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montesclaros.com - Ano 25 - sábado, 23 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A VELHA PRAÇA DE ESPORTES, PEDAÇO DA HISTÓRIA. José Prates É Inacreditável porque parece mentira, a notícia de que, governantes montesclarenses num desrespeito à história da cidade, pretendem vender parte da velha Praça de Esportes para custear obras da Prefeitura. A notícia nos veio pela crônica de Waldir Senna, publicada neste Mural. O que esses ilustres administradores municipais pretendem, não significa, apenas, um desrespeito à história do atletismo montesclarense, levado ao pódio mais alto, em disputas estaduais, graças à velha Praça onde foram preparados para levarem Montes Claros à gloria esportiva, como foi a conquista do título .de campeão de vôlei em 1950 e lugar honroso no campeonato estadual de basquete, daquele mesmo ano. Se Montes Claros atingiu um nível honroso no campo desportivo, foi pelos seus jovens desportistas preparados por profissionais competentes e dedicados. Por que esse preparo foi possível? Porque tínhamos um espaço físico adequado aos treinamentos de uma juventude vibrante, interessada no esporte como fator de educação, incentivada por elementos como o Sargento Pimenta, dedicado mestre, cujo interesse maior era despertar e incentivar o interesse desportivo do jovem. A maioria absoluta dos que hoje habitam Montes Claros, não conheceu a Praça na sua plenitude de atividade, nem tomou conhecimento de sua importância para aquela juventude que tinha o prazer como motivo para prática do esporte. Ontem, não havia, como hoje, o profissionalismo como atração, que fez substituir o simples prazer pelo interesse de fama e dinheiro. Para quem despreza o passado e alheia-se à historia, é fácil esquecer tudo isto. Com certeza, os atuais dirigentes não viveram esse passado, nem procuraram saber o que aconteceu. Por isso, eu acho, a velha praça nada represente para eles. As obras da Prefeitura são mais importantes e estão a exigir o sacrifico da velha praça que será vendida como inutilidade. Gente? Ninguém pode esquecer que aquela praça não era simplesmente, um ponto de encontro de jovens namorados. Era sim, o ponto de encontro de uma juventude que amava o esporte e sentia orgulho daquele espaço único, consagrado às atividades desportivas, no norte do Estado. Podemos dizer do norte do Estado porque muitos jovens desportistas de cidades vizinhas, vinham para cá para treinamento. Ali estavam as quadras de basquete e vôlei, a piscina olímpica, a pista de corrida, a quadra de ginástica e tudo mais que fosse necessário à preparação do jovem dentro do esporte, motivo de prazer e orgulho de uma população que sempre amou sua terra. Lembro-me do jardineiro Benício, de tesoura na mão, acertando a folhagem dos fixus que cercavam a praça, enquanto outros cuidavam dos canteiros floridos que ficavam na área interna. Lá dentro, estava a alegria das aulas de ginástica; o apito dos treinadores nas partidas de vôlei. No salão do prédio da administração, a vitrola toca a meio som, o bolero “besa mucho, como se fuera la ultima vez”, para que dois jovens dancem agarradinhos, de olhos fechados, como se fossem anjos descendo do céu sobre a praça de esportes, orgulho da cidade e alegria da gente jovem. Naquela ocasião, duas coisas chamavam a atenção em Montes claros: a catedral e aquela praça. Nas famílias de classe média, casamento era feito na Catedral e churrasco aos domingos, na Praça de Esportes. Meu Deus! Será que tudo isto, que todas essas lembranças, não sirvam de desestímulo à mutilação e venda, sejam lá de que pedaço for, da velha praça, para satisfazer outros interesses? Acontece que hoje, em alguns lugares, a insensibilidade à historia, o desinteresse, falam mais alto, sobrepondo à própria razão. Assim, o que “é velho”, até mesmo nós, coitados idosos, é jogado fora ou deixado a um canto como coisa sem utilidade. Em muitos outros lugares, porem, cidade grande ou pequena, vemos prédios, monumentos, ou espaços que contam historias, cuidadosamente conservados com as mesmas características do passado, sem lhe modificar a fisionomia. Vamos ao Rio de Janeiro, aqui mesmo, pertinho de nós e contemplemos o casario da Gamboa; da Rua da Quitanda; o chafariz da Praça Quinze; a Quinta da Boa Vista com a casa imperial que lá está intacta, conservada, mostrando o passado; vamos á Roma antiga e passemos pelo Coliseu, seguindo até o Senado e de lá vamos até o cárcere onde estiveram presos os apóstolos Pedro e Paulo há vinte séculos passados. Em todos esses prédios ainda podemos contemplar as belas colunas gregas e a majestade das paredes, tudo conservado dentro do possível. Em Jerusalém, ainda se vê as colunas do Sinédrio. Ninguem pensa em demolir nenhum desses monumentos para construir nada em seu lugar. Ali está a historia de um povo que deve ser mantida intacta para conhecimento da posteridade. A Praça de Esportes, velha, sem utilidade talvez, mas, é história e como história, deve ser mantida. Montes Claros é uma cidade civilizada e isto deve mostrar ao Brasil, respeitando a sua história. Digníssimo Prefeito e Senhores Vereadores: Por favor, acordem para os fatos. Montes Claros tem uma importância muito grande no cenário político e econômico do Estado e é conhecida no Brasil inteiro como cidade progressista e altamente civilizada. Por que, então, desfazer essa fama mutilando a velha praça para satisfazer o que? Gastos da Prefeitura se existem outros meios de conseguir fundos sem mexer com a pobre Praça. Por que não conservá-la intacta, atraente como história para satisfação dos que vierem após todos nós? A cidade cresceu horizontalmente e, hoje, ela, a Praça, deve estar no centro comercial. Deixe que ela fique ali ocupando o centro da nossa historia desportiva. Sejam, senhores, sensíveis à história. É o povo que pede. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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