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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: VIVI PEIXE GALO (Crônica dedicada ao nosso leitor NAZA, balconista da Freiopeças). Emérito morador do bairro Morrinhos, personagem de histórias em seus becos e vielas. Um cafuzo com biótipo de zulu. À bem da verdade uma mistura de índio, afros e expurgados portugueses de antanho. Magérrimo, ossudo, cabelo grande. Já aos 65 anos anda balançando que nem pato na favela. Penducando o equilíbrio com seus braços longos gingando entre os obstáculos da rua e as fubiuas desdobradas que atazanam o seu quengo tropical. Unhas grandes como as de Perséfone. Olhar de vaca pidona. Puro agá. Foi ele quem inventou a história do João Sem Braço! Não o compre pela aparência. Ele é cobra mais do que criada em laboratório da vida e da malandragem. Mestre do agapanto e do agapito. Passou e passa a sua vida no maior “dolce far niente”, ou seja, na ociosidade. Ele é pai e mãe da sugesta e, na sua adaptabilidade de vida, já bebeu absinto com tira-gosto de torrão de parede e picumã. Joga nas dez e bate com pau de dois bicos! Quando adolescente, juntamente com Duílio, João Batatinha, Marquinho do Destak e Pedro Emiliano iam tomar banho no rio Pai João. No caminho e como estavam todos lisos distraiam o vigia noturno do Matadouro Otani aplicando o golpe do distraído e surrupiavam bolas de salame. Ao passar pelos Bois, engambelava o bom Flávio Maurício fabricante da excelente cachaça lambicada. Para tal, dizendo portador de recado de vizinho próximo levavam a suposta encomenda fiado. Duas boas garrafas da mais pura com ‘rusaro”, para molhar a palavra na beira do rio. Já adulto, aplicavam no bar do Miltão, no tempo em que as portas do estabelecimento eram do estilo faroeste. Estando com o estômago roendo chegavam com um pão já aberto; Vivi pedia ao Pidoca para molhá-lo, de graça, com caldo de galinha caipira. O petisco galináceo ficava ao alcance da mão em uma panela no fogão próximo ao balcão. Enquanto Pidoca distraia, eles, ágeis, surrupiavam e engoliam com o seu bocão “de conforça” uma ou duas coxas da penosa. Pidoca desconfiado fazia perguntas e Vivi, de boca cheia, não podendo responder balançava a cabeça como resposta. Aplicava em Deus e todo mundo. Quando questionado no ambiente imediato, batia no peito e dizia ser ”a maior potência do mundo”. Contestado por ser muito magro, tez amarelada e olhar macambúzio, Vivi respondia: ”Sou magro, mas é tudo saúde!”. Só enfrenta quem agüenta!

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