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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O paginador competente Alberto Sena Ele era paginador do “Mais Lido”. Mas antes de falar sobre ele, o paginador competente, convém fazer um intróito aos que acabam de chegar. E para que não peguem o trem andando, saibam todos que estamos em plena festa virtual para celebrar “O Jornal de Montes Claros” – a “lenda” ou o “quase utópico”. Todos se lembram que pedi ao Waldyr Senna para me ajudar a compor o rol dos convidados. E ele, prestativo, fez a lista da qual já tomaram conhecimento, aqui neste montesclaros.com, onde circularam convites e todos foram convidados. Os vivos e também os mortos. Quando se lembrou de relacionar o nome do paginador competente, o Senna escreveu: “Marcionilio, antes do Zé”; e entre parênteses, a notícia: (“foi para Divinópolis (MG), onde morreu”). No JMC de antanho sempre sobrava um tempinho para ir à Oficina a fim de ver e ouvir o ruído característico das linotipos e observar a agilidade dos linotipistas digitando as notícias escritas à máquina de datilografia em laudas de papel jornal. As linotipos gravavam os textos em plaquinhas de chumbo e estas seguiam percurso razoável dentro da máquina até se formarem uma após a outra do lado do operador. Era interessante ver o passeio das plaquinhas de chumbo nas linotipos. Saíam quentinhas. Se se pusesse a mão queimava. Tudo ali na Oficina produzia ruídos. O das linotipos era gostoso de ouvir talvez até pela emoção que o repórter sentia ao ouvir e ver o que escrevera gravado no chumbo. O ar cheirava fumaça de chumbo quente. Dois eram os linotipistas – Walter Andrezzo e Milton Ruas. Andrezzo sempre manteve as unhas grandes. Era magro, levemente curvado para frente. Tinha bigode. Fumava que nem condenado. Os dedos das mãos amarelos de nicotina e voz sempre baixa; manso. Era um tipo mais parecido com noctívago jogador de carteado. Eficiente, muito bom de serviço. Respeitado. Milton também. Competente, ágil. Mais novo que Andrezzo, mas profissional. Tanto quanto o outro. O fato de Milton ser mais novo tornava-o mais acessível para se tirar uma pitada de prosa. Eram mais com ele as conversas. Milton fumava; nós fumávamos (agora mais não). Sobre o que falávamos nem me lembro. Não importa. Importante é a lembrança da pessoa. Lá no fundo da Oficina ficava a impressora. Daqui ainda pareço escutar o ruído dela. Movimento lento, barulhento. Quem pilotava a impressora era Tião Camurça. Segundo disse Waldyr ao me enviar o rol de convidados: “Tião Camurça (ainda vive), era cantor que “cantava”. Tião era também, na época, camarada engraçado. Gozador. Ele curtia com a cara de todos. Era eficiente com a impressora. Imprimia o jornal todinho e depois ia encher a cara de cerveja. Às vezes acontecia de a impressora quebrar e então era um deus-nos-acuda. Próximo da primeira linotipo, na entrada da Oficina, ficava a mesa sobre a qual havia bandejas de aço onde Marcionilio procedia à paginação das matérias gravadas em chumbo. Ele paginava de acordo com um esboço numa lauda de papel que Waldyr lhe entregava. As mãos sujas de graxa; o cigarro pendurado na boca; os olhos se fechando por causa da fumaça, Marcionilio organizava todo o material gravado no chumbo de acordo com o desenho, digamos, a “diagramação”. Marcionilio era de estatura média, os cabelos encaracolados, bigodinho matreiro. Era de sorriso fácil. Mas se atrapalhava nas palavras e às vezes não entendia o significado e assumia ares explosivos. Isto ele era: explosivo. Mas um bom sujeito. Do tipo que, sabendo levar, tudo se acerta. Depois que acabava de paginar uma a uma, cada página e tudo ficava pronto, Marcionilio passava cordão grosso várias vezes ao redor de cada uma formatada no chumbo e encima da bandeja. O cordão era para compactar de acordo a página e evitar o tal do empastelamento na hora de levá-la para Tião Camurça imprimir. Se acontecesse um empastelamento era o caos! Não me lembro se alguma vez aconteceu. Marcionilio era paginador competente, mas precisava ter com ele certo cuidado no trato. Contavam-se dele que, antes de ir trabalhar no JMC, quando ainda estava na oficina do Diário de Montes Claros, o ex-chefe quis elogiá-lo, dizendo: __ Você é paginador competente! Ao que Marcionilio respondeu, na bucha: __ Competente é a p.q.p!

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