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Mensagem: O desafio do século Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´ Em recente artigo para o montesclaros.com, o jornalista Waldir Senna Batista, o mais antigo e categorizado analista político do norte de Minas, na opinião de Paulo Narciso (que faço minha), traz do passado um relato que interessa. Conta o articulista que, pelos anos 1970, achava-se acesa uma campanha para ligar por assalto a BR-251 à Rio-Bahia. Argumento, que era válido: se economizariam 200 quilômetros no percurso, o significando expressiva redução no consumo de combustíveis. Ao chegar a Montes Claros para assumir o comando do 10º Batalhão da PM, o coronel Fleury, aderiu ao movimento, mas advertiu: ´Corremos o risco de nos arrepender do que estamos fazendo agora´. Experimentado no ofício, conhecedor dos problemas da violência, muito distante do que se transformou o país, no últimos anos submetido ao império das drogas, adivinhava o oficial o que sobreviria. De fato, o desenvolvimento regional se intensificou, mas - de modo simultâneo - a rota terrível das drogas se ampliou tremendamente. Montes Claros, a maior e mais importante cidade da região, viu-se invadida por gangues que querem consolidar de vez sua atuação. Repetem-se execuções sumárias, que alcançam a população trabalhadora, os cidadãos pacatos, as crianças indefesas, os adolescentes mal informados. Os moradores que podem protegem-se da malta, como sói acontecer nas cidades de grande porte e nas capitais. Constroem cercas, grades, sistemas de alarme, tudo eletrificado, mas incapazes de obstruir a fúria das quadrilhas, que nada têm a perder. Providências mais recentes se adotaram, principalmente a partir da integração das polícias Civil e Militar, do programa do Proerda, construção de presídios regionais, implantação de projetos sociais, novo sistema de policiamento, inclusive com disponibilização de equipamentos mais eficientes, helicóptero etc. Mesmo assim, continuou a matança, atingindo sobretudo os jovens incautos e já submetidos ao vício dificilmente reversível. A guerra pelos pontos de venda de droga se instalou na região e na sua cidade mais importante como nas megalópoles. Fizeram as autoridades muito no decorrer dos últimos anos, mas energia de agora parece já tardia, ou pelo menos atrasada. Mais uma vez também, os benefícios do progresso servem ao maléfico. Os eficientes instrumentos de comunicação são utilizados de dentro dos presídios para arquitetura de planos de disseminação de produtos e ampliar, ainda mais, o comércio ilícito. Alguns chefões, poderosos, se encontram trancafiados, de onde saem apenas para depoimento à polícia ou ao Judiciário. Mas a presença física se substitui pelos operadores, pelos produtores, pelos distribuidores, que construíram uma perigosíssima rede, que tem ramificações por todo o país e com as nações vizinhas. É difícil adivinhar se este conflito entre o bem e o mal, a sociedade constituída de um lado e os criminosos, de outro, terá fim e quando. O essencial é que não se dobre às gangues e que, pelos meios possíveis, se contenha evolução incessante e avassaladora do império. Na 11ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais, corporação de prestígio nacional e de glorioso feitos na história, há um outro comandante: o coronel Franklin de Paula Silveira, 47 anos, com 27 de carreira. Sucessor de Fleury, cabe-lhe a difícil missão de dar sequência à luta. Ele sabe que não se trata de embate apenas nas ruas, nos antros, contra os inimigos da lei e da sociedade. Em verdade, é preciso os cidadãos, as famílias, se engajem, porque é no seu âmbito, no lar, que a ação preventiva tem de partir. A criança, o adolescente, o jovem precisa ser orientado sobre causas e efeitos do grande desafio que vive a comunidade, afinal é de todo o mundo, neste princípio de milênio. Uma guerra que exigirá décadas e roubará inúmeras vidas, sobretudo das gerações moças de agora.
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