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Mensagem: Tema para Reivaldo CanelaWaldyr Senna BatistaRubens França de Sá, cidadão prestimoso, está estabelecido na avenida Sanitária com pequena indústria de serralheria. Ali ele ganha o sustento de sua família, mas também dedica boa parte do tempo a atender os amigos em trabalhos comunitários e de natureza pessoal. Sente prazer em ser prestativo, o que faz dele uma das pessoas mais ativas do Rotary Clube. <br>Um dia, há sete anos, assaltou-o a idéia de arborizar o canal do rio Vieira, em frente ao seu estabelecimento. Adquiriu mudas de oitis, que multiplicou nos fundos de sua indústria. Plantou algumas, entregou outras a vizinhos, e logo o canal poluído do córrego adquiriu visual novo, no trecho que começa na ponte da avenida João XXIII e vai até a confluência da avenida Sidney Chaves, no ponto popularmente conhecido como conjunto das castanheiras (que curiosamente não tem castanheiras...).As mudas por ele plantadas prosperaram mais do que as que ele confiou aos vizinhos, porque ele as regou assiduamente com água da torneira. <br>Seu exemplo foi seguido por alguns habitantes das imediações, como Édson Soares e um seu vizinho, que fizeram a arborização a partir das “castanheiras” até o final da avenida Sidney Chaves usando mudas de árvores frutíferas ( manga, caju, acerola e outras ), molhadas com água de cisterna transportada em regadores. Elas estão uma beleza.<br>A prefeitura, na administração passada, ao que se informa compelida por decisão judicial, também fez o plantio de dezenas de árvores, a montante do riacho, até a antiga ponte da Vila Brasília. E, mais recentemente, a empresa Monvep, de consórcio de veículos, ao “adotar” o trecho da avenida, realizou plantio, daquele ponto, até a ponte em frente ao restaurante Lumas. Somando tudo, são quase quatrocentas árvores em franco desenvolvimento, a maior parte como resultado do trabalho de Rubens França de Sá, que se orgulha de haver inspirado essa obra de cunho comunitário. Um tema de que melhor cuidaria o nosso amigo Reivaldo Canela, ecologista por devoção. <br>Pois, na semana passada, quando se dirigia a sua oficina, Rubens foi tomado de estupefação, ao deparar-se com operários da prefeitura roçando o mato que vem tomando conta dos aterros (“gabiões”) da avenida Sanitária e, ao mesmo tempo, foice em punho, decepando árvores. Não se conteve: aos gritos, protestou, ordenou que cessassem a destruição e, como não foi obedecido, quis saber de quem partira a ordem absurda. Os assustados operários citaram o nome de Carmino Silveira, chefe da divisão de parques e jardins da prefeitura, esclarecendo mais que a derrubada se estenderia a todo o canal, até as proximidades do distrito industrial. Nesse percurso, e em outros pontos da cidade, serão plantadas palmeiras, disseram eles. Àquela altura, já haviam sido ceifadas umas trinta árvores.<br>O barulhento e obstinado Rubens, ali mesmo, disparou telefonemas para o prefeito Athos Avelino, para o secretário Paulo Ribeiro ( meio ambiente ) e para o chefe de divisão autor da ordem destruidora, mas não conseguiu falar com nenhum deles. Apelou então para o Ministério Público, onde estava o promotor Daniel Batista Mendes, que conseguiu sustar o corte até que o alto comando da administração retorne à cidade. Mas, mesmo assim,o indignado Rubens continuou agindo: falou em reunião de alguns clubes rotários, apelou a órgãos da imprensa e se diz disposto a tudo para preservar as árvores. Contesta o argumento de que elas teriam de ser substituídas para preservar o canal cimentado do rio, pois ele está cinco ou seis metros abaixo das raízes.<br>O episódio é ilustrativo (no pior sentido) do que constantemente ocorre quando da mudança de administração, nos três níveis: quem assume imagina que a história só começa a partir de sua chegada. Alguns precisam se afirmar e mostrar serviço, o que os leva a cometer absurdos como esse crime ecológico de que estamos falando. Nada recomenda a substituição de oitis e frutíferas por palmeiras, até porque estas podem não vingar, enquanto as outras têm até sete anos de idade. E quem garante que, com as alternâncias futuras, não surgirá outro administrador munido de motosserra deitando abaixo as palmeiras?<br>O exemplo de Rubens França de Sá, em vez de desmerecido, precisa ser apoiado e recomendado. Principalmente no momento em que se festeja a criação do parque da Lapa grande, que visa, exatamente, a preservação da natureza. Uma contradição.
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