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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: NENÉN DE PAIN. Haroldo Santos, também chamado pelos íntimos de Neném de Pain, ou Haroldo da Escola de Samba, era gerente do bar Destak na rua Melo Viana, aqui nos Montes Claros interior das Minas Gerais. Solteirão convicto e, fiel devoto de São Jorge Guerreiro. Portava sempre na carteira ou no bolso do paletó, um santinho do seu protetor, na sua imagem lunar, entre crateras e a chuchar o feroz dragão com sua lança pontiaguda. Realizava as suas obrigações com o santo, acendendo as suas velas, e executando os rituais no seu sanctorum doméstico. Sarava! Meu santo Orixá. Como e afro descendente, desde a tenra infância estava ligado aos mandingueiros, terreiros, candomblés, amolôcôs, terecôs e bocas de cabaça que abundam neste Norte de Minas. Recebeu o seu Exé em um terreiro de Umbanda de Mainha de Biriba em Livramento, na Bahia. Lá não se dava importância à decisão Papal em se deletar o santo guerreiro da hierarquia celestial, atitude tomada pelo Vaticano em represália ao aumento de fé nas raízes afro, pelo Brasil de meu Deus! Certa feita, juntamente com colegas de serviço e seus respectivos familiares, fretaram a baixo custo um velho caminhão Doge Cara Chata usado para carregar toros de madeira. O veículo os levaria morro acima. Iam para uma tradicional festa de santo na roça. A dita elevação, só era vencida de Toyota com chassi modificado e caminhão modelo “toco” com correntes de aço nas rodas dianteiras, isso dado ao aclive e respectivo declive íngreme e constante que se fazia até o platô e vice-versa, alem do solo arenoso e escorregadio. Era uma via dantesca! Às três da tarde terminada as festanças de roça, retornaram as origens. “Desciam morro abaixo no Cara Chata quando o motorista sentindo o frio provocado pelo óleo do burrinho mestre do freio que escorria no seu pé direito botou a cabeça para fora da boleia e gritou a pleno pulmão:” pula todo mundo que o caminhão está sem freio!”“ Todos pularam menos o Neném de Pain que permaneceu com os braços apoiados no Santo Antonio da carroceria. Entre os que saltaram para o chão, braços e pernas quebrados, pescoços torcidos, mortos e feridos. O caminhão tendo só o nosso “Neném de Pain” como viajante se enganchou no primeiro barranco à direita do morro, levantando poeira. Nosso herói desceu da carroceria sem qualquer arranhão, e, ato seguinte, sacudiu o pó da roupa. “Seguindo o dito de Shakespeare: cada terceiro pensamento passa a ser sobre nossa sepultura, um colega de viagem, irritado com o braço quebrado gritou para ele em represália:” você não pulou por que sua lesma?”No que ele retrucou: “sou devoto de São Jorge Guerreiro”!” O outro rebateu: “que F.D.P. de santo é esse que seguro caminhão Cara Chata sem freio, ladeira abaixo?”. Neném de Pain tranquilamente tirou o santinho de papel do bolso do paletó mostrando-o ao interlocutor, identificando, assim, São Jorge Guerreiro, o protetor da sua devoção. Acontece que na gravura exibida estava só o pesado dragão soltando fogo pela boca. O cavalo e o popular São Jorge, já haviam caído no bengo desde o grito de alerta do motorista, por via de dúvidas... A boca era por demais quente, até para santo guerreiro!

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