Governo italiano vai ao Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, recorrer da decisão brasileira sobre Battisti, que foi solto de madrugada
Quinta 09/06/11 - 7hO governo italiano lamentou a decisão do Supremo Tribunal Federal de não extraditar o ex-ativista de esquerda Cesare Battisti, e afirmou que irá recorrer da decisão brasileira em outras instâncias internacionais, inclusive no Tribunal Internacional de Justiça de Haia. O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, afirmou em um comunicado oficial que a decisão da Justiça brasileira "não levou em consideração a expectativa legítima de que se faça justiça, em particular para as famílias das vítimas de Battisti". Além da negativa de extradição, o STF também decidiu libertar Battisti, detido no Brasil desde 2007. Battisti foi solto na madrugada desta quinta-feira e seguiu para um hotel. O italiano fez parte do "Proletários Armados pelo Comunismo", grupo terrorista de extrema esquerda que atuou na Itália dos anos 1970. Hoje com 56 anos, Battisti foi condenado à revelia na Itália em 1993 à prisão perpétua por quatro mortes e tentativas de assassinato cometidas pelo grupo em que atuava. Ele sempre negou a autoria dos crimes e disse que sofreu perseguição política.
FERE AMIZADE
Silvio Berlusconi, primeiro ministro da Itália, afirmou que recebeu a decisão do Supremo com profundo pesar. No comunicado, disse que a soltura do refugiado não leva em conta o desejo de justiça do povo italiano e, em especial, dos familiares das vítimas do terrorista. "A Itália, respeitando a vontade do Supremo Tribunal Federal, continuará sua ação e ativará as oportunas instâncias jurídicas para garantir o respeito dos acordos internacionais que unem os dois países, cujas histórias são marcadas por relações históricas de amizade e solidariedade", completou.
O presidente italiano, Giorgio Napolitano, enfatizou que sua reação resume-se a raiva e pesar. Em comunicado, disse o governo do país que o Supremo violou os acordos e tratados de amizade entre Brasil e Itália. “Lamento a decisão, que contrasta com as relações históricas de amizade entre Brasília e Roma, e reforço minha solidariedade às vítimas dos crimes hediondos de Battisti”, afirmou Napolitano.