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montesclaros.com - Ano 25 - quinta-feira, 18 de abril de 2024
 

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Mensagem: Depois de dias de chuva, o sol surgiu, trouxe luz e sombras claras. Tudo está admirável, radiante, resplandecente.
As plantas aprumaram-se, sacudiram as gotículas das folhas, empinaram-se altivas, vaidosas, em flerte com o sol, loucas para agradecer e exibir contentamento pela estiagem. A exultação é tamanha que alegra os passantes, os passarinhos, os andantes, os insetos e todo o entorno se multiplica em deslumbramento.
Defronte, de tanto espetáculo, de tamanha imensidão de detalhes, me amiúdo. Percebo minha pequenez e, só em olhos, mergulho nas minúcias da natureza. Desplumo da minha razão, sou êxtase, levado pelo prazer dos pormenores.
A beira do lago, não vejo água, miro apenas no seu, meu reflexo. Espelho do céu azul reflete pássaros que riscam a lâmina inerte e lisa. Bolas de nuvens, tufos de algodão, branqueiam o espelho que está a quarar ao sol.
Na margem, o seco cisco sem bolor, embola cascas de besouros e asas de mariposas. Aparto formigas do carreiro e me divirto com o seu universo bidimensional. Viajo no sobe e desce das suas escaladas acrobáticas, sem noção de estarem em cima, embaixo, de lado ou na vertical. Fico a contar e a observar as pernas dos insetos e suas serventias, as nervuras e dobradiças dos seus corpos. Submerso-me nos detalhes e transparências dos tênues tecidos das asas, desenhos de filó e crochê. Embasbaco-me com a fartura da natureza, com a multiplicidade do universo.
Porque nos prendemos a tão pouco e não nos rendemos a diversidade da vida?
Tropeço os olhos em sementes diversas em feitios, texturas e desenhos, infinitas em tamanhos - de minúsculos a descomunais - células da vida, multiplicadoras das existências.
Diante de tanto fascínio e deslumbre, ressuscito a consciência e comprometo-me a montar o meu museu da semente, o germe da vida. Passarei a colecioná-las, considerando tamanho, formato, função, cor e textura. Pesquisarei seus contornos, silhuetas e aerodinâmicas, a fim de saber como suas formas as ajudam a reproduzirem-se. Algumas planam, outras voam, outras tantas explodem e saltam em busca do sol, da luz, para germinar, crescer e proliferar.
Além de matizes variados, dos calibres diversos, elas têm os mais espantosos invólucros: uns são como uma bola, outros como uma espada, uma granada, uma hélice, uma espuma ou pluma, cápsulas que as ajudam na travessia da sombra para a luz, no pouso e no adubo do novo grão.
Espantosa engrenagem ininterrupta, ensinando que podemos nascer sempre, sempre que quisermos!

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