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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: É preciso que Isaías, ou outro Isaías, venha esclarecer o coração e a mente do autor da mensagem de nº 39.136, identificado como Daniel Rodrigues.
No dia 29 de setembro, às 23 horas e 29 minutos, Daniel disparou:
“Em relação à mensagem nº 39096. Eu gostaria de saber desde quando a praça de esportes é cartão postal de Montes Claros? Só mesmo alguém que não mora aqui em MOC, para desaprovar tão grandioso e magnífico projeto de urbanização e otimização da velha e surrada praça de esportes. Façam uma pesquisa com seus grupos de amigos, conhecidos, vizinhos, etc. Para ver quantos deles freqüentam a referida praça. Causa-me estranheza, o fato de, tal aberração sair de um morador do DF, que é símbolo de urbanização e aproveitamento do espaço público para fins realmente necessários”.

A nossa Praça de Esportes tem história. Talvez você, Daniel, seja muito novo e desconheça as lições da “mestra da vida”, que anda mesmo em falta. O fato de o local estar ultrajado, abandonado, sujo, esquecido, violado, importunado, ofendido por eleitoreiros quiosques – tanto desprezo e desleixo não foram causados pela Praça. O MCTC é vítima, calada, da ação nociva de uma má fé militante, que impõe em tudo a sua pisadura.
Ali, décadas atrás, Montes Claros viveu momentos de Glória. Talvez um dos seus dias mais altos. Atletas se projetaram para o Brasil. Famílias foram felizes. Crianças brincaram. A juventude aflorou e viveu, em sadios costumes. Havia uma hora dançante, saiba, ao meio-dia, e as canções que não chegaram à sua geração bailam por lá, bailam nos corações. Pergunte aos seus pais, freqüente os livros.
Em declínio, pela ação inconseqüente dos políticos, sempre eles, a Praça de fato agoniza, mas não é a culpada. Não apresse, nem deseje o seu fim, pois o rebroto é o que ela merece. Não lhe sejamos ingratos. Glórias não podem ser assassinadas. Por mais que estejamos, todos, submersos a ondas de insensatez e de desvario, é muito pedir a supressão do que melhor representa a Vida.
A derrubada de valores, valores como o Phartenon, o Coliseu, as Pirâmides, o casario de Diamantina, as ruínas aparentes de Ouro Preto, a Catedral de Chartres, destruir coisas assim, pelo só fato de não sabermos o que significam, é mesmo desatino muito, até para um mundo enfermo como o nosso.
O que a Praça precisa é de socorro, conservação, restauração. Não lhe erga o machado, nem lhe aponte a guilhotina, o cadafalso, pois a sombra do arvoredo e da vida que ali estuam recairá sobre os seus e os nossos filhos. Ter área verde, com aquela, preservada aos esportes, à contemplação e à Vida, numa cidade seca e quente como a nossa, é privilégio que não pode a ignorância – e digo aqui apenas no sentido ignorar – querer extinguir. Um único passarinho que tenha seu ninho numa daquelas árvores quase centenárias talvez lhe esclareça melhor do que podem as palavras. Consulte-o, ao amanhecer; quem sabe ao fim do dia.
Quanto ao fato de serem muitos os que querem atropelar a vida já tão espancada por nós, como parte de uma maioria endoidecida, também não se deixe impressionar.
Ao longo da história, o número de opiniões numa direção jamais ergueu uma só Verdade.
É preciso repetir. Hitler subiu ao poder pela escolha da maioria.
Jesus, o Meigo Rabi, foi conduzido à morte pela multidão, manobrada pelo Sinédrio, pelo farisaísmo.
Ghandi calou-se; deitou-se no jirau, jejuou; para, hirto, em silêncio, aquietar uma Calcutá devastada pelo ódio, pela luta étnica que incendiava rua após rua.
Parou o ódio com o Silêncio.
A força de um faquir nu, um só, o que fabricava suas roupas de algodão cru com as mãos, contra milhões de mentes ensandecidas, matando-se mutuamente.
Francisco, o de Assis, cuja véspera hoje comemoramos, levantou a Canção da Perfeita Alegria, e celebrou o Irmão Sol, a Irmã Lua, o Irmão Corpo, a Irmã Morte. Cantou a vida natural.
As árvores, o verde, as águas, os passarinhos - não é justo que paguem por nossa muita ignorância. Pense nisto. A Vida quer segurar nas suas mãos, Daniel.

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