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montesclaros.com - Ano 25 - quarta-feira, 27 de novembro de 2024
 

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Mensagem: HAROLDO CABARET Dezesseis horas e a Festa dos Sessentões transcorria em alto astral no salão de eventos do Parque João Alencar Atayde. Degustávamos uma saborosa comida de boteco preparada pela equipe de Marilúcia Bufê, regada a muita cana, “scotch” 12 anos, caipirinha rolando a vontade e eis que entra no salão o último dos convidados, o indefectível Haroldo Cabaret. Atrasado, como sempre! Para os leitores que não conhecem a história da nossa urbe nos anos 60, esclareço que esse garoto com pinta de artista da bossa nova, com seu boné ao estilo Jovem Guarda, descontraído, libertário mesmo, calça de moletom folgada, com a cabeça na lua, todo “relax”, para lá de Maraquesch e até de Bagdá. Um “ reaça”! Ele foi o personagem jovem da sociedade nos fins daquela década, que, enquanto os seus pais viajavam promoveu a Festa do Cabide, aquela muito falada e que muita gente boa gostaria de ter participado. Na entrada, os convidados, todos, eles e elas, tiravam a roupa, penduravam num cabide e, em pêlo, completamente nus, entravam festa adentro, na base do vale tudo e do tomara que dure. O maravilhoso festim baquiano Tupiniquim, infelizmente terminou mal, com a denúncia de invejosos não convidados, que, às escondidas, ninguém soube como, chegaram a filmar tudo, levaram a fita para o conhecimento da autoridade policial, com a lista de nomes dos alegres participantes, identificados, inclusive, de mão na massa! Como era de se esperar, deu o maior rebú! Haroldo adentrou no salão da festa dos sessentões, foi recebido com beijos e abraços, falou com todo mundo e como o gole era 0800, tudo de primeira e ninguém é de ferro, encheu o pandú. Pegou um fogo de leve e ficou estabanado!Apanhou o microfone do Juquitinha, que dava o seu “show” e incorporou a alma dos românticos! Fez o maior sucesso com vozes latinas e bossa nova e toda a galera o aplaudiu de pé! Em seguida, o cineasta Paulo Henrique Souto soltou a sua voz educada e cantou bossa nova do tempo do Beco das Garrafas, quando o saudosismo tomou conta dos que dançavam na pista e de todos os presentes. Haroldo, impagável, ficou fazendo fundo declamando e relatando pormenores da vida dos participantes, principalmente dos casais dançando e a galera adorou, ouvindo-se gostosas gargalhadas. Haroldo revelou-se um verdadeiro “show man”, improvisando, imitando voz de cantores. Sob o foco do holofote, incorporou um artista do “Actors Stúdio” e colocou uma cadeira vazia ao seu lado e passou a dialogar com um personagem invisível. Enquanto muitos dos participantes bebiam e dançavam, os demais, atentos, curtiam o incrível “show” e foram observadas cenas de ciúmes de cônjuges presentes, incomodados com o reencontro de ex-namorados que viveram eternos amores enquanto durou, como diria o nosso querido Vinícius. Aí, tome choro, abraços, velhos conhecidos recordando velhos tempos, amores e desamores lembrados e suspirados, amigos de infância e adolescência matando as saudades e prometendo de pedra e cal novos reencontros. E ninguém segurava o Haroldo Cabaret! Como estava incorporado, na medida em que se abastecia de bebidas a língua se soltava mais ainda. Contou até segredos de alcova e farras de boate dos presentes, com gente dançando nu nos anos 70! Tudo numa boa, num ótimo clima e só então deu para perceber que a alma que incorporou nele foi de um dos sessentões já falecidos, que voltou dos Hades para fazer uma vingança, contando tudo, mas, vencido pela alegria e o entusiasmo presentes à maldade virou piada. Não deu em nada e, muito ao contrário, ensejou muita gozação, muita curtição, que consagraram uma bela e inesquecível festa.

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