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Mensagem: FRIO, PAIXÃO E BACALHAU O frio que anda fazendo aqui em Belo Horizonte não está de brincadeira e faz-nos, dentre outras coisas, buscar alento em névoas e brisas presas no fundo de um baú das saudades perdidas e flutuantes. Parece até enredo de filme B, anos quarenta. Como sempre, dirão – acertadamente - os caros leitores.No alto do Anchieta, onde me escondo, congela-se até corações. Que o diga cá, este pobre meu, já meio paralisado pela visão que tive , outro dia, de uma linda participante daquelas auroras da vida , dos tempos que – infelizmente - não voltam mais, como disse o poeta.Ela passou, andando na calçada do lado de lá, os cabelos longos, soltos e revoltos, o vento frio a fazendo encolher-se e colocar as mãos nos bolsos do casaco. Cinematograficamente. Sorte minha que não me viu. A beleza e o enlevo da hora me tornaram apenas um velho tolo e mudo, sem palavras até para cumprimentos formais.Continuei minha caminhada, em direção ao Mercado Distrital, de olho num futuro esquentamento – qualquer - para fazer frente à súbita friagem e emoção que quase liquidaram meu alquebrado coração. Se é, doce devaneio, que tal providência material poderia curar males ocultos por loucas e desenfreadas paixões !Pensando juntar uma costela de vaca com um bocado de aipo, cebola e tomate, e adicionar - no capricho – meu reservado tempero de Montes Claros, comprado da mesma pessoa há anos no Mercado Municipal (desculpem, mas esqueci o nome dela, da vendedora de temperos.Mas não tem problema. Aí estarei, se Deus quiser, em maio e procurarei sanar esta falta), ali na meiúca, entre os vendedores de andu e os açougues, encontrei-me com a famosa cozinheira portuguesa Terezinha Xavier, minha amiga de muitos anos e proprietária da Taberna Balthazar, ali na Serra. Caraça, esquina de Oriente. Por muitos anos, desde quando era apenas um meio boteco meio mercearia na Estevão Pinto, deliciei-me – junto com a querida turma imortal - com seus maravilhosos petiscos d’além mar, feitos com o maior carinho, que já lhe anteviam um grande sucesso no ramo da gastronomia, tarefa bem difícil de se levar nos magros tempos atuais. Ao lado, sempre e eternamente, meu grande amigo Aurélio. Aí, voltando ao Distrital, não sem antes me ensinar a melhor forma de fazer o caldo de costela, Terezinha me convidou para provar um novo lançamento da casa : bacalhau na abóbora, com queijo Minas, servido bem quente, saindo fumaça, acompanhado de um bom vinho patrício como se convêm nestas geladas e apaixonadas noites mineiras.Logo fui lá, no tal e benedicto bacalhau e... ...Mais as taças várias de um encorpado Periquita, esqueci-me, por indescritíveis momentos, dos ventos frios cortantes e suas misteriosas mulheres assassinas de incautos e frágeis corações, adentrando-me ao paraíso do bem comer e beber, antes terreno imaculado e indevassável de poucos imortais, hoje ao alcance de uma centena de assíduos e novos fregueses , felizes mortais, ora pois. Abraços a todosFlavio Pinto
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