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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: SELEÇÕES
De 1950 a 1960 estávamos no fim do Romantismo e o conhecimento geral nos vinha em forma de almanaques. O Biotônico Fontoura, o Capivarol e a Saúde da Mulher. A melhor de todas era a Revista Seleções Reades`s Digest, uma revista de seleção de textos com a lombada estilo canoa, contendo em média vinte e cinco matérias.
O êxtase maior eram os livros de capas duras condensados, contendo em média quatro histórias curtas. Quando muito, conseguíamos comprar uma revista Diners, que custava uma nota preta.
Os nossos pais e avós, nos anos 30,40 e 50 liam os almanaques Ecos Marianos, Almanaque Nestlé, Seleções Farmacêuticas Arlo, Almanack Cabeça de Leão e Almanaque Ross.
A revista Seleções durante o tempo da ditadura militar chegou a ser considerado um veículo do imperialismo norte-americano, acusada de fazer propaganda do chamado American Way Of Life. A maneira americana de viver.
A mim, me salvou a vida por duas vezes. Senão, vejamos.Um artigo ensinava a possíveis vítimas de afogamento a sobreviverem. Instruía ao afogado a manter a calma, ir para o fundo, agachar, dar impulso com as pernas projetando o corpo para cima e para o lado da terra firme ou para o raso, no caso de piscina.
Graças a isso consegui escapar de um afogamento na piscina do M.C.T.C., quando, em um final de tarde da semana me encontrava sozinho, aprendendo a nadar.
O segundo salvamento ocorreu aos 27 anos de idade. A matéria lida instruía que ao chegar em casa e estando uma criança segurando o seu revólver com as duas mãos, pular para o lado e rolar pelo chão. No susto, a criança sempre acabava apertando o gatilho. Pulei e escapei do besouro sem asa...
Outra matéria ensinava a massagear demorada e vigorosamente o couro cabeludo desde a infância, com a toalha, após o banho, o que retardava o aparecimento de cabelos grisalhos na velhice. Os meus permanecem na cor original, preto, apesar dos sessenta anos.
Outra matéria médica sugeria ao paciente portador de patologias a esquecer o mal. Sou portador de uma enfermidade cardíaca em estado crônico e renitente há mais de dez anos. E continuo tudo Capopi!
Os meus colegas de tratamento, nos leitos hospitalares, CTI´s, mesas de desfibrilação (sofri quarenta e duas seções) na sua maioria já estão no astral superior, ou vagando nas Câmaras de retificação dos Hades. Eu contínuo a caminhar até 20 quilômetros por dia, bater com pau de dois bicos, comer feijoada com torresmos crocrantes e a me apaixonar pela Gisele Bundchen. Estou dando show!
Na última revisão médica alcancei a medição de 8.4 na escala de Eros!
Quanto à informação de que a revista puxa a sardinha para os seus paises de origem, dou um aviso aos leitores navegantes: filtre o que você lê, passe tudo pela peneira doutrinária, pelo crivo da razão e pelo caminho do meio.
Quem vai na conversa mole é otário! Leia e retenha apenas o que é bom. Fique esperto e deixe de ser tolo!Saiba que a mídia, falada, escrita, televisada e digital, é um verdadeiro tigre de papel. Se você gosta de ler e acreditar em tudo, leia Ulisses, de Joyce. É um paredão de granito feito numa época em que falar sobre coisas difíceis tornara-se moda.
Vai servir como exercício de aprendizado antitolo!

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