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Mensagem: Na garupa de JKWaldyr Senna BatistaQuando candidatos, os três últimos presidentes da República tentaram pegar a garupa de Juscelino Kubitscheck, citando-o em seus programas eleitorais. Neste ano, sob influência da minissérie televisiva, esse expediente vai ganhar espaços ainda maiores.Os tempos são outros e outras as injunções. JK privilegiou investimentos que dinamizaram a economia, num estilo que, em alguns casos, se aproximavam da irresponsabilidade. Hoje, no mundo globalizado em que a simples digitação de uma tecla pode gerar o caos, esse estilo não teria mais lugar. Mas vale a referência a Brasília, uma loucura que dinamizou os setores produtivos e ampliou fronteiras, atraindo levas de trabalhadores para os canteiros de obras. E a indústria automobilística, que elevou o Brasil a novo patamar e até hoje gera empregos, numa escala que começa nas montadoras e se estende ao flanelinha que lava carros na rua. Sem esquecer hidrelétricas e rodovias, que o país não conhecia.Depois dele vieram os militares, que implantaram obras importantes, mas lastreadas no endividamento externo, que na atualidade exige cruel sacrifício da sociedade para o pagamento de juros.Sarney não foi eleito, mas presidiu o país seguindo o modelo que sempre manteve na administração do Maranhão, não por coincidência o Estado mais atrasado da federação. Aferrou-se à lei de reserva de mercado, que tolheu as importações de equipamentos de informática, ao que o país deve pelo menos vinte anos de atraso nesse setor.Collor, cuja citação não é bem recebida, identificou o gargalo e abriu o país para a importação de computadores. Provocou, também, a modernização das nossas “carroças”, como ele denominou os automóveis aqui fabricados.Fernando Henrique tem a seu favor a eliminação da inflação, a que deu início ainda quando ministro do governo de transição de Itamar. Mas ele se perdeu com sua política de privatizações, anunciada como destinada a reduzir o volume da dívida, o que não aconteceu, e ainda deixou rastros de suspeitas quanto à execução do programa.Lula assumiu galopando a esperança de mudanças, que ainda não vieram. Apenas deu continuidade à política econômica de seu antecessor, com rigoroso controle da inflação e imposição de tributação que já supera os 40% do PIB. O país transformou-se no paraíso dos banqueiros, segundo a definição de quem deve entender de paraíso: os bispos da CNBB, os grandes responsáveis pela criação do mito.O presidente da entidade, dom Geraldo Magela Agnelo, não usou de rodeios para golpear o principal programa social do governo: “O bolsa-família é assistencialismo, não é promoção humana. Em alguns casos, o programa estimula as pessoas a não fazerem nada em troca de R$ 60, R$ 90 por mês. O que nós ( a CNBB) queremos é trabalho e educação para todos.”Está aí a grande diferença entre Juscelino e os que tentam se promover usando a imagem dele em vésperas de eleição: ele promoveu o crescimento econômico via investimentos, enquanto os outros estimulam o não-trabalho. Eles são incapazes de admitir que não há condições de crescimento nas condições atuais, em que todas as riquezas produzidas pelo país são incineradas no pagamento da rolagem da dívida que, só de juros, neste ano, exigirá desembolso de R$ 173 bilhões. Seguindo-se o pagamento de aposentados e pensionistas do INSS ( R$ 155 bilhões), transferências para estados e municípios ( R$ 112 bilhões) e folha de servidores civis e militares ( R$ 101 bilhões). Apesar das arrecadações recordes, sobram para investimentos irrisórios R$ 60 bilhões, que correspondem a 3,5% do orçamento.Essa situação caótica não é culpa do atual governo, que apenas está dando sua contribuição, certamente com a melhor das intenções. Ela é fruto da irresponsabilidade, da incompetência e da desonestidade que vêm de longe, e não será superada apenas pela força de discursos mal alinhavados.A propósito, o presidente da CNBB completa: “Este governo gosta de fazer comparações com outros administradores. Mas não existe na história um governo tão submisso às condições impostas pelos credores do que este governo.”
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