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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: ONOFRE CARNE PRETA, SALES PRETO, JARBAS JABURU.

Durante quarenta longos anos, Onofre Carne Preta trabalhou como ajudante de necropsia e encarregado de dar banho nos defuntos, na funerária Leonel Beirão, no Bairro Morrinhos. Entrou em 1960 quando veio escorraçado do Botafogo e saiu em 2002, quando bateu a caçoleta e se tornou, ele próprio, mercadoria da funerária.
Como nasceu presepeiro, foi cedo para o Rio de Janeiro e de lá veio às carreiras, sendo então agasalhado por aqui por Leonel Beirão, que lhe ensinou o ofício de dar banho em cadáveres, o que na linguagem forense é lavador de de cujus.
Logo, deu para encher o pandú de cachaça branquinha em conseqüência da dureza do ofício e passou a dormir, por comodidade dentro dos caixões de defuntos que ficavam expostos à venda no salão da empresa. Dava sempre um susto danado nos desavisados clientes que entravam já atanazados, para escolher um caixão para um parente ou mesmo aderente falecido.
Ele roncava que nem eixo rasgado de cardam de Opala quando dentro do esquife além de acordar, abrindo a tampa do dito de supetão e perguntando à senhora que escolhia o produto: que horas são? Teve gente que fugiu na carreira...
Com a proximidade das festas de fim de ano, ele ficava ruim de saúde de tanto beber e a galera do morro que tudo repara e nada perdoa, apostava que ele não emplacava o janeiro próximo. Sabedor de ser o objeto da aposta, ele enchia o quengo e descia a rua gritando a todos os pulmões: eu ainda vou dar banho em todos vocês seus F.D.P!
Era só estar bebum que ficava no espelho se penteando feito moça, para depois ir conversar com o poste que ficava fincado na entrada da funerária.
Já Sales Preto, mais conhecido como Sales Pintor, chegou a Montes Claros em 1964 vindo da Bahia, do Recôncavo. Como era pintor de faixas e cartazes e com o comércio em expansão por aqui, ele caprichava no serviço, atendia bem a clientela, havia a procura maior do que a oferta, só andava barrufado de grana...
Montou a sua oficina de serviços no galpão da Algodoeira dos Paula, que fica na rua Juca Prates, ao lado da via férrea.
Quando chegava à noite imitava o Claudionor Barbeiro, o enfeitado dirigente do Bahia Esporte Clube e só andava vestido de Branco e desfilava serelepe pelos bares e lupanares dos Morrinhos. Sapato Branco furado no bico, lenço no bolsinho do paletó, abotoaduras de ouro e cheirando a perfume Lorigan francês.
Na época dos fatos, Haroldo e Betim do Destak arrendaram o Bar do Miltão da Pedreira, na Corrêa Machado confluência com a Melo Viana e Sales Preto fazia do bar o seu universo. Chegava todo posudo e serelepe mandava descer um campari gelado e pedia para tocar um acetato de Julio Iglesias cantando Devaneios.
Pagava uma rodada de cana para a galera que estava na pior, pedia outro campari e outros Devaneios. Como era filho de Oxalá com Nanan Abaroquê, não baixava o facho e a cada meia hora pedia outra dose de bebida e mandava tocar outros Devaneios.
Quando bateu a caçoleta dado à cirrose e foi morar na cidade dos pés juntos todo vestido de linho Branco S120, sapato de pelica, corrente e abotoaduras de ouro, assim e no dedo médio da mão esquerda um anel de São Jorge Guerreiro.
Já Jarbas Jaburú, outro elegante morador do morro, todo cheio de agá foi acompanhado de mais dois colegas de desdita para morar e arranjar emprego em São Paulo. Ao desembarcarem no Terminal do Glicério, viram um sujeito brutamontes matando outro de porrada no saguão do logradouro.
Curiosos, perguntaram a um comerciante local o porquê daquela brutal agressão à vista de todos. O interrogado respondeu: apenas porque o agredido pronunciou a palavra farinha! Como os três montes-clarenses eram descendentes de baianos e comedores de farinha Morro Alto, olharam um para o outro no que Jarbas arrematou: vamos embora, pois se eles descobrirem que gostamos de farinha vão moer nós no pau!
E estamos conversados, mais uma vez!

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