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Mensagem: DE SEMANA SANTA , CARNAVAL, GENTE E DONA FINA <br><br><br>Hoje em dia - e desde muito tempo - as cidades mineiras ficam vazias na Semana Santa. <br><br>Com algumas exceções - Diamantina, Ouro Preto, Mariana, São João Del Rei, dentre <br>outras - que cultuam santa e religiosamente as tradições e sabem da contribuição e importância deste sazonal turismo para a ativação do comércio e mercado hoteleiro/gastronômico da cidade. E, lógico, também espiritual, para os que crêem mais do que os outros, além de ser um motivo para os conterrâneos ausentes naturalmente se encontrarem..<br><br>Na Europa, principalmente na Espanha, a época se traduz em disputados e caros pacotes turísticos internacionais, onde visitantes do mundo inteiro aportam às suas tradicionais cidades , apenas para verem procissões e assistirem solenes missas ao som de belíssimas músicas sacras e cantos gregorianos, de fundo. <br><br>Em Montes Claros, era assim e melhor ainda, posto que era de graça.<br><br>A Praça da Matriz cheia da gente da cidade e de todas as cidades circunvizinhas, o discurso de Padre Dudu no Descendimento da Cruz, a procissão do Enterro ou Senhor Morto, o belíssimo canto pela voz da Maria Beú, a Verônica, a cerimônia de Lava-pés, onde o Bispo beijava os pés de doze escolhidos seminaristas, que tanto podiam ser do Seminário de Padre Pedro ou do de Padre Joaquim e vinham a pé, descendo a rua Doutor Veloso cantando - como bem explicou no Mural, outro dia, o nonagésimo oitaviano Saulo - em vozes afinadas, belíssimas, de quase crianças, com suas sotainas, de querubins, de serafins, especialmente a Ladainha de Nossa Senhora, em puro e legítimo latim, afinadíssimo : ´Sancta Maria, ora pro nobis. Sancta Dei Genitrix, ora pro nobis”.<br><br>Claro que,no sábado de Aleluia, a meninada alvoroçada e desatinada – leia-se Turma do Larguinho - empalhava e vestia de roupas velhas um maligno Judas, arrastando-o pelas ruas durante horas, até enforcá-lo ou queimá-lo em praça pública, sob aplausos de todos os passantes. Mil e setecentos anos depois, estão descobrindo que o Judas não foi tão maligno assim... E agora , garotos ? Por via das dúvidas, nada de malhá-lo este ano ! <br><br>Porém, triste realidade dos dias de hoje, chega a Semana Santa, o povo some. Os mais entusiasmados (e abonados) viajam centenas de quilômetros em estradas esburacadas e perigosas para tomar um rápido e quente sol nas costas e uma cara cerveja gelada, em praias repletas. De mineiros e axé-music. De baianos não, por que sábia e preguiçosamente ficam dormindo nos feriados, para dar mais espaço aos visitantes que gastam.<br><br>No Carnaval é a mesma coisa. Se v. quiser ouvir som de asas de mosquito batendo é só parar no meio da rua Quinze, ou em qualquer rua do Centro, nos dias dedicados a Momo. Vai escutar até o que não se quer. <br><br>Depois, passada a folia, onde as velhas cidades e as praias faturam alto ( do bolso do montes-clarense), ficam,empresários tupiniquins - e afins - caçando confusão e arrumando carnavais fora de época , à guisa de correr atrás do prejuízo, para não fazer mais do que tentar conseguir atazanar os ouvidos e a paciência do povo. Por um mísero punhado de dólares...<br><br>Sem nos esquecermos que colocam em risco a segurança da cidade, pois em sendo – na região - um evento único e anunciado, atrai , no vácuo e sombra das pessoas boas e bem intencionadas, uma multidão de espertos malandros, que nem o próprio batalhão de polícia – inteirinho - consegue dar jeito. <br><br>Pode parecer uma crônica irada , contra o direito de cada um fazer o que quer ou a se querer ganhar dinheiro, coisa nada fácil na atualidade que vive hoje o país. <br><br>Mas é apenas um breve chamado para refletir sobre o quanto se precisa dar mais valor à rica cultura e tradições deste nosso querido norte. Catrumanos que somos. <br><br>E – em se falando de gente fina que dá o devido valor à nossa cultura e tradição - para dizer à Dona Fina, Virgílio e Virgínia , da felicidade que senti, de longe, ao saber da recente e maravilhosa apresentação (um amigo que viu e ouviu e me contou) do Grupo de Serestas João Chaves num bar da parte antiga e nobre da cidade, aquela que até hoje continua intacta em nosso coração.<br><br>Gostaria de ter estado lá. <br><br><br>Abraços a todos.<br><br><br>Flavio Pinto<br><br>
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