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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: BREJEIROS. Valdevino, negociante e o farmacêutico França eram eméritos moradores do Brejo das Almas. Compadre de festa de santo como manda a tradição local, molhavam os beiços com uma boa cachaça Parati. Às vezes tomavam uma Gameleira com “rusarô”, lambiscadas por Lincoln Silveira. Estávamos em 1940 e as únicas novidades que chegavam eram notícias sobre a Segunda Grande Guerra Mundial, via Repórter Esso, na bela voz de Erón Domingues. Cansados do marasmo campesino, os dois compadres combinaram uma viagem à Canabrava. Rever amigos comuns, tomar uma branquinha, trocar dois dedos de prosa, essas coisas... Matutaram a empreitada, arrumaram a matula, com uma boa farofa de carne de sol, cabaça de água, palha tenra para o cigarrinho, um pedaço de fumo goiano com raiz de carapiá. Pendente na cabeceira da sela, embornal de milho para as montarias e na cinta os Shimitão 38 Torre. Logo estrepitava estrada afora os alazões pelos 17 quilômetros rumo ao destino projetado. Chegando ao Riachinho, onde hoje fica a Penitenciária Federal, “apiaram” para tomar um gole de água cristalina, comer um punhado de farofa e, em seguida, pitar o cigarro de palha. Rompendo pela estrada a uma boa hora de cavalgada, França deu por falta da sua pirata de estimação. Valdivino retornou, queixando-se e resmungando da distração do compadre França. Afirmou que ao retornarem ao Brejo, sendo ele farmacêutico, faria uma manipulação com fosfato para corrigir a falta de memória do compadre. Ao se aproximarem do Riachinho, onde há pouco haviam feito a ponga, o França apontando disse: “Veja compadre! Tem uma pessoa sentada no lugar que apiamos. Vai ver, já apanhou a minha pirata!” O suposto personagem nada mais era do que o paletó amarelo de Triunfador que o Valdevino também esquecera no local. Deixara pendurado a um galho servindo de cabide... Já Manoel da Vovó perdeu uma das mãos em acidente e para mudar o destino foi trabalhar na terra da garoa. Alguns anos após, já abarrufado de grana e com o quengo desanuviado, retornou à sua urbe vestindo terno de casemira Aurora. Chegou pisando em solo pátrio calçado com sapato Faggione de duas cores e falando arrastado que nem paulista. Vendo um garoto na parada de ônibus foi logo perguntando: “Onde é a casa da Vovó?” Obtida a resposta, em seguida contratou o menor para carregar a sua mala de couro. Chegando a casa e vendo as partes de um grande porco pendentes ao teto por fios de arame, foi batendo palmas e perguntando: “A casa virou açougue Vovó?” Ato seguinte virou-se para o carregador, sacou do bolso uma moeda e arrematou: “Toma dez tons!” Logo logo montou uma espelunca na saída da cidade vendendo cachaça, fumo de rolo, farofa de carne, prato feito. Chegou uma turma grande de peões Vacarianos vindos de Paraopeba e contratados por empreitada para derrubar matas em fazendas locais. Um deles bebeu uma dose de Gameleira e logo reclamou que a farofa estava azeda. Manoel respondeu em cima do pedido: “É porque vocês não estão acostumados a comer carne bem temperada no vinagre!”.

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