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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: O BARÃO DOS MONTES CLAROS

Nariz adunco, rosto afilado, cabeleira de lorde, estatura média, esguio, imberbe. Estando parado parecia um Capo nova-iorquino, atrás de um sorriso sátiro, próprio dos sagitarianos. Um tipo característico dos habitantes do norte da Itália. Nascido em Formigas, em 20/11/1927.
Este era Ururaí Filpi, um elegante cavalheiro, montes-clarense de criação e coração. Cedo aprendemos a ter a sua amizade e a chamá-lo de Barão. Gesto comedido, simétrico, articulava as palavras intercalando o jogo de cena como um ator de estúdio. No fundo não gostava do seu primeiro nome. Dizia ser nome de índio.
Olhar penetrante, escondido atrás da sua sobrancelha cheia ao estilo sátiro. Tinha a alegria de viver, viajou pelo mundo, conhecia aos segredos da sobrevivência e a psicologia das pessoas. Antevia intuitivamente a reação do interlocutor.
Hábil jogador, mestre do pano verde, da ficha e da mesa de campista. Era um campeão no pôquer! Fez história em rodadas pelas noites montes-clarenses e das grandes metrópoles, onde impunha respeito pelo seu porte e por suas habilidades naturais.
Como parceiros habituais na terra de Figueira, Maroto, Nenên Trindade, Vicente, Belarmina e Preta Reis.
Quando jogava apostado, era uma águia, intuitivo, dobrava a aposta sempre confiando no taco e na sorte! Quando os demais parceiros de mesa iam buscar farinha e ases, ele vinha trazendo trinca de rei, dama ou valete, com farinha Morro Alto! Era tiro e queda!
De paixão, teve uma com a Paloma. Paixão contemplativa, platônica, pela loura escultural da boate Papillon. Pura contemplação táctica pelo visual sofisticado da dama da noite. Fumaça de amor bandido! Amores efêmeros, chamas temporárias de prazer.
Bom de prosa, falava da noite, dos prazeres de bon vivant, dos amigos diletantes, do pano verde, das alcovas, da elegância e afirmava que o trabalho puro e simples endurecia o homem. Confirmava, com sua prosa, o dito de Borges: os soldados que estão para entrar na batalha, falam do barro ou do sargento.
Vestia com tal capricho e esmero que chamava a atenção por onde passava mesmo nas grandes metrópoles, onde aventurava um terno tropical inglês, camisa de seda importada, cinto, chapéu e sapatos sempre combinando, e uma bengala com cabo de baquelita, beije. Ou seja: um autêntico dandi.
Não era santo de pedra sabão e nem querubim banhado a ouro, quando esnobava, dava baforada em um elegante charuto Havana puro, ou mesmo um Bahia tipo exportação. Perfume usava o Lorigan ou o Nuit de Noel, um saudosista clássico! Chegava ao requinte de vestir uma capa de gabardine raglante por cima do terno.
Sabia entrar e sair de todos os lugares, um bem chegado era um afortunado, dotado da buena dicha cigana, tinha os bolsos sempre abarrotados de grana. Carregava o pacurú de cédulas preso entre o cós da calça e a barriga. Com a ponta da camisa posta para fora, camuflando.
Sempre se dava bem com as mulheres, as dominava mesmo, pois era um conhecedor da psicologia e dos humores cíclicos femininos. Sabia da mística auditivo-cerebral da mulher, conhecia o seu lado anjo e demônio. E como era adepto da filosofia Balzaquiana, repetia o dito do mestre:
As mulheres amam, por exigência, as contradições, as incoerências e os maus sujeitos.
Daí, sempre se postou ao lado delas, como um lobo mau, de boca enorme, implacável! Virou lenda!

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