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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 22 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Identificado o autor do bilhete Alberto Sena Deslindado o mistério do autor do bilhete anônimo deixado no alpendre da casa do sargento Leite, na sede do Tiro de Guerra, o TG 87, lá pelas bandas da Vila Ipê, em Montes Claros. Quem leu o texto intitulado: “Veneno da Madrugada”, publicado aqui neste “montesclaros.com” sabe do que estou falando. É que o atirador Ornelas – Chico Ornelas – depois de ler a crônica, se é que posso chamá-la assim, telefonou-me dando nome ao boi, quer dizer, ao atirador. Imaginem todos como é que as coisas acontecem. 42 anos depois, o autor do bilhete se revelou em um encontro de atiradores realizado em Montes Claros, no final do ano passado. Fui convidado para o encontro, mas, infelizmente, não pude comparecer. Dia 29 de março deste ano, à tarde, eis que fui surpreendido pelo telefonema de Ornelas: “li a sua crônica e sei quem escreveu o bilhete”. Ele foi logo dizendo. E disse ainda mais: “participei do encontro e o caso do bilhete, por coincidência, foi um dos assuntos lembrados”. Ornelas, muito gentilmente, mandou-me todas as fotos tiradas na ocasião e pude ver que a nossa tropa se transformou, 42 anos depois, numa tropa de barrigudos, com algumas poucas exceções. Reconheci todas as caras, mas não me lembrei do nome de todos. Lembrei-me do nome do atirador Câmara (Roberto), hoje médico; o atirador Nélio, o próprio Ornelas; atirador Narciso (José Regino), irmão de Paulo Narciso; e do “cabo” Souto (ponho aspas em cabo porque tudo não passava de um arranjo dos sargentos; ele era atirador como nós; não tinha feito curso de cabo coisa nenhuma). Sobre o “cabo” Souto tenho uma historinha particular para contar. Num belo dia de sol, o sargento Marcos incumbiu o “cabo” de comandar o nosso pelotão. Ele ordenou que marchássemos levantando os pés nas alturas. Eu achei aquilo desnecessário e desobedeci ao comando dele. Ao que Souto veio correndo na minha direção, com toda autoridade de “cabo” e ordenou: __ Sena, marcha direito! Não dei ouvidos. Continuei marchando como achava mais sensato, pois não via necessidade nenhuma de levantar as pernas tão alto assim. Meu número de guerra era 10. Claro que o “cabo” ficou irritado com a minha rebeldia. Como estava no comando do pelotão, acho que ele tinha até razão, mas eu, já no final do exercício, com 58 pontos perdidos (com 60 pontos o atirador era excluído e mandado para a capital), com o saco cheio daquela coisa toda, teimei em continuar marchando diferente dos outros. Ao que o “cabo” Souto gritou: __ Sena, marcha direito! Continuei do mesmo jeito. Ele ficou possesso e gritou lá de trás: __ Se você não marchar direito vou chutar suas pernas! Eu disse: __ Venha chutar. É claro que ele não foi e me ameaçou: __ Vou dar uma parte de você ao sargento. Na sede do TG, ele cumpriu a ameaça e o sargento me chamou num canto para dizer que eu seria excluído porque já havia perdido 58 pontos. E completou: __ Você só não será excluído se o “cabo” Souto retirar a parte; converse com ele. Eu já estava para explodir de revolta daquilo tudo. Vivíamos em pleno auge do movimento Beatles e uma coisa que muito me incomodava era ter de cortar os cabelos tipo “príncipe Danilo”. Meus cabelos eram grandes, antes, e ao cortá-los a auto-estima foi lá embaixo. Ademais, tinha de acordar todo dia às 4h da madrugada, sendo que muitas vezes chegava em casa às 2h, vindo de alguma festa, coisa que naquela época acontecia com a maior freqüência, para me apresentar no TG às 5h em ponto. Ficava o dia inteiro igual zumbi, pingando de sono. Resultado: não conversei com o “cabo” e deixei o caso rolar. Sei que o atirador Câmara e outros amigos conversaram com o “cabo”, e ao final da instrução, o sargento reuniu o pelotão e perguntou: __ “Cabo” Souto, como é que fica; vai retirar a parte contra Sena? Ao que ele respondeu: __ Sargento, eu bem que podia não retirar, porque ele foi orgulhoso e não veio conversar comigo. Mas em todo caso, vou retirar. Foi um alívio. Imaginem, depois de tanto sufoco ter de ir para Belo Horizonte e perder mais um ano na vida? Mas, enfim, retomando o início do texto, pois acabei me divagando, foi deslindado o mistério do bilhete, como eu escreveria, naquela época, no “Mais Lido”, pois já era repórter cobrindo o setor de polícia. O autor foi o atirador 121, Atayde. E o que estava escrito no bilhete? Perguntei ao Ornelas. E ele me respondeu: __ Isto o Atayde não quis informar. Disse que nem no pau-de-arara revelaria.

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