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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Em nome do Brejo

Manoel Hygino

Tornaram-se usuais as festas pelas pessoas que, procedentes de suas cidades de nascimento, se reúnem periodicamente para confraternização. É costume saudável, que estabelece um elo entre famílias e gerações, cujas raízes se perdem ou se multiplicam sob o solo fértil de suas regiões.
É um encontro e um reencontro, entre os que partiram mas não morreram nos corações; um liame entre os de ontem, os de hoje e os de amanhã. Têm essas reuniões, assim, profundo sentido social, humano e sentimental.
São comemorações que transcendem círculo restrito. Através delas e com elas, mede-se o grau de identidade e de harmonia de um povo que tem compromisso com o futuro. É, no fundo, verdadeiro patriotismo, que emana do mais íntimo das pessoas, decorrente de suas tradições e aspirações.
Assim é alegria saber-se Francisco Sá se preparando para a festividade deste ano, sob coordenação de Maria Haidée Antunes Coelho e Mires de Fátima Soares Pena E. Silva, respectivamente presidentes do Clube Social que tem o nome da cidade e do Rotary Clube, em 6 de setembro.
O topônimo Francisco Sá homenageia um dos grandes estadistas que este Estado ofereceu à República. Mas a designação antiga não pareceu, pois de rara beleza. Drummond uma seleção de poemas _ ‘Brejo das Almas‘. Todos temos um pouco do Brejo dentro de nós. Os que lá nascem se diziam brejeiros, embora haja o brejalmino, que pegou pouco.
O escritor Haroldo Lívio registra, para fazer justiça, que os brejalminos ou brejeiros foram os únicos norte-mineiros que marcaram com uma placa de rua a passagem do naturalista francês Saint-Hilaire pelo sertão.
Mas, para compensar, quem muito ousou levando ao ápice o município foi exatamente o bardo de Itabira, ao dar título ao seu segundo livro: ‘Brejo das Almas‘. Fê-lo, evocando viagem à região, quando paraninfou o casamento de dois amigos: Cyro dos Anjos, funcionário público, advogado, escritor dos bons, e o engenheiro Joaquim Costa. Quem conferir encontrará os respectivos registros na velha ‘Gazeta do Norte‘.
O Brejo tem tradição de bravura e braveza, típica da região, e de gente que não temia, numa época em que a autoridade estava muito longe - em todos os sentidos. Ouvi conversas domésticas sobre personagens que não conhecia, mas cujos nomes eram pronunciados em voz baixa, em sinal de respeito ou medo.
Queria falar de muitos dali, ou que lá viveram, como as intelectuais Olyntho de Oliveira Silveira e D.Ivonne, e dos mais jovens que dão seqüência à história fabulosa da região. Fica para depois, porque desejei, hoje, fazer apenas a notícia da festa da gente do Brejo/Francisco Sá, os presentes e os ausentes.
De um filho dali recebi, este ano, as informações sobre uma reunião de antiga família brejense. Aconteceu, num pé de Serra de belo nome estival - Campo Alegre. Para lá se locomoveram gerações dos Dias.
Reagruparam-se no limpo terreiro de uma casa velha, sob a sombra de um velho cruzeiro que indicava uma capelinha. Restou somente o madeiro do modesto templo, ao lado de uma casa senhorial de numerosas portas e janelas, com mais de um século.
Por décadas, a ermidinha abrigou no seu chão (a abriga agora, no mato ralo) duas das maiores lendas do Norte de Minas, em todos os tempos: as cinzas de Alfredo Dias, precocemente morto, e seu pai, o líder Olímpio Dias, nascido em 1853, falecido em 1937.
O primeiro foi morto pela irmã, que queria impedi-lo de usar armas, como de seu feitio, para fazer justiça pelas próprias mãos. Era uma época em que cada um ditava sua lei e escolhia sua autoridade, para defender direitos.

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