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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 23 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Erro da polícia deixou maníaco solto - Marcos Trigueiro teria sido preso por morte de taxista se inquérito tivesse sido montado de forma adequada - Cláudia Rezende, Gabi Santos e Carlos Calaes - O “Maníaco do Industrial” não teria matado as cinco mulheres se o inquérito policial pela morte do taxista Odilon Eustáquio Ribeiro, em 2004, tivesse sido montado da forma adequada. De acordo com o Ministério Público (MP) de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde corre o processo, há, pelo menos, quatro falhas no documento que impediram que fosse pedida a prisão de Marcos Antunes Trigueiro, 31 anos, acusado pela morte de cinco mulheres e, também, do taxista. Nesta sexta-feira (26), ele confessou ter assassinado as mulheres nas regiões do Bairro Industrial, em Contagem, e do Barreiro, em Belo Horizonte. Ele também é acusado da morte da própria filha adotiva, Mariana da Silva Trigueiro, em 2004, então com 3 meses e 22 dias, por espancamento. Assim como o caso de Odilon Ribeiro, a história do bebê teria ficado perdida na delegacia de Ibirité, na RMBH. E há, ainda, um inquérito em Contagem imputado a Marcos Trigueiro e referente ao assassinato de um tio do acusado. A investigação está com a delegada Ana Maria Paes. O promotor criminal de Betim Márcio José de Oliveira recebeu, ontem, o processo relativo à morte do taxista, que estava com 59 anos quando foi morto, e ficou perplexo. “Estou muito chateado com o caso. Era para ele estar preso. Como promotor, estou revoltado porque era para as mortes das mulheres terem sido evitadas. Ele (Marcos Trigueiro) tinha tudo para estar preso. É lamentável”, afirmou. Segundo ele, havia elementos suficientes no caso para que o acusado tivesse sido indiciado e preso, porém, uma sequência de falhas teria impedido a prisão. De acordo com o promotor, Marcos Trigueiro foi preso no dia 9 de setembro de 2004, dois dias depois da morte do taxista. A Polícia Militar chegou até ele depois de rastrear o celular da vítima, que estava sendo utilizado pelo suspeito e então namorada dele, uma menor de idade. Além dele, a menina – que tinha 16 anos – foi detida e outras pessoas, que estavam com partes do veículo do taxista e seriam receptadoras das peças. No boletim de ocorrência, consta que Marcos Trigueiro confessou ter matado Odilon Ribeiro, mas, na delegacia, ficou em silêncio e não admitiu o crime. Ele teria, ainda, acusado um homem chamado Joílson de ter disparado o gatilho, mas, depois, teria voltado atrás, assumindo o crime. No dia da prisão, a promotoria de Betim teria pedido a prisão preventiva – com data indeterminada – do acusado porque não configurava mais flagrante. No entanto, a Justiça concedeu prisão temporária – de 30 dias. “É aí que está o maior erro. Nesses 30 dias, nada foi feito no inquérito policial. Nada. Ninguém foi ouvido. Só foi juntado o laudo dos bens do carro do taxista que foram encontrados com os suspeitos. Mais nada. Foi o grande erro”, afirmou. De acordo com o promotor, o laudo de necropsia – que comprovava que uma pessoa foi morta na ação – só foi anexado ao inquérito em 2007, três anos depois da morte. “O taxista foi examinado no dia 9 de setembro de 2009. Em 7 de outubro de 2009, o laudo já estava pronto e não anexaram ao inquérito. Só anexaram em 2007 e, mesmo assim, foi uma cópia, não foi o laudo”. Também representou problemas para a investigação a sequência de prazos que o delegado da época, Antônio Fradico de Araújo, pediu para concluir o inquérito. “Com réu preso, era para ter concluído em dez dias”, disse. Diante das falhas, o Ministério Público não pôde fazer a denúncia criminal do acusado e, em 29 de outubro de 2009, ele recebeu alvará de soltura. “Depois que foi solto, não teve mais nenhum andamento no processo, a não ser a anexação do laudo de necropsia”. Márcio José de Oliveira contou que o processo estava com a Polícia Civil até a última quarta-feira, quando retornou para o Tribunal de Justiça. Ontem, chegou às mãos do MP. “Agora, chegou com um relatório da polícia, indiciando o Marcos, mas sem o Joílson e os receptadores e não está assinado pelo policial responsável”, informou. Segundo ele, outro problema no inquérito é a falta de depoimento de Marcos Trigueiro. “Só foi ouvido na prisão em flagrante. Não foi ouvido mais. Ninguém foi ouvido. Ficaram 5 anos e 4 meses só para ajuntar o laudo de necropsia no inquérito”. Promotor fará diligências para indiciamento Com o processo nas mãos, o promotor informou que vai tomar duas medidas. A primeira delas é reunir as informações que não existem no inquérito. “Vou fazer diligências, ouvir o acusado, indiciar os receptadores, procurar o Joílson, porque, se ele ajudou a matar o taxista, não pode passar em branco, juntar o original do laudo de necropsia”, disse. Também pretende solicitar a uma emissora de TV da capital a cópia da reportagem feita em 2004 em que Marcos Trigueiro confessa ter matado o taxista. Depois disso, vai denunciar o acusado pelo crime. “Devo denunciar até a próxima terça-feira”, adiantou. Outro procedimento que será tomado por Márcio José de Oliveira é enviar à Corregedoria da Polícia Civil relatório sobre as falhas no inquérito policial. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que não vai se posicionar sobre a avaliação do promotor porque o órgão não foi notificado por ele. A assessoria de imprensa também não deu informações sobre a morte do taxista porque estaria, ainda, investigando a relação de Marco Trigueiro com o caso. A reportagem conversou, ontem, com o delegado Antônio Fradico, que afirmou que se lembra, vagamente, de Marcos Trigueiro, mas que nunca trabalhou no caso. O filho de Odilon Ribeiro – que pediu para não ser identificado – informou que não sabia que o caso tinha ficado parado por tanto tempo. “Não ficamos procurando saber do processo, até por nossas condições psicológicas, mas achei que estava correndo normalmente. É brincadeira ver como funcionam”, disse. Ele disse, ainda, que espera que o culpado pelas falhas sinta para que faça o trabalho com mais responsabilidade da próxima vez. “Se ele (Trigueiro) tivesse sido preso, seriam menos cinco pessoas a morrer”. As mulheres estupradas e mortas pelo maníaco no ano passado foram Adina Feitor Porto, em janeiro – empresária do setor de gesso, material com o qual o maníaco chegou a trabalhar – Ana Carolina Menezes Assunção, em abril, Maria Helena Lopes Aguilar, em setembro, Natália Cristina de Almeida Paiva, em outubro, e Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, também em outubro. A confissão dos crimes foi informada pelo chefe da Divisão de Homicídios, delegado Wagner Pinto. Segundo Wagner Pinto, já na quarta-feira (24), à noite, o maníaco havia confessado os crimes. O maníaco está preso para o cumprimento de um mandado de prisão temporária e que deverá ser transformada em prisão preventiva em 30 dias, a contar de quarta-feira passada. O delegado lembrou que Trigueiro, preso no Ceresp do São Cristóvão em cela individual, será indiciado como autor de crimes de latrocínio com várias qualificações: estupro, ocultação de cadáver e pelo fato de ter dificultado meios para defesa das vítimas. Poderá pegar até 200 anos de prisão.

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