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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 22 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Retorno à barbárie Waldyr Senna Batista Montes Claros ultrapassou a marca dos 110 assassinatos neste ano, no exato momento em que o Mapa da Violência de 2012, editado pelo Instituto Sangari, revela ter sido ela a cidade mineira que registrou o maior índice de crescimento de homicídios no período entre 2004 e 2010. Foram assombrosos 41,45%. Nesse mesmo período, o índice de Minas Gerais foi reduzido em 20,1%. A divulgação desse dado, sintomaticamente, não produziu repercussão. Foi como se a notícia estivesse sendo esperada. Ou seria por que a população já se acha de alguma forma anestesiada para esse tipo de informação. No entanto, ela situa Montes Claros como “polo de violência”, seguindo tendência nacional segundo a qual a criminalidade caminha para o interior do País, deslocando-se das capitais e das regiões metropolitanas. Se essa tendência se mantiver, diz o estudo, em menos de uma década o mapa da violência se inverterá. Pelos critérios internacionais de avaliação por grupo de 100 mil habitantes, o número tolerável de crimes contra a vida em cidade com 363 mil habitantes seria inferior a 40. Tendo ultrapassado a alarmante cifra de 110 crimes, Montes Claros mostra que aqui se mata três vezes mais do que os limites de cidade medianamente civilizada. Fatores locais influem para essa posição macabra. O principal é o fato de a cidade estar a meio caminho da rota do tráfico de drogas que se origina nas fronteiras dos países sulamericanos produtores de cocaína em direção ao Nordeste. Mas este não deveria ser pretexto para alimentar a leniência dos dispositivos policiais no enfrentamento desse crime. Eles se limitam, burocraticamente, a classificar como consequência do tráfico de drogas 80% ou mais das execuções ocorridas na cidade nos últimos dez/quinze anos. Não sendo identificados seus autores, esses crimes permanecem impunes, o que significa que a sociedade em geral estará condenada a conviver, sem que o saiba, com assassinos perigosos. Outra constatação é que, se há tráfico de drogas em larga escala, é porque existe mercado em proporção equivalente ou facilidades suficientes para o exercício cada vez maior da comercialização, que leva à disputa de grupos de traficantes. As prisões circunstanciais de supostos chefes do tráfico, que continuam ditando ordens do interior das penitenciárias, não têm sido suficientes para conter a ação dos grupos de extermínio. O fenômeno não é exclusivo de Montes Claros. E o aumento da violência no interior do País, segundo o estudo do Instituto Sangari, seria resultado da estagnação econômica das grandes capitais e de maiores investimentos feitos no setor da segurança pública, que levam à melhoria da eficiência repressiva nos grandes centros, dando origem ao surgimento de novos polos no interior dos estados. A falta de políticas específicas para o combate à criminalidade em municípios de médio e pequeno portes, segundo o estudo, leva à interiorização da violência. “Consideramos que, para enfrentar as novas modalidades da violência homicida no País, são necessárias políticas públicas em condições de dar conta das recentes reformulações e deslocamentos”, termina o estudo. Os dados agora divulgados levam à conclusão de que a situação, que já é alarmante, tende a piorar. Tanto mais porque não se tem notícia de qualquer iniciativa do Governo do Estado capaz de enfrentar o tráfico de drogas e a criminalidade dele decorrente. As medidas em curso são rotineiras e, por isso mesmo, ineficientes. Ao final do ano que começa na próxima semana, as estatísticas voltarão a apontar o crescimento da violência em Montes Claros e nas principais cidades mineiras. Profecia fácil de ser formulada, exatamente porque inexistem políticas públicas para o setor. (Waldyr Senna é o mais antigo e categorizado analista de política em Montes Claros. Durante décadas, assinou a ´Coluna do Secretário´, n ´O Jornal de M. Claros´, publicação antológica que editava na companhia de Oswaldo Antunes. É mestre reverenciado de uma geração de jornalistas mineiros, com vasto conhecimento de política e da história política contemporânea do Brasil)

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