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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: (...) A labirintite continua me perturbando, mas... Vamos lá: Quando Versiani, José Versiani, chegou a mim trazido por você, fez vir à minha mente um passado distante, passado de que hoje, me orgulho. Nos primeiros anos da década de cinqüenta, ainda jovem, jornalista inexperiente, no começo de carreira, de repente mi vi sozinho à frente da redação de um jornal recém criado já aceito e consagrado pelos leitores. Esse era o Jornal de Montes Claros no segundo ano de existência, sob ameaça de ser fechado. Esse jornal Idealizado por José Monteiro Fonseca começou a circular em setembro de 1951 com apoio financeiro do Capitão Enéas Mineiro de Souza, grande empresário e então Prefeito Municipal. O primeiro número saiu seguindo o mesmo estilo da Gazeta do Norte, jornal tradicional do lugar: as seis páginas com artigos escritos por pessoas de nome na cidade como Plinio Ribeiro, Alfeu Quadros, João F. Pimenta, Darcy Ribeiro, etc. e mais nada. Nessa ocasião, eu estava em Montes Claros, recém chegado de Belo Horizonte, transferido pela EFCB e tomei conhecimento do novo jornal. Em BH trabalhei da Tribuna de Minas, jornal de Ademar de Barros, como repórter de rua quando servia ao Exercito, de 1947 a 1949. A minha função no quartel, radiotelegrafista, permitia outros afazeres. Tomando, então, conhecimento da criação de um novo jornal na cidade,fui até a redação, procurei o Diretor que era, segundo me informaram, um médico, irmão do dr. Mario Ribeiro, mas, quem respondia por tudo era Zezinho Fonseca. Então, fui a ele. Apresentei-me como jornalista e conversamos sobre a oportunidade de criar uma imprensa de fato, com reportagens e vasto noticiário. A resposta foi que não podiam fazer porque não havia pessoal capacitado e não tinham condições financeiras para contratar pessoal de fora. Dias depois, sabendo quem eu era e minha disposição para o trabalho, aceitaram minha oferta como repórter, mesmo sem remuneração. Por uma vizinha que tinha uma filha doente, fiquei sabendo de um centro espírita que fazia clinica médica, receitando e vendendo remédios. Isto me ficou na cabeça e pensei numa reportagem para a Tribuna de Minas. Como o JMC me chamou, reportagem foi para ele que a publicou na primeira página, causando na cidade um grande reboliço. O Delegado abriu inquérito e a clinica espírita parou de funcionar. Fui, então, mantido como repórter. Procurei, então, a Delegacia de Policia cujo Delegado Especial era o Cel José Coelho de Araujo e a ele apresentei-me como repórter do JMC. Foi aquela admiração. Coisa inédita na Delegacia: um repórter. Estava, assim, implantada em Montes Claros a imprensa de fato com um órgão noticioso publicando reportagens sobre acontecimentos na cidade e um noticiário policial trazendo a publico fatos que fossem dignos de registro. Esse tipo de imprensa, Montes Claros não conhecia e foi uma revolução, ganhando o jornal o apelido de “o mais lido”. O entusiasmo dos que faziam o jornal era grande. Foi, porem, diminuindo com o passar do tempo por um motivo simples: não havia remuneração para ninguém da redação. Era um tipo de jornalismo amador, num trabalho exclusivamente por amor à arte. Remunerados eram, apenas, os profissionais da gráfica, onde estavam Andrezzo, vindo do Rio de Janeiro acompanhando a linotipo, primeira da imprensa montesclarense; Dona Maria na expedição e Meira na composição e mais dois na impressão feita numa rotoplana. Na redação éramos: eu, José Monteiro Fonseca e mais dois de quem não me lembro os nomes, e na revisão eram o Professor Márcio Aguiar e Sylvia dos Anjos. A publicidade era conseguida por corretores que iam de loja em loja buscar um anuncio, de preferência para a edição de domingo que tinha maior numero de páginas. Jose Fonseca era o responsável pelas finanças do jornal e dessa parte, nós da redação, nada sabíamos. Não sabemos por que, no inicio de 53, Jose Fonseca afastou-se do jornal e com ele foram todos que colaboravam, ficando eu, sozinho na redação e mais o pessoal da oficina gràfica. Parecia haver a intenção de fechar o jornal. Eu, porem, assumi o compromisso com o pessoal da oficina de não permitir que isto acontecesse e enfrentando todas as dificuldades, mantive o jornal em atividade, mesmo com a saída de Zezinho Fonseca. Foi, então, que descobri que o Jornal de Montes Claros não estava legalizado como pessoa jurídica. O jornal era impresso em papel comum, comprado ali mesmo no armazém de Armenio Veloso. Foi, então que procurando saber por que era assim, fui informado que não podia usar papel de imprensa, o linha dágua como a Gazeta, porque não era legalizado. Fui, então, ao Capitão Eneas, na sua residência e contei o que acontecia. Ele mandou que eu procurasse o seu secretário e falasse com ele. Fui a esse secetario e expliquei o que estava acontecendo. Depois de me ouvir, perguntou se eu ttinha condições de resolver o assunto. Respondi que primeiro, necessitava de um contador para criar e registrar a firma. O resto seria depois. Isto foi feito com grande ajuda de Candido Canela. Depois de legalmente constituída a firma, com procuração do Capitão Eneas, parati para o Rio de Janeiro onde fiz o registro do titulo no Departamento de Propriedade Industrial e a firma como importadora de papel de imprensa. Existia na Praça Mauá uma firma que fazia tudo isto para os jornais do interior, importando o papel da filandia. Depois de tudo pronto, chegou pela Estrada de Ferro a primeira remessa do papel linha dágua e o JMC tomou cara nova, cara de jornal. Levei o jornal até 1954 quando o saudoso dr Oswaldo Antunes o adquiriu. Com ele trabalhei cerca de seis meses, quando fui admitido radiotelegrafista da Real Aerovias, depois removido para o Rio de Janeiro, onde resido. Posso dizer que no JMC aprendi muito porque ali exerci, de fato, o jornalismo. Lamentei a sua extinção. (José Prates, 84 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores)

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