hospital de São José.
Está em prisão preventiva e vai ser indiciado por seis crimes de sequestro e um de roubo. Como disparou a pistola que trazia, ainda pode ser acusado de tentativa de homicídio.
Sem cadastro
Graciano Souza, o pai de Nilson, acusa a polícia portuguesa de ter usado meios desproporcionais. ´Porque atiraram a matar? O meu filho não ia assassinar ninguém. Ele só queria fugir dali para fora. Bastava que o tivessem detido´.
Em conversa telefónica com o Expresso, Graciano garante que se o assalto se tivesse realizado no Brasil, não teria terminado de forma sangrenta: ´As nossas autoridades resolveriam a situação sem mortos´. Em todo o caso, o trabalhador rural de Santana do Mundo Novo (localidade de Juramento, em Minas Gerais, no interior do Brasil) não pensa, para já, processar a PSP. ´O que está feito, está feito. Nada vai devolver a vida de Nilson´.
Este fervoroso evangélico afirma não ter assistido às imagens do assalto da semana passada. E não tem curiosidade em vê-las. ´Não gosto de televisão. Nem a minha religião o permite´. Mas não consegue perceber o que terá levado o filho a um acto tão desesperado. ´Ele era muito trabalhador. Nunca se meteu em encrencas.´ A Polícia Civil de Montes Claros corrobora a versão do progenitor: ´Nilson não tem cadastro no Brasil´.
Graciano conta que o filho, o terceiro mais velho entre oito irmãos, seguia as pisadas da família, que vive num dos locais mais pobres e recônditos de Minas Gerais. ´Trabalhava na roça com os bois, com a foice e com uma motosserra que lhe dei quando ele tinha doze anos´. Um ano depois da oferta do presente, Nilson anunciou aos pais, Graciano e Helena, que queria ir ganhar mais dinheiro a cortar lenha para o Mato Grosso.
Trocou os trabalhos pesados, e mal remunerados, do campo por o de `motorista de garagem`: ´Arrumava os carros dos clientes num hotel´, explica. Viveu durante quinze anos em Cuiabá, a capital de Mato Grosso. As notícias sobre o paradeiro de Nilson iam escasseando: ´Só soube que tinha ido para Lisboa quando me anunciaram que havia sido abatido pela polícia´. Tinha saído do Brasil há dois meses.
Sobre Wellington, cúmplice de Nilson no assalto em Campolide, nada sabe. ´Meteu-se com más companhias. Fico muito triste que tenha enveredado por maus caminhos, até porque também ele era evangélico. Não gostava de namorar, de beber e de fumar´. Graciano garante que toda a comunidade está em choque com a morte de Nilson. ´É lamentável. Como é que um bom rapaz acaba morto desta maneira?´
Na quinta-feira, nem Graciano, nem outros membros da família estiveram presentes no funeral de Nilson, no cemitério de Benfica. ´Não temos dinheiro para viajar até Portugal´. Só o irmão, que vive em Portugal esteve presente com a mulher.
A PJ está a investigar o assalto e a tentar perceber se a dupla já tinha efectuado mais golpes. A PSP fez um relatório sobre o caso que foi entregue ao ministro Rui Pereira. Não foi ordenada qualquer investigação à actuação da polícia. O ministro da Administração Interna deu anuência à ordem para atirar a matar. Nem ele teve dúvidas.

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