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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Morte na quaresma

Manoel Hygino - Jornal ´Hoje em Dia´

Nascido em famílias bravas, dos Melo Franco por um lado, e dos Alves, com intensa atuação política em Minas Gerais em época de grande tensão, Márcio Moreira Alves é do Rio de Janeiro e lá morreu, no Hospital Samaritano, em 3 de abril. Nunca foi partidário do silêncio, como nunca o foram seus ancestrais de Minas. Os Melo Franco e os Alves representaram o Estado na Câmara Federal e, dos segundos, dois foram médicos e importantes personagens no palco político norte-mineiro, com ênfase em Montes Claros: Honorato José Alves e João Alves integram esse clã ilustre, que viveu no interior duros embates marcados por turbulência e sangue.
Márcio nasceu em 14 de julho de 1936, seis anos após o episódio da violência de 6 de fevereiro de 1930, que Assis Chateaubriand classificou como “emboscada de bugres”. O episódio alcançou repercussão nacional e contribuiu para apressar a revolução.
Márcio Emannuel Moreira Alves começou carreira como jornalista aos 17 anos, no “Correio da Manhã”, no Rio de Janeiro. Passou por grandes órgãos da imprensa, conquistou o Prêmio Esso em 1957, com a cobertura da crise política em Alagoas, com a invasão da Assembleia Legislativa, em que foi baleado. Mas mandou a matéria para a redação.
Eleito deputado federal durante o regime militar, boicotou as festividades de 7 de Setembro, em protesto pela intervenção na UFMG (Aluísio Pimenta era o reitor). Condenou a brutalidade das ações policiais, a caça a líderes estudantis, prisões e espancamentos.
A condenação pública ao regime, em discurso na Câmara, resultou a cassação de seu mandato. Exilado no Chile, passou à França, por Cuba e Portugal, regressando ao Brasil em setembro de 1979, com a anistia. Foi um jornalista firme e um intelectual incoercível.
Na capital Federal, residiu em casa alugada, no Lago Sul, com Edgar da Mata Machado, Eugênio Doi Vieira e Davi Lerer. Era a “república socialista do Lago”, porque seus moradores eram deputados de esquerda. O próprio Márcio, como registrou Gilberto Dimenstein, dizia que não passava de um lugar semideserto, por onde passeavam à noite lobos guarás, corujas e cobras”. Tudo mudou. Mas hoje, conforme Dimenstein, “palavras como ‘imperialismo’ e ‘ditadura do proletariado’, ou personagens como Mao, Guevara e Luís Carlos Prestes, soam distantes”.
Para defender-se da cassação, Márcio Moreira Alves citou a profecia de Isaías: “Pois eu vou criar novos céus e uma nova terra. O passado não será mais lembrado, não volverá mais ao espírito, mas será experimentada a alegria e a felicidade daquilo que eu vou criar. Serão construídas casas que se habitarão, serão plantadas vinhas das quais se comerá o fruto. Não mais se plantará para que outro se alimente. Os filhos do meu povo durarão tanto quanto as árvores, e meus eleitos gozarão do trabalho das suas mãos. Não trabalharão mais em vão, não darão mais à luz filhos destinados a uma morte repentina.”

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