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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 24 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: FRAGMENTOS DA INFÂNCIA

1958. Colégio São José, o jumento Geminiano, o mascote da Fábrica de Óleos Mariflôr amarrado ao lado da nossa sala de aulas zurrava a cada trinta minutos e intumescia a genitália. Pedro Silveira, anotava na caderneta de apontamentos a periodicidade das zurras, visando provar que: jumento não tinha hora certa para zurrar. Ficou apelidado Pedro da Jega!
Malaquias Barbosa, como era oriundo de abastada família de pecuaristas era sempre apanhado no final da aula a cavalo. Um jovem agregado da fazenda do seu pai Osmane chegava montado em um cavalo Pampa. Malaquias subia na garupa, a galera com inveja aproveitava uma frase extraída de um conto infantil e repetia o refrão retaliando.
Malaquias é ladrão de vaca! Quem encontrar Malaquias vai ganhar como recompensa duzentos tostões!
Ele e o agregado condutor da montaria saiam no encalço dos colegas com a pirata em riste e os meninos corriam pelo pátio do colégio Marista. Era diversão garantida diariamente.
Havia dois Ed. O Edvard e o Edgar. Um era gordinho, alto, óculos fundo de garrafa tinha uma voz metálica. Um valente. Para gozá-lo reuníamos todo o efetivo vespertino do colégio e gritávamos: Princesa Isabel filha de Edgar meu mel!
Ou batíamos os pés sincronizadamente no chão com grande estardalhaço e gritávamos Ró, Ró! Ró, Ró!... Ele saia na mão com a turba. Dava porrada para todos os lados e em todos e a meninada gramava o beco...
O outro Ed era o Edvard o qual apelidamos de Defunto Banguela. Tinha a pele branco-amarelada, mãos gigantes, ajumentado no tamanho. O próprio pai e mãe da ignorância! Qualquer coisa saia na mão.
Terminada a aula descíamos pela rua Padre Champagnat coberta por uma grossa camada de pó fino com cinco centímetros de espessura. No trajeto, se encontravam os desafetos para resolver na tapa a contenda. Dava briga de mais de cinqüenta de cada lado. Os valentes do pedaço eram Duto Figueiredo, Dêma Mocó, Edvard, Magela, Taki Maia, Maurício Vilela.
A maioria voltava para casa depois de rolar na poeira. Só apareciam as bolotas dos olhos...
O nosso maior valente, entretanto, era Pindoba Nilo. Raçudo não corria de briga e enfrentava qualquer parada. Em contrapartida, Gabilera, era o terror do Bairro São João e tinha o hábito de furar bola dos times que treinavam no Bairro São José e adjacências.
Certa tarde, me encontrava treinando sozinho no campo em um lote vazio com a minha bola de capota G18, esperava a turma para o treino contra o time de Zé Doido da Igrejinha. Gabilera estava na campana e foi chegando com o canivete aberto na mão. Apanhei um grosso galho de roseira seca que estava no lote vago ao lado do nosso campo na rua Germano Gonçalves e encarei a fera!
Ele vendo a minha disposição para a briga ficou rodeando, com conversa mole. Esperava o momento certo de agir. Pindoba, que era componente do nosso time e estava no primeiro andar da sua casa, na rua Silvio Teixeira próxima, viu o meu sufoco numa briga desproporcional e partiu na sua bicicleta em desabalada carreira e em meu socorro. Aí fedeu biba queimada!
Voou bola, canivete, pau de roseira e lama para todo lado. Terminada a briga, selamos um tratado de paz juntas para as turmas freqüentarem a Lagoa de dona Alice e jogar bola nos lotes vagos e na lama do bairro.

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