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montesclaros.com - Ano 25 - segunda-feira, 25 de novembro de 2024
 

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Mensagem: O CONFUSÓRIO

Oswaldo Antunes

Entre frases que demonstram a dificuldade de a gente escrever o que pensa, e
coletadas em provas vestibulares no Rio, vale reproduzir algumas como ponto
de partida para o comentário: ´o Brasil é um País abastardo com um futuro
promissório parece que confusório e preocupatório também´; e, ´ precisamos
tirar as fendas dos olhos para enxergar com clareza o número de famigerados
que aumenta´. As frases parecem mais absurdas do que realmente são, na
medida em que, além dos erros lingüísticos, denunciam uma incerteza que está
levando ao desentendimento quase generalizado, já que atinge a todos nós.
Com o respeito devido, vamos compara-las com outras, aparentemente bem
construídas, recentemente, ditas pelo Cardeal Presidente da CNBB. Mas,
antes, vale lembrar o que diz o brocado jurídico: ninguém pode possuir a
parte incerta de uma coisa. E está muito incerta no Brasil essa coisa que se
chama realidade.
Ao afirmar que pouco dinheiro não resolve o problema dos excluídos, que
precisam de emprego, o eminente Cardeal faz uma afirmação que parece certa a
principio, mas se torna incorreta em face da realidade. É certo que a ajuda
da bolsa família não resolve o problema de emprego, assim como o vestibular
não resolve o problema do ensino. Mas na realidade esse pouco dinheiro ajuda
a minorar a fome de milhões de pessoas. Posteriormente, desmentindo as
expressões ´politicalha para garantir votos´ e ´governo mais submisso aos
banqueiros da história do País´, o Cardeal colocou duas sentenças que, com a
devida vênia, também merecem exame: ´-Reconheço que o Governo do Presidente
Luis Inácio Lula da Silva tem mostrado sensibilidade pelos mais pobres da
população, embora insistamos que a situação de desemprego estrutural no País
requer medidas também estruturais como condição para a sua estabilidade´;
É acaciano que a correção do estrutural requer medidas estruturais, mesmo
quando há incerteza no conhecimento dessas estruturas. Mas pedir que medidas
venham estabilizar a situação de desemprego, na melhor das hipóteses é erro
de expressão. Além do que, do Governo, a grande estrutura, fazem parte os
três poderes, os meios de informação e a sociedade. A critica não deveria,
assim, ser dirigida, nominalmente ao Presidente da Republica. É erro de
entendimento.
Outra frase: ´-Auguramos que o Bolsa Família, além de responder ao direito à
alimentação, como direito fundamental à vida, consiga solidificar as
mudanças qualitativas que favoreçam a uma real inclusão´.
A bolsa família foi criada como tentativa de compensar a falta de
distribuição de renda e diminuir a fome de milhões de brasileiros sem
trabalho. E, evidentemente, não pode solidificar mudanças, nem de imediato,
como num passe de mágica, nem a médio prazo, porque as grandes mudanças
qualitativas, que devem vir para favorecer uma inclusão, serão fruto do
desenvolvimento. E fome não é fator de desenvolvimento.
Como se vê, os erros e acertos se interpelam. E os de baixo, que não têm
dono, respondem aos de cima. Sem dúvida, tudo muito confusório e
preocupatório, como diria Dadá Maravilha.

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