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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: MONTES CLAROS, ONTEM E HOJE

José Prates

Não me vejo em Montes Claros, quando abro o “moc.com.” para inteirar-me das novidades publicadas, o que faço todos os dias, antes de ir para o trabalho. As noticias publicadas não espelham a cidade em que vivi uma grande parte de minha vida; onde fui preparado com exemplos de trabalho e honestidade, para enfrentar a vida, solucionando os problemas que se nos apresentam no dia-a-dia. As notícias que leio não falam de poesia, não mostram as ruas tranqüilas vazias de povo, nem os carrilhões da catedral anunciando à hora de Angeles, fazendo o passante parar e fazer o sinal da cruz. Naquele tempo, a cidade crescia sem pressa, sem correria, sem destruir o romantismo da juventude nem matar a inocência das donzelas. Violência, mortes havia, mas, não como hoje que matam “por dá cá essa palha”, banalizando a vida humana. As notícias de hoje não podem mostrar uma cidade poética, onde o povo anda devagar, sem pressa, na rua sem movimento.. A notícia vem de uma cidade grande que já nasceu grande, por isso não abandonou a condição de líder de toda aquela região. Nasceu importante, cresceu importante; saiu do passado, incorporou-se ao presente; tornou-se adulta e virou metrópole, perdendo o jeitão sertanejo. Nem a velha Praça de Esportes escapou, foi abandonada como coisa sem importância.
Mas, é reconfortante sentir o crescimento e o desenvolvimento econômico e cultural que ali operou. Ninguém pode sentir-se feliz ao constatar que sua cidade estagnou, parou no tempo e continua a mesma de cinqüenta anos passados. Quando leio as notícias e os comentários do “moc.com”, obviamente não me sinto no Montes Claros de ontem e a saudade da jovem cidade bate forte, fazendo-me relembrar o passado, uma juventude que não existe mais. Por outro lado, sinto-me feliz ao constatar que nossa cidade, menina, poética, onde todo mundo conhecia todo mundo, transformou-se numa rica metrópole com todos os seus convenientes e inconvenientes, seguindo fiel o caminho de liderança numa região em que o desenvolvimento econômico e cultural é obra do esforço e da tenacidade de um povo que não se deixa vencer pelos obstáculos no caminho..
Isto não é de hoje; vem de muitos anos atrás. Foi pelo esforço e visão do futuro de um grupo de homens que a Montes Claros ambiciosa começou a nascer. Em 1707 Antônio Gonçalves Figueira obteve a sesmaria de uma légua (seis quilômetros) de largura por três de comprimento, criando a fazenda de Montes Claros, nome originado dos montes de calcário sem vegetação. Um pequeno povoado foi surgindo dentro da fazenda, sendo denominado Arraial das formigas, para onde começaram a convergir os interesses e a esperança de pessoas que exploravam a região. Para conseguir mercado para o gado criado na fazenda, Gonçalves Figueira construiu estradas para Tranqueiras na Bahia, e para o Rio São Francisco. Era grande o seu interesse de expansão do comércio de gado, e com isto, procurou ligar-se ao Rio das Velhas e também à Pitangui e Serro. A região foi se povoando e a Fazenda de Montes Claros transformou-se, já naquela época, no maior Centro Comercial de Gado, no Norte de Minas Gerais. Cento e vinte quatro anos após a obtenção da Sesmaria, por Antônio Gonçalves Figueira, dono e construtor da Fazenda de Montes Claros, já estava o Arraial de Nossa Senhora de Conceição e São José de Formigas, suficientemente desenvolvido para tornar-se independente, desmembrando-se de Serro-Frio. Pelo esforço dos líderes políticos, o Arraial foi elevado a Vila em outubro de 1831, recebendo o nome de ´Vila de Montes Claros de Formigas
Os vereadores, primeiros líderes construtores do progresso de Montes Claros, naquele tempo longínquo: José Pinheiro Neves (Presidente), Laurenço Vieira de Azevedo Coutinho, Luiz de Araújo Abreu, Antônio Xavier de Mendonça, Francisco Vaz Mourão e Joaquim José Marques, que substituiu José Fernandes Pereira Correia. A 22 de julho de 1834, toma posse o primeiro Juíz Municipal Dr. Jerônimo Máximo de Oliveira e Castro. Apareceram na Vila, os primeiros médicos e facultativos: Manoel Hipólito de Palma, com licença para exercer a profissão de Cirurgião. Era Montes Claros política e capitalista que estava nascendo, desenvolvendo-se devagar, segundo os interesses comerciais que iam surgindo. Um comentarista da ocasião no diz que “a Vila de Montes Claros de Formigas desenvolvia-se pelo esforço dos líderes, os costumes eram primitivos, em casa faziam-se comida, as quitandas, o sabão, as rendas de almofada, tecidos no tear, etc. Em 1817 já havia três sobrados: O do Cel. João Alves Maurício, o do Simeão e o Mirante. Outros foram construídos, tinham piso de assoalho, maior número de janelas e melhor acabamento” Com tal desenvolvimento comercial, não demorou a tornar-se cidade. Foi em 1857 que a vila passou a cidade de Montes Claros, sem formigas para desconsolo dos formiguenses e alegria dos montesclarenses.
Paralelo ao desenvolvimento capitalista que projetava Montes Claros no cenário nacional, andava o lado poético dos colonizadores cantando as maravilhas da terra. A semente poética e cultural foi plantada e geminou nascendo os cândidos canela, os nivaldos Maciel de voz romântica levando ao longe canções, pelas ondas da ZYD-7. Essa poesia é do nosso tempo; o Montes Claros poético e sonhados é o nosso Montes Claros. Entretanto, somos felizes com o Montes Claros metrópole, capital do norte de Minas.

NOTA: Dados históricos compilados através do “GOOGLE”

(José Prates é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros de 1945 a 1958 quando foi removido para o Rio de Janeiro onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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