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Mensagem: Assepsia pelo votoWaldyr Senna BatistaPouquíssimos eleitores, em Montes Claros, tomaram conhecimento dos programas de rádio e televisão apresentados pelos candidatos a vereador. Nem a proximidade com a novela de grande audiência que se seguia foi bastante para chamar a atenção para o desfile de bonecos falantes. Nenhum dos 305 concorrentes se destacou, positivamente, durante os 45 dias de campanha.E fala-se que a eleição de amanhã poderá renovar mais de 30% da atual Câmara, o que nada significa, porque os que chegam, ainda que muito bons, logo, logo serão tragados pela mediocridade predominante. Aliás, Ulysses Guimarães, que sabia das coisas, afirmou certa vez que a sorte da atual Câmara dos deputados era que a próxima seria pior. Expressão que se aplica também a qualquer câmara de vereadores.Em Montes Claros, dois dos atuais vereadores não disputam a reeleição, o que significa que, da parcela que supostamente será renovada, que seria de 5, apenas 3 estariam recebendo cartão vermelho por parte do eleitor. Muito pouco. Uma renovação de 2/3 (exatos dez vereadores) seria bom começo.Coincidência ou não, a queda na qualidade da câmara local começou a partir da instituição do subsídio. Quando o mandato de vereador significava múnus público, e não meio de vida, geralmente os melhores eram escolhidos. Mas os dessa espécie foram sendo desencorajados e se recolheram. Hoje, cada vereador custa ao bolso do contribuinte cerca de R$ 30 mil por mês, porque aos salários exorbitantes foram sendo adicionadas verbas que só se explicariam pelo apetite pantagruélico da maioria. A quase totalidade deles nem de longe cumpre o papel que constitucionalmente lhes é reservado, limitando-se a mensagens eleitoreiras pelo rádio e pela tevê e, com fúria total, à aparentação de títulos honoríficos. No ano passado, um dos vereadores se vangloriava de ter batido o recorde nessa modalidade, diplomando nada menos de 84 cidadãos.Aberrações desse gênero, justiça seja feita, não ocorrem apenas em Montes Claros. Levantamento feito pelo jornal “Folha de S. Paulo” revela que essa falta de bom senso predomina na câmara municipal da maior e mais evoluída cidade do Brasil. O trabalho mostrou que, de janeiro de 2005 a dezembro de 2007, no legislativo paulistano, foram aprovados 398 projetos, dos quais 313 eram de homenagens. Se assim é na principal cidade do país, não há como esperar comportamento diferente nas demais, principalmente nos burgos pobres de população rarefeita, onde também os vereadores se esmeram em ganhar o máximo e mais alguma coisa.Mas a sociedade pode influir para a melhoria dessa situação. Aliás, de há muito deveria estar atuando nesse sentido, porque esse trabalho de assepsia é difícil e demorado. Se a cada quatro anos se registrasse golpe nos beneficiários desse descalabro, os que se decepcionaram ou foram alijados do processo estariam de volta.Em sua coluna, Benedito Said relata: “Os candidatos a vereador que aprendam a pedir votos nestes últimos dias de campanha. Há milhares de eleitores que não sabem em quem votar, inclusive por falta de opção”. Esse é o clima de final de farra. O povo quer candidatos competentes, instruídos e comprometidos com o bem público, mas os partidos, ao organizar suas chapas, não levam em conta esses fatores. Limitam-se ao aspecto eleitoral, ao potencial de votos dos que os procuram levados apenas pela possibilidade de conquista do melhor emprego que existe na atualidade, que é o de vereador.A sociedade não pode se omitir, dar de ombros e simplesmente concluir que a câmara não tem jeito. Ou então aderir ao extravagante e vazio eslogan de um policial que se candidata em Montes Claros: “A câmara tornou-se um caso de polícia”. “Operação João-de-barro” à parte, não é bem assim. Há excessos e desvios de conduta, para cuja correção a população dispõe de arma bem diferente do que a de policiais: o voto. Na votação de amanhã cada eleitor deveria conscientizar-se disso, usando critério inteligente na escolha do seu candidato a vereador. O listão de 305 pretendentes contém nomes que podem prestar-se ao processo de limpeza que se pretende para a Câmara de Montes Claros.(Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil).
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