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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: A água dos caminhões
Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Dou-me à cachimônia de ler notícias sobre a pobreza e os pobres deste país, contrariando o que ocorre corriqueiramente, porque existem os que têm aversão por esse segmento sofrido da população. Antes de entrar no assunto propriamente dito, examino a palavra “cachimônia”, popular, de origem ignorada, usada outrora pelo meu pai. Há anos não a ouço de outra boca. É pachorra, ou algo assim.
Temos de nos convencer e admitir que há gente pobre neste país. Numerosos.
Tenho mais contato com eles do que com os privilegiados, os ricos, a elite, até porque aqueles são numerosos demais. Não se deve atrelar às belezas coloridas das novelas de televisão ou das praias de mar azul, palmeiras ao vento, areias limpas, ocupadas pelo que há de mais belo no espécime humano, em dias de sol resplandescente.
Para chegarmos às esfuziantes belezas da orla marítima, temos de viajar. Para encontrarmos os pobres, os carentes, os indigentes, os despidos de esperança e rotos de roupas, basta andar cem metros.
Nem isso. É suficiente sair de casa. Eles estão nas praças, nas ruas, nos passeios públicos, nos bancos dos logradouros, na sarjeta, nas filas para tudo e que nada, via de regra, resolvem.
Pessimismo ao extremo? Li a seguinte mensagem, do município de Pedra Azul: “Peço ajuda para que entrem em contato com o coronel do Exército para nos enviar água, pois a situação aqui é muito feia, só temos uma água salobra, não temos emprego, mas graças a Deus temos um terreninho para passar o resto da velhice.
Agora os caminhões-pipa pararam de nos trazer água, e dizem que o coronel mandou parar; pelo amor de Deus, que leve esta notícia ao coronel, pois aqui é muito longe, onde só encontramos uma água salobra, salgada; nessa nossa região, a chuva é muito difícil, pelo amor de Deus, façam alguma coisa”.
Procurei esclarecer-me.
O 555º Batalhão do Exército suspendeu a Operação-Pipa de fornecimento de água potável ao Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha, com abastecimento comprometido pela estiagem.
O programa atendia 32 municípios e a suspensão decorreu de determinação do Ministério da Defesa, uma vez esgotados os recursos repassados pelo Ministério de Integração Nacional.
Tão logo fortalecidos os recursos, o serviço, de tão elevado sentido social, assistencial e humano, voltará, havendo 500 pipeiros cadastrados.
Desde outubro de 2007, o Exército fazia essa distribuição às comunidades.
O programa é emergencial. São analisados os decretos de situação de emergência em Águas Formosas, Berilo, Buritizeiro, Carbonita. Crisólita, Malacacheta, Miravânia, Nova Porteirinha, Novorizonte, Olhos D’Água, Padre Carvalho, Poté, Riachinho, São João da Lagoa, São João da Ponte e outros. Não se tem direito de deixar estas populações à míngua de algo essencial à vida.
Ademais, é sabido e consabido que o governo gasta dinheiro “como água”, que me perdoem o trocadilho.
Nas duas casas do Congresso, por exemplo, há uma torneira ligada a uma tubulação de grande diâmetro, despejando recursos elevados no vaso do desperdício, como no caso das Diretorias do Senado.
Ainda bem que, para resolver o problema, pensa-se criar uma nova Diretoria para cuidar das remanescentes. Este país é sério?
Esses pequeninos cidadãos brasileiros, que não se envolvem em invasões de prédios públicos e propriedades privadas, que não causam prejuízo ao patrimônio de quem quer que seja, precisariam ser lembrados na hora de definição de programas de governo.
Deve existir algum meio de ajudá-los na ampliação de sua produção, de orientá-los quanto à sua lavoura.
Ficar sem água, nem imaginar!

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