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montesclaros.com - Ano 25 - sexta-feira, 27 de setembro de 2024
 

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Mensagem: Território Cinzento

Waldyr Senna Batista

Este final de janeiro assinala o fim das retrospectivas que alguns veículos de comunicação ainda insistem em publicar e, também, encerra o ciclo de reuniões promovidas por órgãos públicos a título de prestação de contas que setores da imprensa apreciam e denominam de confraternização. A da prefeitura foi realizada na quarta-feira, 26.
Essas reuniões constituem peculiaridade local, havendo quem considere positivo que aconteçam, por ver nelas a preocupação dos dirigentes das entidades em mostrar que cumpriram a obrigação deles. Ainda não se realizou nenhuma dessas reuniões para exibir balanço negativo, depreendendo-se que as coisas por aqui desenvolvem-se às mil maravilhas.
Dnocs, Codevasf e Unimontes cumpriram o ritual, com farto material de divulgação, inclusive brindes, e minuciosa referência a planos, para os quais a imprensa oferece generosos espaços. Nesse material nem sempre prevalece a preocupação de se evitar o culto da personalidade, quando deveria limitar-se ao que representa interesse público.
Esse cuidado é recomendável, no caso específico das três entidades citadas, que têm dirigentes envolvidos em processo eleitoral. No Dnocs e na Codevasf, os atuais chefes são citados como pretensos candidatos nas próximas eleições. Eles são os primeiros políticos designados para as funções que exercem, anteriormente ocupadas por técnicos pertencentes aos quadros das organizações ou recrutados em repartições similares do governo.
O que não chega a surpreender, pois, ao assumir o poder, o PT cuidou de aparelhar os órgãos públicos. Aqui, um desses políticos, petista, exercia cargo eletivo em cidade da região, do qual se afastou, e o outro foi designado por influência de um deputado do PMDB, a quem poderá vir a suceder na chapa no caso de se confirmar a desistência do padrinho.
Na Unimontes, seu dirigente máximo cumpre o último ano do mandato, com direito a reeleição, devendo passar por processo de formação de lista tríplice mediante pleito direto nos quadros da entidade e designação por ato do governador do Estado. Tem tudo para figurar entre os três e chances ainda maiores de ser reconduzido, já que, pelo menos aparentemente, conseguiu neutralizar a raivosa oposição que encontrou ao assumir e está respaldado por deputados governistas.
Como nenhuma das três entidades disputa mercado, pois têm atividades definidas e recursos orçamentários garantidos, não haveria motivo para transformar as reuniões em publicidade ostensiva. Até porque a demanda pelos serviços que elas prestam é muito maior do que a oferta, ao ponto de, no caso da universidade, haver provas de seleção para o preenchimento de vagas. A Unimontes não necessita de publicar anúncios, bastando-lhe a divulgação institucional que os veículos de comunicação sempre lhe garantiram. Ela conta com uma espécie de usina para produção de releases, que funciona a todo o vapor, com textos em que a figura do reitor é sempre evidenciada.
O Dnocs e a Codevasf têm de ser vistos também sob esse prisma. Ambos, recentemente, estiveram ocupando capa e páginas em revista editada na cidade. As reportagens tiveram o escopo de divulgar as obras que os órgãos realizaram na região, publicidade essa que, ao que parece, foi custeada indiretamente por fornecedores e prefeituras. O que complica a avaliação do procedimento é que esse tipo de divulgação nunca havia sido feito por aqui, tornando-se difícil dissociá-la do posicionamento político e eleitoral dos atuais dirigentes.
Em face da grave crise que o país atravessa, em que o governo sofre intenso bombardeio da imprensa e da oposição, essas coisas devem ser conduzidas com cautela, ainda que os abalos provocados pelo tsuname que se registra em Brasília não tenham sido sentidos por estas bandas.
O certo é que essa proximidade da imprensa com o poder geralmente produz zonas cinzentas suscetíveis de interpretações incômodas, pelo que deve ser sempre cercada de maiores cuidados.
(Nota da Redação: o jornalista Waldyr Senna é o decano - ´( ´o mais antigo ou mais velho dos membros de uma classe, instituição ou corporação; deão´) - dos repórteres politicos de Montes Claros, e o mais respeitado entre todos.
Milita no jornalismo desde o final dos anos 50 e foi durante décadas o autor da célebre coluna ´Fatos & Personagens´ do ´O Jornal de Montes Claros´.
É reverenciado por consagrados jornalistas que, entre outros méritos, reconhecem-lhe independência de análise, apurado ´faro´ de repórter e alta e exata capacidade de síntese. É, ao lado do jornalista Oswaldo Antunes, o totem do jornalismo montesclarense).

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