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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de dezembro de 2024
 

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Mensagem: O POETA REIVALDO CANELA

Dário Teixeira Cotrim

Montes Claros chora copiosamente a morte do poeta e acadêmico Reivaldo Simões de Souza Canela. Aliás, todos nós choramos a morte do amigo e companheiro Reivaldo Canela. Jurista de renome, acadêmico bem conceituado, orador de largos recursos, sabia manejar as palavras com facilidade, era um dos mais eminentes filhos de Montes Claros, tanto pelo seu talento como pela sua cultura de que sobejamente deu provas na efervescência dos prélios culturais em que tomou parte e que empolgava os confrades, amigos e companheiros. A Academia Montesclarense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros ficaram muito mais pobres, mas muito mais pobres mesmo, de crenças e sabenças, com a partida inesperada do nosso ilustre poeta Reivaldo Canela que nasceu para a pugna literária, e bravamente a ela se atirou.
A quem morrer sabe que a morte nem é morte senão uma passagem para o lado misterioso da vida eterna. O outro lado onde hoje estão os nossos saudosos confrades João Vale Maurício, Adherbal Murta de Almeida, Simeão Ribeiro Pires, Arthur Jardim de Castro Gomes, José Prudêncio de Macedo, Patrício Guerra, Godofredo Guedes, José Gonçalves de Ulhôa, Ângelo Soares Neto, Cyro dos Anjos, Darcy Ribeiro, Cândido Canela – o pai do nosso Reivaldo – e tantos outros que, sem nenhum aviso sequer, passaram a morar na eternidade do tempo. É necessário, porém, superar o plano das aporias mergulhado nas palavras do poeta Alphonsus de Guimaraens, onde ele dizia que “a morte vem de manso, em dia incerto, e fecha os olhos dos que têm mais sono...”. E é por isso mesmo que não há, inegavelmente, fenômeno mais sagrado do que o mistério da morte. E o poeta Reivaldo Canela sabia muito bem disso.
Na Academia Montesclarense de Letras o nosso confrade Reivaldo Canela ascendeu o posto de presidente, o mais elevado desta agremiação, tendo ocasião de revelar o seu espírito literário, a sua incansável vontade de colaborar nas letras montes-clarense e o seu alto senso em bem dirigir os trabalhos acadêmicos de uma plêiade de escritores em benefício de uma coletividade. A sua poesia – em destaque o soneto – é uma das melhores, pois tem um estilo fiel à tradição, mostrando a sua intimidade com os clássicos. Além do mais o poeta era um estudioso inveterado. Eram apreciáveis os seus conhecimentos não só jurídicos como os das letras clássicas. Porque, na verdade, construir sonetos não é privilégio de muitos, senão de pouquíssimos mesmo. Entretanto, ele escrevia sonetos e publicava as suas crônicas semanalmente no Suplemento Mulher do Jornal de Notícias. Todavia, muitas de suas produções têm um sentido encômio e são cheias de um lirismo admirável. Reivaldo publicou somente um livro. Um belíssimo livro de reminiscências intitulado de “O Menino Pescador”, mas o bastante para eternizar-se nos meios acadêmicos, uma vez que as críticas em crônicas lhe conferem todos os atributos necessários para o seu ingresso nos pórticos das letras.
A Cadeira 21 do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, que tem como patrono o ilustre poeta-cordelista Cândido Canela e a Cadeira 40 da Academia Montesclarense de Letras, que tem como patrono o ex-ministro da viação, doutor Francisco Sá, estarão vagas com a morte do confrade Reivaldo Canela. Não obstante os propósitos de uma reflexão mais aprofundada sobre os mistérios da vida/morte, é que nós temos a certeza que o confrade Reivaldo Canela cumpriu a sua tarefa aqui na terra, com talento, com dignidade e com honestidade. Certamente que outras atribuições ele terá que desempenhar no espaço celestial, até porque não foi por acaso que o Criador o chamou, ainda tão cedo, para junto de si. Assim como o seu pai, o poeta Cândido Canela, o nosso confrade Reivaldo Canela vai, também, deixar para a posteridade um nome honrado que agora rebrilha a tradição de seus ancestrais.

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