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Mensagem: Sobre Montes Claros retratos poéticos, de Ângela Martins Ferreira e Karla Celene Campos,2008. Por estes dias, ganhei de um amigo este livro. Mergulhada em outras paragens por força do trabalho, vejo e revejo o livro. Engraçado, senti que o livro podia até ficar fechado para guardar imagens que também são minhas. Nem conheço pessoalmente as autoras e já me tornei amiga íntima delas. Eu sou desse lugar. Nascer é ser do lugar? Aprendi na escola que sim e sigo acreditando nisso. Mestre Zanza, meu Rei por muitos anos. Quando pequena, em agosto, saindo do Grupo Escolar D. João Antonio Pimenta às pressas para poder acompanhar o catopé antes de voltar para casa, adorava chegar embaixo dele só para olhar para cima e ver aquele cocar luminoso, colorido, maravilhoso. Aquilo era um Rei. E para sempre me emocionei ao ver Mestre Zanza brincando o Catopê. Zanza, agosto, folia - eu achava que o mundo era assim, tinha aquele momento mágico meio programado para acontecer porque em todo agosto acontecia. A mulher agachada sobre um saco de alguma coisa, em frente a um monte de mexericas, e amamentando seu ou sua filha que de tão feliz segurava o pezinho, enquanto amamentava. Quem já amamentou sabe que quando eles ficam totalmente à vontade, entre outras coisas, seguram os pezinhos. A prosa de vera na frente de um bar ou armazém. Sempre achava que tudo que os adultos falavam era verdade absoluta. E me encabulava com tantas verdades. A Igreja dos Morrinhos. Foi a primeira vez que me fixei no céu, sob as ordens de meu pai, para apenas olhar o céu. Ele me disse: deite aí no chão e olhe pro céu. Claro que Mamãe estava entretida com outras coisas e não reclamou por eu estar deitada no chão. Vi tudo azul marinho e prateado. O céu salpicado infinitamente de estrelas que brilhavam muito. Aquele ir e vir de diferentes intensidades de luz está para sempre em minha memória como o céu do lugar onde nasci e, portanto, do mundo. O coreto em volta do qual dei muitas voltas de velocípede. Meu velocípede foi o último presente de Papai Noel. Mas era lindo, creme e preto e me levava rapidamente a todos os muitos lugares que eu podia ir aos 5, 6 anos: ao quintal, à calçada e à praça, quando Papai podia me levar. Ele sentava num banco para ler jornal, em volta do coreto,e eu me divertia muito, rodando sem parar no meu super velocípede! Minha cidade linda e plana e rodeada de serras. Por ser plana me ensinou a gostar do infinito.Por ter serras ao redor, me ensinou a buscar mais beleza depois. Se nascer num lugar é igual a ser dele, eu não sei, mas sei que ele é meu.
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