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montesclaros.com - Ano 26 - terça-feira, 18 de novembro de 2025

Prefeito de M. Claros sobre os 41 venezuelanos despejados na cidade por prefeitura baiana: “isso é um assunto nacional, não local. Isso tem a ver com todo o aspecto do Ministério das Relações, sobretudo com os aspectos de asilados”

Terça 18/11/25 - 20h41

19h39, terça-feira, do jornal Estado de Minas, de BH:




Prefeito diz que não tem como manter venezuelanos e pede apoio da ONU
Chefe do Executivo de Montes Claros alega que município não tem estrutura para manutenção definitiva de indígenas venezuelanos que foram abandonados na cidade


Luiz Ribeiro





O prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães (União Brasil), afirmou ao Estado de Minas nesta terça-feira (18/11) que, embora esteja oferecendo assistência aos 41 venezuelanos, formados por sete famílias da etnia indígena Warao, incluindo homens, mulheres e crianças, que foram abrigados na cidade no sábado (14/11), a Prefeitura do Município não pretende manter o grupo na cidade de forma permanente. Também declarou que não pretende alugar “nenhuma casa” para os imigrantes ficarem no município em definitivo.

O chefe do Executivo anunciou que tenta contato com representantes da Organização das Nações Unidas (ONU) para dar uma solução para o encaminhamento dos indígenas venezuelanos, levando em conta que eles são “refugiados”. Argumentou também que a solução do problema dos imigrantes, que chamou de refugiados, é de responsabilidade do Governo Federal – do Ministério das Relações Exteriores, do qual também vai cobrar providências.

Segundo ele, a cidade-polo do Norte de Minas “não tem condições” de dar moradia aos imigrantes em caráter permanente e citou a “questão cultural” dos indígenas do país vizinho como um dos impedimentos para isso.


O grupo indígena da Venezuela, formado por sete homens, sete mulheres, das quais quatro gestantes, e 27 crianças, foi deixado na rodoviária de Montes Claros na madrugada do último sábado. Eles vieram de Itabuna (BA), a 681 quilômetros de Montes Claros, em um ônibus custeado pela prefeitura da cidade baiana. Conforme revelou o EM, antes de Itabuna, os venezuelanos passaram um período em João Pessoa (PB), onde chegaram há cinco anos.

Ainda no sábado, as famílias de imigrantes foram levadas para um abrigo improvisado no Ginásio Poliesportivo Ana Lopes, onde receberam apoio da prefeitura local, incluindo colchões, kits de higiene pessoal e alimentação. Eles permanecem no espaço, onde também contam com assistência social e atendimento de saúde, ofertados pelo Município.

Em entrevista ao Estado de Minas, o prefeito Guilherme Guimarães disse que enfrenta uma “situação extraordinária” e reclamou da forma “indigna” com que a Prefeitura de Itabuna encaminhou os venezuelanos para Montes Claros. “Uma prefeitura do interior da Bahia encaminhou de forma bastante indigna 41 pessoas para Montes Claros, despejando suas coisas na rodoviária aqui, colocando essas pessoas em situação de risco”, disse.

“Então, de forma humanitária, a prefeitura acolheu naquele momento (as pessoas) e as levou para um ginásio, e toda a equipe da prefeitura – várias secretarias: da Saúde, da Educação, do Desenvolvimento Social, da Defesa Civil e de Segurança – buscou fazer esse recebimento provisório”.

Como o primeiro ponto de obstáculo para a permanência dos indígenas da etnia Warao em Montes Claros, Guimarães mencionou que o grupo pertence a “uma população de característica indígena, com toda a sua cultura, e que não está adaptada – o que eu vejo – às nossas condições”.

“Nós entendemos que eles estão asilados no Brasil, fugindo de um país em regime ditatorial, totalmente cheio de problemas relacionados a uma série de questões econômicas, morais. Que naquele momento (sábado) a prefeitura os recebeu e agora eles estão em um ginásio, provisoriamente. Importante dizer isso provisoriamente, (porque) já estamos fazendo tratativas com instituições de controle, como o Ministério Público e a Polícia Federal (no sentido de resolver a situação)”, relatou o prefeito de Montes Claros.



“Agora já estamos buscando contato com representantes da ONU por serem refugiados, para que a gente possa fazer uma solução para essas pessoas”, disse o prefeito do Norte de Minas. Ele também argumentou: “isso é um assunto nacional, não local. Isso tem a ver com todo o aspecto do Ministério das Relações, sobretudo com os aspectos de asilados”.

“Montes Claros não tem nenhuma condição de recebê-los. Entendemos a sua cultura, mas não admitimos que crianças aqui em Montes Claros vão para sinais receber… buscar esmolas, (aliás), nenhuma pessoa. Então, nós não temos as condições adequadas para acomodar. A Prefeitura de Montes Claros não alugará nenhuma casa para eles ficarem definitivamente”, assegurou Guimarães.

“Então, a busca agora é de encontrar algum lugar que receba refugiados com essas características. É um povo indígena e entendemos a sua cultura, e aqui nós não temos condições (de recebê-los em definitivo)”, alegou.

E completou: “os nossos abrigos, que não são em números expressivos, mas buscam atender a comunidade local. Aqueles que vêm de fora, que estão em situação de rua, nós buscamos convencê-los a voltar para as suas cidades e, da mesma forma, nós vamos continuar nesse trabalho de convencimento e, sobretudo, de identificação de algum município que tenha condição de recebê-los”, assegurou.

BH como possível destino dos venezuelanos
O prefeito de Montes Claros disse que a capital mineira pode ser o destino dos indígenas venezuelanos. “Parece que Belo Horizonte tem uma estrutura nesse sentido (adequada). Aí, a prefeitura (de Montes Claros) está entrando em contato para fazer, de forma digna, a transferência para esse local adequado, que não será Montes Claros. Isso é importante dizer”, destacou.

Cidade acolhedora
Guilherme Guimarães afirmou que a prefeitura acolheu os venezuelanos e os colocou, temporariamente, em um abrigo improvisado, oferecendo todo o amparo de alimentação e assistência à saúde, pelo fato de Montes Claros ser “uma cidade acolhedora”. “É preciso reforçar que Montes Claros sempre foi uma cidade acolhedora, mas entendemos que essa situação é inusitada”, disse.

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