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Mensagem: Mais uma operação tapa-buracos<br><br> Waldyr Senna Batista<br><br>O que Lula falou aqui sobre estradas não foi exatamente o que, em Brasília, ele já havia mandado executar. Aqui, ele fez apenas o anúncio das medidas, dizendo que iria mandar recuperar a rodovia que liga Montes Claros a Curvelo. Mas quem ouviu entendeu, por conveniência própria, que o presidente estava atendendo o pedido que lhe foi entregue naquele momento e que ele não lera ainda, para a reconstrução da estrada. Rigorosamente, o que ele informava é que seria executada mais uma operação tapa-buracos, das quase uma dezena realizadas no trecho e que a cada ano, sistematicamente, foram levadas pelas enxurradas. É que o anseio dos ouvintes, de solução do problema, era tão grande, que houve recepção inadequada da mensagem. Na verdade, o chefe do governo nem se referia ao trecho crítico que tanto prejudica e preocupa a região, mas, sim, falava da operação emergencial constante de medida provisória, que já assinara e que abrange 26,1 mil quilômetros de estradas em 25 estados ao custo de R$ 440 milhões. Uma migalha em relação ao volume do estrago que transformou quase toda a malha rodoviária do país em imenso pesadelo, que o presidente precisou de exatos três anos de mandato para perceber. E ainda bem que percebeu. Mas como o pessoal havia preparado os ouvidos para a melhor notícia, acabou entendendo mal, ao ponto de alguns políticos, inclusive deputados paraquedistas, cuidarem de assumir a paternidade da criança, quando na realidade tratava-se de repetição da velha fórmula, que nada mais é do que desperdiçar dinheiro público. Com a agravante de que, desta vez, na maior parte da área conflagrada, as chuvas vão continuar intensas, o que impedirá a realização das obras no tempo de sangria desatada que o presidente deseja e precisa. Mas ninguém iria querer desapontá-lo, recusando o presente, mesmo sabendo que a buraqueira vai reaparecer em curto espaço de tempo. E Lula tem pressa, pois a campanha eleitoral já está na rua e ele não quer dar a entender que está mandando executar o serviço em praticamente todo o território nacional só porque vai ser candidato à reeleição. Todo o mundo está convencido de que ele ainda não decidiu ser candidato, e até torce para que venha a ser, pois, se sem ser ele é capaz de tanta generosidade, imagine se vier a entrar na disputa, aí então é que será aquela maravilha. De forma que aquele discurso de Lula anunciando asfalto e criticando os governadores que desviaram para outra finalidade os recursos federais enviados especificamente para o conserto das estradas, não foi assim tão de improviso. Ele falou de caso pensado. O palanque foi adrede armado para isso, embora muita gente tenha considerado que o presidente exagerou ao incluir na visita inauguração de farmácia sem medicamentos e de restaurante popular sem comida. É verdade que entregou quatro ambulâncias para o programa denominado de SAMU e que já haviam sido trazidas pelo ministro da saúde, Saraiva Felipe. Bastaria limitar sua fala às estradas e à definição da instalação na cidade da usina de produção de biodiesel, o que não é pouca coisa. O ministro é que acabou sendo o grande beneficiado pela vinda do presidente, em termos eleitorais, aproveitando bem sua meteórica passagem pelo ministério, pois consta que já estaria limpando as gavetas para entrar na campanha para sua própria reeleição. O que não se pode negar é que a vinda de Lula à cidade foi benéfica e vai marcar época, noves fora os contratempos protocolares e de excesso de segurança, o que é mais do que natural nos dias que vivemos, e a decepção dos eternos aproveitadores, que aí estão tentando demonstrar, sem acanhamento,que fizerem e aconteceram e que, por isso, merecem ter seus mandatos renovados. O povo sabe, o povo decidirá.
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