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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 29 de março de 2024
 

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Mensagem: Um passeio por Belterra Manoel Hygino Há muito, buscava inteirar-me, ou pelo menos me aproximar, da história da aventura amazônica de Henry Ford, na América do Sul, mais exatamente no Brasil. Antes da Segunda Grande Guerra, ele decidiu estabelecer por aqui um grande centro de produção de borracha, para atender à demanda prevista fundamental aos Estados Unidos caso houvesse, como houve, o grande conflito que convulsionou o mundo. A Clevelândia, território e iniciativa de Ford no norte do país, tem sido pouco focalizada pelos estudiosos do tema Segunda Grande Guerra. E, ainda, por quantos se dedicaram até agora a focalizar o império de um dos mais poderosos empreendedores da indústria automobilística. Sabia-se que, no Pará, se realizou a experiência do magnata norte-americano, que completaria 70 anos de falecimento em 2017. Não se dedicou ainda, todavia, mais longa e profundamente ao tema, até porque a Fordlândia, que inspirou um estudo publicado por Alexandre Samis (que não localizei em livrarias), perdeu-se no vendaval do tempo. “Choro por ti, Belterra”, de Nicodemos Sena, autor que já considero referência por esplêndidos livros, vem preencher esse vazio. Nascido em Santarém, do Pará, ele resgata a história de Clevelândia, ou Belterra, cidadezinha daquele estado, que guarda resquícios do que Ford construiu no norte brasileiro. Lançado neste princípio de ano, pela Letra Selvagem, que o próprio Nicodemos criou e dirige em Taubaté, SP, “Choro por ti, Belterra”, não é romance, livro de memórias, nem reportagem. Em todo caso, pode situar-se nas três divisões. Para Adelto Gonçalves, é “um texto híbrido que se assume como uma crônica repassada de lirismo, uma narração das vicissitudes vivida pelo narrador em companhia do pai, que faz, com a ajuda do filho, uma viagem de retorno à infância para reencontrar todos os fantasmas que ainda assolam seus pensamentos”. A narrativa sintetiza a viagem que o autor fez a Belterra, o que sobrou de Fordlândia. Descreve os sentimentos do pai, ao rever a época e o local da infância e da adolescência; algo muito especial para quem se interessa pelo singular experimento no Brasil e com brasileiros. A viagem de reencontro com a terra que Ford sonhara é sentimental, podendo ser contada em cada seringueira remanescente, em cada casinha que resistiu ao tempo e às circunstâncias. Pai e filho se perdem naquelas remotas regiões, procurando localizar o passado, marcas e marcos de um tempo pouquissimamente reconhecível. Bernardino Sena, pai do escritor e peça importante na descrição, observou: “Os norte-americanos não eram bonzinhos, como querem se mostrar, mas trouxeram cosias boas que o nosso povo não soube aproveitar como educação e disciplina no trabalho”. Os locais e personagens da curta peregrinação por Belterra tocaram os dois Senas e tocam aos leitores, que aprendem sobre aquele Brasil mais do que em livros didáticos. Um dos humildes residentes da terra observa: “Faz anos que Belterra virou cidade, mas esgoto e água encanada ainda não chegaram para estas bandas. Os senhores me perdoem, mas não estou reclamando e até sou feliz aqui. Ninguém se importa com a gente, mas também ninguém tem coragem de nos arrancar daqui, se bem que quisessem”.

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