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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: A PALAVRA NO SILENCIO<br><br>Oswaldo Antunes<br><br>É de Jacques Maritain a afirmação surpreendente: o amor possui uma só palavra e, dizendo-a sempre, nunca a repete. Pode-se imaginar não ser essa palavra, a comum expressão gramatical e sim a manifestação intuitiva do silencio que fecunda. A comunicação pelos sons, que nasceu com no tempo e a evolução silenciosa, fez-se necessária, mas não necessariamente indispensável. Por ser arranjo verbal, costuma deturpar a essência do pensamento e seu efeito simbólico pode ser esquecido ou deletado. Só a comunicação feita dentro do silencio com a fonte da criação se preserva além dos limites do tempo. Em parte dependemos da emissão dos sons para transmitir imagens mentais e nos alegramos ou entristecemos com seus efeitos. Mas quem vive e trabalha na formulação das palavras, sabe que elas nem sempre são a essência dos sentimentos. Cecília Meireles se referia ao temor humano pela incapacidade de mostrar que nos acabamos todos os dias na tristeza, na dúvida, até no amor; assim como nos renovamos nos sentimentos. Para ser outro, somos sempre o mesmo e morremos por idades imensas, até perder o medo de morrer. As verdades imutáveis, as que independem de vocábulos, causam medo. Embora o ser humano se aproxime pela voz, é no silencio que se doa e é sempre verdadeiro. Na passagem em que Pilatos perguntou a Cristo o que é a Verdade, Ele permaneceu calado mostrando a inutilidade do que poderia ser dito. Assim também, na criação do mundo, o principio se confundiu com o nada, só o espírito pairou sobre as águas onde o verbo silencioso criou. Imaginemos então que assim tudo pode ter sido feito e assim poderá vir a ser com tudo e cada. E veremos que vale a intuição do que existe e não pode ser dito na mudez das coisas. Na predição silenciosa em que as flores se perpetuam e não se repetem. No movimento das águas, rios que sobem e nuvens que descem para os rios. Na mudez das pedras que permanecem enquanto as palavras passam. Muitas vezes nos vexamos por conversar quando estamos sós. Quando ouvimos o inaudível e dialogamos com o inconsciente. E nos incomodamos porque uma palavra inexata deu a essa manifestação do silencio um significado patológico. Mas foi dialogando assim consigo mesmo, intuitivamente, que Albert Einstein descobriu as leis elementares que mudaram o mundo. Para chegar ao imensurável a palavra não é necessária.

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