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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 22 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: (Do livro ´Por Cima dos Telhados, Por Baixo dos Arvoredos´ - Parte 49)

A CHEGADA DA SUDENE

A colonização do Brasil se fez do litoral para o interior e cedo se evidenciou o desequilíbrio no desenvolvimento do país, com o interior, de um modo geral, e o Nordeste, em especial, perdendo o compasso do crescimento, situação que foi se agravando no Nordeste com o fenômeno das secas.
Historicamente aqui onde vivemos já pertenceu à Bahia, até a margem direita do Rio das Velhas. A região pagava tributos à Bahia e as igrejas eram providas de vigários pelo bispo de Salvador.
A partir do século XIX o Nordeste passou a ser um sorvedouro de verbas federais, no geral mal aplicadas ou não aplicadas. Criara-se a chamada “indústria das secas”.
Mas o crescente interesse mundial pelo desenvolvimento econômico e pelos conceitos e idéias de planejamento econômico começou a penetrar nos círculos oficiais e profissionais brasileiros.
Dentro dessas novas perspectivas, em dezembro de 1959 foi criada a Sudene, que passou a coordenar o desenvolvimento regional do Nordeste, a partir da formação de infra-estrutura material e humana, mediante a construção de rodovias, geração e distribuição de energia elétrica, saneamento básico, programas de pesquisas, de educação e outros. E ofereceu incentivos fiscais e creditícios ao empresariado, convocando-o para participar do processo mediante a implantação de indústrias para a transformação da matéria prima regional em produto acabado, com emprego da mão-de-obra da região.
Nunca se louvará bastante o quanto a SUDENE foi importante para o desenvolvimento econômico e social desta região.
Foi tão decisivamente marcante a presença da Sudene, que em qualquer avaliação que se faça do desenvolvimento do Norte de Minas há de se reconhecerem duas fases distintas: antes e depois da Sudene.

Em 1962 o Governador Magalhães Pinto, por intermédio do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, liderou um projeto para implantação do Frigorífico Norte de Minas – Frigonorte, para abater o boi e industrializar a carne bovina, beneficiando-se dos incentivos da Sudene. E convidou-me para integrar a diretoria desse primeiro projeto de Minas Gerais a dar entrada na Sudene.
É oportuno esclarecer que a diretoria não era remunerada. Era um múnus público, como o exercício da vereança. Bons tempos, aqueles. O Brasil era uma nação séria.
Não fui remunerado com honorários. Mas fiquei conhecendo a legislação incentivadora da Sudene e aprendi como elaborar e implantar um projeto. Em meu entendimento chegara a hora de se pensar numa fábrica de tecidos para a região.
Havia na cidade uma pequena e antiga fábrica de tecidos grossos, com equipamento de 50 anos atrás, totalmente ultrapassada. Era seu proprietário o Dr. Simeão Ribeiro Pires, na ocasião Prefeito Municipal, líder político altamente conceituado.
Procurei-o para fazermos uma fábrica nova. E convidei-o para irmos a Recife e Fortaleza, a fim de nos entendermos com o Superintendente da Sudene e com o presidente do Banco do Nordeste.
Tendo ele aceitado o convite, fiz contatos com Recife e Fortaleza e convidei para irem conosco o gerente local do Banco do Nordeste, Hélio de Moraes, o comerciante de tecidos, Edílson Carneiro, o mecânico Antônio Aquino e o motorista Walter Ramos. O dr. Simeão convidou o dr. Geraldo Gomes, seu cunhado.
Fomos por terra. Saímos daqui no dia 6 de fevereiro de 1963. A viagem durou duas semanas.
Naquele tempo a Sudene dispunha de recursos abundantes e estava à cata de bons investidores. Fomos muito bem acolhidos e incentivados na Sudene. O mesmo aconteceu no Banco do Nordeste, cujo presidente, o saudoso Dr. Raul Barbosa, colocou o BNB à nossa disposição para financiar o empreendimento com juros diferenciados, a longo prazo.
Minha iniciativa foi matéria de primeira página na imprensa local.
Em nossa estada na Sudene, em Recife, o Superintendente em exercício, Dr. José Aristóphanes Pereira, deixou escapar que a Sudene estava igualmente interessada na recuperação de fábricas antigas.
Ao chegar a Montes Claros, o Dr. Simeão Ribeiro demonstrou maior interesse na recuperação de sua fábrica ao invés de se implantar uma fábrica nova.
Agradeci a ele a proposta para acompanhá-lo e ofereci-lhe algodão com um ano de prazo para ajudá-lo em seu projeto de melhoria da fábrica. E fiquei com o meu sonho de construir uma fábrica moderna para Montes Claros.
O Frigorífico era um grande projeto. Mas eu sonhava mais alto. Em minha condição de usineiro de algodão o passo à frente, em minha atividade industrial, era a fábrica de tecidos.
Mas o investimento situava-se acima de minhas possibilidades. Era preciso encontrar um sócio.
Foi disso que passei a cuidar.

(continuará, nos próximos dias, até a publicação de todo o livro, que acaba de ser lançado em edição artesanal de apenas 10 volumes. As partes já publicadas podem ser lidas na seção Colunistas - Luiz de Paula)

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