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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Como era belo o meu jornal ou o revisor de “O Jornal de Montes Claros” - Dedico estas lembranças ao doutor Avay Miranda, Juiz Federal, que me indicou como revisor - Testemunhei a lida jornalística de dentro da redação do memorável “O Jornal de Montes Claros”, quando ali trabalhei como revisor nos tenebrosos anos de 1973 a 1977. Escola de jornalismo, de cidadania e de vida. As grandes idéias oferecidas aos leitores formavam respeitosamente a opinião pública para a consciência das necessidades locais e regionais, muito além dos fatos cotidianos noticiados de forma precisa ou quase perfeita, e sem perda do primorismo lingüístico, tudo isso porque a ética e a seriedade significavam o que hoje é chamado de manual de normas e redação em todas as empresas de comunicação. Vi o jornal e jornalistas serem intimidados e coagidos pela censura do poder reinante à época, presenciei militares na porta do jornal, protegendo a vida ameaçada de seu redator-chefe, mestre Waldyr Senna Batista, assim como presenciei a mais bela das lições: a resistência de jornalistas forjados na honradez provarem que a força de um povo se realiza em sua liberdade de pensamento. Entendi imediatamente o porquê de “O Jornal de Montes Claros” possuir credibilidade irretratável, quando via seus repórteres correndo ao encontro da notícia onde elas estivessem, ou melhor, apurando pessoalmente as fontes “in loco” e na forma “in natura”. O jornal é um mundo dentro de outro. O colunista social traz os prazeres mundanos, o repórter policial descreve as nossas desavenças, o editor de esportes nos exercita, o analista político nos desvenda a arquitetura do poder e tantos outros profissionais e colaboradores complementam a colméia humana na fabricação do mel da vida. Fui designado, em 1976, pelo seu diretor doutor Oswaldo Alves Antunes, para pesquisar todas as reivindicações encampadas pelo “Mais Lido” em prol da cidade de Montes Claros e do Norte de Minas, desde as primeiras edições de 1951 até aquela data. Os registros compuseram a edição comemorativa dos 25 anos do jornal que aniversariava em setembro. Esse prazeroso mergulho histórico relembrou as incontáveis benfeitorias sociais, urbanas, políticas e econômicas concretizadas em razão das pioneiras campanhas jornalísticas, todas elas vitoriosas, conclamando a sociedade e retumbando junto aos líderes nacionais, estaduais e locais em prol da comunidade montesclarense e norte mineira. Dentre as muitas reivindicações, aqueles arquivos provam a queda de braço do jornal com os coronéis do nordeste brasileiro resistindo à inclusão do Norte de Minas como um dos legítimos beneficiários dos incentivos fiscais da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE. Como era belo viver a feitura de cada edição: imaginação e fruto do diretor, do redator, dos repórteres, do revisor, do linotipista (operador de uma enorme máquina chamada linotipo, que derretia as barras de chumbos para reformatá-las em notícias impressas), do tipógrafo (montador dos títulos das notícias, que encaixava letra por letra num esquadro metálico denominado componedor) – todas elas, tarefas manuais - até chegar à grande impressora. Pronto, eis o jornal, o expedidor distribuía aos assinantes e aos meninos jornaleiros que saíam em dasabalada e aos gritos de “... Jornal de Montes Claros de hoje...” numa algazarra pelas vendas garantidas. Hoje, entristecido, acompanho os meios de comunicações maltratando as notícias. (Geraldo Jorge Oliveira Gonçalves, 50, formado em Ciências Sociais, Ciências Contábeis e Analista Tributário da Receita Federal em Montes Claros, escrito em setembro de 2006.)

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