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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 24 de novembro de 2024
 

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Mensagem: Encontros de vida e arte Josué Gomes da Silva (Presidente da Coteminas) (Folha de S. Paulo 18/03/12, Segunda página)) Nivaldo Maciel (1920-2009) não é um nome nacionalmente conhecido, mas é um ícone da história do município de Montes Claros e do norte de Minas Gerais. Intérprete de modas de viola, poeta, seresteiro, sapateador, dançador de lundus e guaianos, tropeiro, aboiador, político, chefe de família e pai de 11 filhos, foi protagonista de positivas transformações em sua terra e nas redondezas. A trajetória desse brasileiro é retratada no livro ´Nivaldo Maciel - Encontros de Vida e Arte´, das pesquisadoras Marta Verônica Vasconcelos Leite e Raiana Alves Maciel Leal do Carmo -esta última descendente do biografado. A publicação, pela editora Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros), resgata valores do cotidiano, da cultura, da música e da poesia do interior mineiro. São caracteres peculiares a muitas regiões que vão se perdendo na poeira da comunicação de massa, das mídias digitais e da expansão demográfica. A identidade regional de nossa riquíssima cultura, conforme o exemplo das serestas de Montes Claros -iluminadas, junto com o casario colonial, por uma lua singular-, perde-se muitas vezes na efervescência desse século da informação sem limites e da competitividade exacerbada. Resistentes, escritores como Haroldo Lívio, da mesma região, insistem na defesa das peculiaridades: ´Montes Claros tem umas coisas que as outras terras não têm´, afirma no site da 93 FM, como, por exemplo, o Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez, referência em qualidade de ensino no gênero. Nesse imenso Brasil, cada cidade e cada local têm seus segredos, suas histórias, seus heróis, suas músicas, tudo diferente, inusitado! Precisamos redescobrir esse país mais sereno de tão pouco tempo atrás, com menos violência e individualismo e mais foco no dia a dia de trabalho, amor e solidariedade. Uma terra sem medo das noites e suas promessas musicais, com homens sem constrangimento de cantar à janela de mulheres tímidas e receber um sorriso nas doces madrugadas. Não se trata de saudosismo, mas de ansiedade na reconquista de um Brasil da alegria espontânea, do abraço amigo, do prazer de receber e de compartilhar. Virtudes que sempre encantaram todo mundo e forjaram personagens como Nivaldo Maciel e, também, Luiz de Paula Ferreira, inspirado autor da canção ´Montes Claros, Vovó Centenária´. Como observam as autoras da biografia, ´nesses caminhos nem sempre fáceis, prenhes das distâncias e carências da região, homens encantados pelas folias e por outros cantares aprenderam e ensinaram de maneira livre a arte da vida´. Não podemos abrir mão desse Brasil, que é de todos nós. JOSUÉ GOMES DA SILVA escreve aos domingos nesta coluna. (Segunda página, FSP)

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